Após D'us ter explicado as bênçãos por cumprir a Torá, advertiu: "Nunca abandonem Minha Torá ou parem de cumprir Minhas mitsvot! Se o fizerem, Eu os punirei."

D'us pressagiou seis punições:


  • Ele mandará doenças.
  • Haverá escassez e fome em Israel.
  • Animais selvagens destruirão muitos judeus.
  • Os inimigos matarão muitos judeus.
  • D'us enviará uma peste.
  • O Templo Sagrado será destruído e o povo judeu exilado.

Enquanto acreditamos que o estudo da Torá e cumprimento das mitsvot trazem bênção sobre nosso povo, poderíamos concluir que negligenciá-los causa meramente a ausência de bênçãos Divinas. Esta é uma concepção errônea. A Torá mostra que quando a Torá se afasta, acarreta-nos o oposto de bênção.

Abaixo, detalharemos algumas das maldições:

Doenças

D'us prometeu que se o povo judeu for espiritualmente perfeito, Ele o protegerá de todas as doenças, como está escrito (Shemot 23:25): "E Ele abençoará teu pão e tua água, e Eu removerei todas as doenças de teu meio."

Apesar de atualmente termos de procurar o conselho de um médico, não obstante, devemos fazê-lo com a consciência de que são meros agentes do Todo Poderoso, e é Ele Que dita a saúde e a doença.

Quebrando o Orgulho do Poder do Povo Judeu

Esta maldição possui diversas implicações, dentre elas:

"Eu deitarei por terra o Templo Sagrado, que é o 'orgulho de seu poder'". (Yechezkel 24:21)

Apesar da realização desta maldição causar pesar e luto ao nosso povo, ela contém, não obstante uma bondade oculta.

Quando o salmista Assaf compôs o salmo referente à destruição do Templo Sagrado, iniciou com as palavras: "Um cântico para Assaf. Oh! D'us! As nações odiosas entraram em Tua herança. Impurificaram o Santuário da Tua santidade." (Tehilim 79:1).

Por que denominou sua composição de "cântico"? Parece que a introdução apropriada a esse salmo deveria ser "uma ode", "um lamento" ou "uma eulegia de Assaf".

A explicação pode ser compreendida através de uma parábola.

Um rei construiu uma elegante casa de veraneio para seu filho. Empregou equipes de trabalhadores para embelezá-la, pintores para pintar as paredes com padrões ornamentais, e criar belas paisagens e ambientes nos jardins.

Pouco tempo depois, o filho do rei começou a circular em má companhia, e sua conduta se deteriorou.

O rei ouviu relatos vergonhosos referentes a seu filho, despertando sua ira. Viajou até o retiro, entrou e quebrou todas as suas colunas e esteios. Virando-se aos escravos, ordenou que a moradia inteira fosse destruída.

O tutor do príncipe presenciou a cena de destruição. Curvou-se, apanhou um caniço de bambu do chão, e utilizando-o como uma flauta, começou a tocar uma melodia alegre.

Os presentes ficaram estupefados, pois sabiam o quanto o tutor amava o príncipe.

"Como pode tocar uma melodia alegre enquanto o rei está destruindo a casa de veraneio de seu filho?" - indagaram-lhe.

"Estou aliviado," esclareceu o tutor, "pois o rei descarregou sua ira sobre as paredes da casa, em vez de sobre o próprio príncipe. Se sua ira tivesse atingido o príncipe, teria decretado-lhe pena capital."

Similarmente, Assaf explicou a seus contemporâneos: "Estou contente, pois D'us extravasou Sua ira sobre madeira e pedras do Templo Sagrado, em vez de destruir o povo judeu."

A maldição da Torá acima mencionada, não obstante sua ominosa e sinistra mensagem, denota que o povo sobreviverá e poderá, por conseguinte, reconstruir seus santuários destruídos.

O Cerco Inimigo, Levando à Morte e Fome

A maldição da falta de alimentos realizou-se durante a destruição de ambos os Templos. Durante o cerco romano à Jerusalém, antes da destruição do Segundo Templo Sagrado, sucedeu-se o seguinte:

A cidade de Jerusalém orgulhava-se de três homens cuja fortuna era proverbial. O primeiro, Nacdimon ben Gurion, recebeu seu nome porque, certa vez, o Todo Poderoso fez com que o sol reaparecesse após ter se posto, por causa de sua oração (Nacdimon vem do radical nacad - brilho). O segundo, Ben Calba Savua, tem seu nome derivado de sua hospitalidade. Significa que qualquer pobre que entrava em sua casa faminto como um cachorro (Calba = kelev, cachorro) saía de lá satisfeito. O terceiro era Ben Tsitsit Hakesas. "Ben Tsitsit" significa que nunca andava fora de casa sem que um tapete fosse estendido à sua frente, para que os tsitsit (franjas) de sua veste nunca tocassem o chão. "Hakesas" alude ao fato de que sua cadeira (kissê) ficava estacionada junto a dos nobres romanos, sempre que estava no palácio do imperador, em Roma.

Esses três homens prometeram colocar suas fortunas à disposição da cidade sitiada; um suprindo-a com trigo e cevada, outro com líquidos, e o terceiro com lenha e madeira. Suas fortunas eram tão imensas que seus fornecimentos supriram a cidade pelos próximos vinte e um anos.

Entretanto, havia no meio do povo um grupo de militantes judeus que recusavam-se a seguir a política dos sábios de submeterem-se a Roma. Exigiam guerra, e por este motivo atearam fogo aos armazéns. Fome e escassez grassaram então em Jerusalém. A fome aumentou até que finalmente, até mesmo os mais ricos, não tinham sequer uma migalha de pão.

Ao andar pelas ruas, Rabi Yochanan ben Zacai percebeu pessoas que cozinhavam palha e bebiam esta sopa.

Durante a destruição do Primeiro Templo, as classes mais elevadas ainda possuíam algum alimento, apesar da carestia geral. Contudo, durante a destruição do Segundo Templo Sagrado, a nobreza judaica também expirava de fome.

No início do cerco de Jerusalém, os judeus ricos encheram cestas com ouro para os romanos que estavam fora das muralhas da cidade, em troca de alimentos. Os romanos trocavam cada cesta carregada de ouro por uma cheia de carne. Mais tarde, pegavam o ouro e devolviam uma cesta cheia de palha. Os judeus, famintos, cozinhavam a palha e bebiam o líquido.

Ao final, os romanos pegavam as cestas cheias de ouro e devolviam-nas vazias.

O Templo Sagrado e a Terra Ficarão Desolados

"E não aceitarei suas oferendas com satisfação." Eventualmente, o Serviço do Templo Sagrado cessará.

Antes da destruição do Primeiro Templo Sagrado, o serviço continuou, apesar dos inimigos terem entrado em Jerusalém. Quando já não havia mais cordeiros disponíveis para oferendas, subornavam os inimigos com cestas de ouro para contrabandear os animais necessários por sobre as muralhas. No dia 17 do mês judaico de Tamuz, não receberam mais animais, e o sacrifício diário chegou ao fim. Os outros serviços continuaram até o dia7 de Av.

Mais além, a Torá adverte que cidades antes bastante povoadas ficarão desoladas de transeuntes, e a Terra desolada de habitantes.

O versículo conclui com uma garantia reconfortante. O Todo-Poderoso não deseja que estranhos instalem-se permanentemente em Israel e dela usufruam. Por isso, Ele prometeu: "E ela ficará desolada de seus inimigos que nela vivem." Isto implica que nenhuma outra nação, a não ser o povo judeu, encontrará satisfação em habitar a Terra, e conseqüentemente, nenhuma ocupará a Terra permanentemente.

De fato, apesar de, no decorrer dos séculos, muitas nações terem tentado reconstruir a Terra de Israel, nenhuma obteve sucesso. Desde a destruição do Templo, a Terra não recebeu nenhuma nação estrangeira gentilmente; sinal de que aguarda o retorno de seus filhos, na era Messiânica.

O Exílio

"E espalharei vocês entre as nações" (26:33).

Se um povo de certa nacionalidade está exilado em outro país, geralmente instalam-se juntos. Contudo, no que tange aos judeus, o Todo-Poderoso proclamou: "Eu vos espalharei de maneira similar a alguém que joeira grãos de cevada. Ele sacode a batéia em todas as direções, para que nem mesmo dois caiam juntos. Do mesmo modo, ficarão separados uns dos outros."

Contudo, como em todas as maldições, esta também contém uma bondade oculta.

Se o Todo-Poderoso tivesse exilado nosso povo inteiro num único país, há muito teríamos sido eliminados. Uma vez que estamos dispersos através do globo, quando judeus num país são perseguidos, os de outras regiões sobrevivem.