Moshê explicou: "O Grande San’hedrin em Yerushaláyim tem a palavra final em todas as questões. O que a maioria dos juízes decide, vira lei. Mesmo se você achar que estão errados na sua decisão, você deve aceitar isto.

"Por exemplo, você leva perante os juízes um pedaço de carne que acha que não é casher. Mas eles decidem: ‘A carne é casher!’ Não diga: ‘Como poderei comer esta carne? Estou convencido de que ela não é casher!’"

A Torá adverte veementemente que as decisões do San’hedrin devem ser obedecidas; pois D’us concedeu aos sábios o poder de interpretar as leis da Torá na vida cotidiana. Se houvesse um colapso no respeito à interpretação dos sábios, a derrocada da nação não tardaria. Tal colapso levaria à anarquia, e a Torá se fragmentaria em diversas Torot.

Você pode perguntar: "Será que é impossível os juízes terem cometido um engano?!
Afinal, eles só são seres humanos." Mesmo que você possa estar certo, a Torá ordena que obedeçamos sempre o San’hedrin. Mesmo que pareça que lhe dizem que a direita é esquerda e a esquerda é direita. E certamente você deve obedecê-los quando é evidente que sua decisão está correta.

Até D’us concorda em aceitar suas decisões haláchicas (referentes às leis). Leia mais sobre isto na próxima história.

Uma história:

Rabi Eliêzer Discute com o San’hedrin

Rabi Eliêzer ben Horkenos era um talmid chacham (sábio) excepcional. Seus professores o chamavam de "uma cisterna que não perde nem uma gota". Recordava tudo o que aprendia.

Certa vez, uma discussão irrompeu entre os sábios sobre um forno. "Este forno é tamê, impuro", os sábios decidiram.

"Não, é puro" - argumentou Rabi Eliêzer. Ele trouxe provas para sua opinião, porém os outros ainda discordavam.

"Deixem-me mostrar para vocês que mesmo D’us concorda comigo!" Disse Rabi Eliêzer.
"Estão vendo esta alfarrobeira no pátio? Se estou com a razão, que D’us faça esta árvore mover-se 100 amot (48 metros) adiante!"

Rabi Eliêzer escolheu propositadamente a alfarrobeira, para dar um indício aos sábios.
Assim como a alfarrobeira produz frutos somente uma vez a cada setenta anos, assim as palavras de Torá dos sábios - seus frutos - não eram nem produtivos nem verdadeiros.
Assim que Rabi Eliêzer ordenou, a árvore moveu-se por 100 amot. "Agora vêem como estou certo?" Perguntou.

"Isto não prova que você está certo!" Responderam os sábios. "Já que você é um grande tsadic, D’us está fazendo milagres para você!"

"Não é verdade," insistiu Rabi Eliêzer. "D’us fez isso para provar queestou certo. Repito: o forno está puro! Se não acreditam em mim, que o riacho do outro lado corra para trás!"
Rabi Eliêzer indicou aos outros que a Torá deles (que é comparada à água) estava indo para a direção errada. O riacho realmente retrocedeu no seu curso. Isto era um verdadeiro milagre. Porém, os sábios recusaram-se a ceder ao Rabi Eliêzer.

"Que as paredes do Bet Hamidrash (casa de estudos) caiam!" gritou Rabi Eliêzer. Ele estava indicando a eles que o Bet Hamidrash não merecia continuar de pé por causa da sua decisão errada.

Quando as paredes começaram a desabar para dentro, Rabi Yehoshua disse a elas:
"Como vocês, paredes, ousam se intrometer em uma discussão entre os sábios?
Reendireitem-se imediatamente!"

As paredes tinham um problema. Não podiam cair em respeito a Rabi Yehoshua; e não podiam endireitar-se em respeito a Rabi Eliêzer. Por isso mantiveram-se inclinadas.

Quando Rabi Eliêzer viu que os milagres não convenceram os sábios, ele clamou: "Que o próprio D’us prove que estou certo!"

Imediatamente, uma voz celestial ressoou no Bet Hamidrash: "Rabi Eliêzer está certo!"
Rabi Yehoshua veio e retrucou: "D’us! Não foi você quem ordenou na sua Torá que nós sempre temos que seguir a opinião da maioria do San’hedrin? Não vamos ouvir a voz Celestial. Você com certeza só fez isso para testar-nos!"

A halachá (lei) permaneceu de acordo com a maioria do San’hedrin. Toda a comida assada nos fornos que Rabi Eliêzer declarou serem "puros" foram queimadas para se ter certeza de que ninguém seguisse a sua opinião.

Hoje em dia não temos San’hedrin.

Como a mitsvá de obedecer o San’hedrin pode ser aplicada a nós?

Devemos ouvir os conselhos dos grandes líderes espirituais da nossa geração. Mesmo se eles não equiparam-se em sabedoria aos juízes de antigamente, deve-se obedecê-los, pois tudo o que temos é "o juiz de nossa própria época." D’us não deixa seu povo sujeito à anarquia; Ele providencia-lhe líderes compatíveis com as necessidades de sua época e local.

Zaken Mamrê - O Sábio que Desobedece o San’hedrin

Se um judeu desobedece uma regra do Grande San’hedrin ou dos líderes espirituais de sua geração, está transgredindo um mandamento da Torá. Caso um sábio competente, na época do Bet Hamicdash, tenha instruído outras pessoas a agir contrariamente às regras do Grande San’hedrin, ou ele mesmo agiu desta maneira, poderia até ser condenado à morte.

Por que ele era punido tão rigorosamente?

Com isso, a Torá quer nos demonstrar a importância fundamental de obedecer a Palavra de D’us formulada pelo San’hedrin.

Inevitavelmente, haverá diferenças de opinião sobre como interpretar a Lei Escrita, e aplicá-la à novas situações. Todavia, se todos os pontos de vista tivessem o mesmo status de idêntica legitimidade, as disputas multiplicar-se-iam, resultando em diversas versões da Torá, cada qual competindo com as outras. Por este motivo, a Torá investiu o San’hedrin de plena autoridade para resolver todas as disputas e cujas decisões seriam acatadas até mesmo por eminentes estudiosos. Porquanto um judeu deve acreditar que D’us guia e orienta as decisões de Seus servos devotos.

Instituir e promulgar a autoridade dos sábios é tão importante que a Torá impôs a pena capital para qualquer juiz – mesmo para um juiz notável – que legisle contra as decisões majoritárias do Grande San’hedrin.