Numa guerra ordenada por D’us, há uma mitsvá que se aplica a cada soldado individualmente: Não temer a força do inimigo ou sua superioridade numérica. "Vocês são superiores aos inimigos em boas ações e também são descendentes dos patriarcas, aos quais prometi a multiplicar sua semente", diz D’us.

"Assim como os tirei do Egito com milagres, posso realizar milagres sempre que necessário."

Após a travessia do Mar Vermelho, Benê Yisrael cantou: "Sus verochvo rama bayam"; "O cavalo e cavaleiro, Ele lançou no mar." O Faraó perseguiu os judeus com um grande exército, mas aos olhos de D’us eles eram somente como um cavalo. Mesmo se o inimigo é maior e mais forte, um judeu deve confiar em D’us que declara: "Diante de mim, o mais poderoso inimigo não é nada."

D’us não quer que contemos apenas com milagres, daí a necessidade de organizar um exército. Porém, o soldado judeu não deve tampouco confiar no poderio bélico. Recitamos diariamente nas orações matutinas (no trecho de Haleluca): "Ló bigvurat hassus yechpats"; "D’us não quer aquele que confia na força do cavalo, nem na velocidade das pernas humanas." D’us deseja aquele que O teme, que anseia pela Sua bondade" (Tehilim 147;10).

Quem é Desqualificado para Lutar nas Guerras

Antes de cada batalha, um cohen especial era nomeado. Em sua fronte era despejado o óleo especial usado para os cohanim guedolim (sumos-sacerdotes) e reis, e ele era denominado o cohen mashuach milchamá (o cohen nomeado para a guerra). Seu trabalho era o de encorajar os soldados judeus e lembrá-los de que D’us estava com eles e lhes ensinar as mitsvot referentes às guerras.

Ele começava seu discurso com as palavras "Shemá Yisrael", como um sinal de que: "Vocês merecem a ajuda Divina mesmo se o seu único mérito é o de falar ‘Shemá Yisrael’ toda manhã e noite!" Ele continuava: "Não temam. D’us está com vocês."

Depois de encorajar os soldados, o cohen mashuach milchama anunciava que determinados grupos de pessoas eram proibidas de lutar.

Estas eram as palavras do cohen:



  1. Há alguém entre vocês que tenha construído uma nova casa e ainda não se mudou para lá? Neste caso, não deve ir à batalha. Deixem o exército e inaugurem a nova casa!
  2. Há alguém aqui que tenha plantado um vinhedo e ainda não comeu dos seus frutos? Retorne para casa.
  3. Alguém está comprometido com uma mulher e ainda não a desposou? Vá para casa e case-se!
    Além do cohen mashuach milchama, havia também os oficiais em cargo. Os oficiais repetiam as palavras do cohen e acrescentavam:
  4. Se alguém de vocês fica aterrorizado ao ver lanças serem jogadas, deve voltar para casa!

Nossos sábios explicam que isso também significa: Se alguém está com medo dos pecados por ele cometidos, que vá para casa!

Se alguém pecou, D’us não o ajudaria na guerra. Seria melhor ele não lutar.

Qual era a razão de mandar para casa todo aquele que pertencia aos primeiros três grupos citados acima?

Imagine um soldado que é chamado para a guerra exatamente antes do seu casamento. Seu coração está repleto de preocupação.Ele pode nunca voltar. Outra pessoa pode desposar sua noiva! Ele provavelmente não conseguirá se concentrar em lutar bravamente. Não só não terá coragem, mas também servirá de mau exemplo para outros soldados. Por isso, o exército estará melhor sem ele. O mesmo se dá com alguém que não teve chance de morar em sua nova casa ou usufruir das frutas do seu vinhedo. Há também uma outra explicação: a Torá somente pretendia mandar para casa aquele que tivesse medo de batalha ou aquele que tivesse pecado. Porém seria muito embaraçoso para esta pessoa ir embora! Todos saberiam que ele era ou um covarde ou um pecador! Por isso, para protegê-los da vergonha, a Torá ordena também os outros três grupos de pessoas que deveriam retornar. Desta forma, quando todos estes grupos deixavam o exército para ir para casa, os outros não saberiam exatamente quem era desprovido de coragem ou pecador.

Estas leis nos mostram o quão cuidadosos devemos ser para não embaraçar um outro judeu, principalmente em público.