D’us disse a Moshê: "Todos os anos, em dez de Tishrê, o Povo de Israel deve guardar Yom Kipur. Yom Kipur é o dia no qual Eu perdôo seus pecados."

Em Yom Kipur todo judeu deve jejuar o dia todo.

Após a destruição do Bet Hamicdash, o povo judeu perguntou a D’us: "Senhor do Universo! Não temos corbanot para oferecer em Yom Kipur. O que faremos?"

D’us respondeu: "Agora vocês devem fazer a avodá (serviço) com seus lábios. Rezem a Mim ao invés de oferecerem corbanot! Suas tefilot me são tão caras quanto o serviço do Bet Hamicdash . Eis a razão pela qual passamos todo o Yom Kipur rezando e fazendo teshuvá. Pronunciamos viduy (confissão de nossos pecados) em todas orações.

O dia de Yom Kipur tem o poder especial de apagar nossos pecados, mais do que qualquer outro dia do ano.

Rabi Akiva costumava dizer: "Quão afortunados são vocês, Israel! Perante Quem se purificam? Diante de seu Pai nos Céus! D’us é chamado de micvê. Da mesma forma que um micvê purifica a pessoa que é tamê, assim D’us purifica vocês de sua tum’á." Em outras palavras, ao fazermos nosssa parte para nos purificar – quando dizemos viduy e fazemos teshuvá em Yom Kipur – então D’us remove de nós a impureza.

Uma história - Não devemos adiar a teshuvá:

Na juventude, um judeu de nome Rêsh Lakish e dois de seus bons amigos eram salteadores de estrada. Costumavam render viajantes e roubá-los de seus bens.

Certa vez Rabi Yochanan encontrou o jovem Rêsh Lakish e ficou impressionado com ele. "Você deveria desistir de sua ocupação pecaminosa e devotar sua força e sua mente ao estudo de Torá," disse-lhe.

Rêsh Lakish ouviu Rabi Yochanan e disse aos amigos: "Começarei a estudar no Bet Hamicdash. Querem me acompanhar?" Mas seus amigos não se interessaram; preferiram permanecer assaltantes.

Quando Rêsh Lakish começou a estudar Torá, tornou-se cônscio da gravidade de seus erros. Jejuou, rezou, confessou seus pecados e prometeu a D’us que jamais retornaria a seus antigos dias de perversidade. D’us aceitou sua teshuvá e perdoou-o integralmente.

Rêsh Lakish tornou-se tão profundamente interessado no estudo de Torá que permanecia constantemente na Casa de Estudos. Tornou-se um famoso mestre de Torá, conhecido também por sua confiança em D’us. Nunca guardava dinheiro, ao contrário, costumava dividi-lo entre os pobres.

D’us fez com que Rêsh Lavish e seus dois amigos morressem no mesmo dia. Os dois companheiros puderam ver que Rêsh Lakish fora conduzido ao Gan Eden, enquanto os anjos carregavam suas almas até uma parte do Guehinom onde ladrões e assaltantes eram punidos.

"Senhor do mundo, isso não é justo!" gritaram ambos. "Conhecemos o judeu que foi levado ao Gan Eden – nós três costumávamos assaltar juntos! Merecemos tratamento igual!" D’us respondeu-lhes: "Rêsh Lakish fez teshuvá e vocês não!"

"Então faremos teshuvá agora," responderam os dois.

"Tarde demais," declarou D’us. "A pessoa pode fazer teshuvá apenas durante a vida. Depois que morre, é recompensado somente pelo que fez durante sua vida."

O homem é comparado a um viajante que empreende uma jornada pelo oceano. Os víveres que preparou quando estava em terra, terá ao seu dispor no navio. Aquele que nada prepara, morrerá de fome.

Esta história nos ensina que um judeu jamais deve adiar a teshuvá. Se souber que cometeu uma transgressão, deve tomar a resolução de jamais repeti-la. Entretanto, D’us selecionou um tempo especial para fazer teshuvá: Yom Kipur. Nesta época, D’us aceita teshuvá mais facilmente.

Porém há algumas transgressões não são perdoadas em Yom Kipur, mesmo que a pessoa faça teshuvá:

  • Ofensas cometidas com a certeza de que serão perdoadas em Yom Kipur – se alguém diz: "Cometerei pecados durante todo o ano, porque sei que D’us me perdoará assim que eu fizer teshuvá em Yom Kipur," essas transgressões não serão perdoadas.
  • Ofensas feitas ao próximo, a menos que lhe peça perdão – Se um judeu pecou contra D’us, por exemplo, se realizou trabalho proibido no Shabat, D’us o perdoa após fazer teshuvá. Mas se um judeu ofende o próximo judeu – por exemplo, insulta um amigo – sua teshuvá não é suficiente. Deve também procurar o amigo e pedir-lhe perdão.
Então, quando fizer teshuvá – a qualquer tempo, e particularmente antes de Yom Kipur – assegure-se de pedir perdão à cada pessoa que tenha ofendido.

O Midrash esclarece como nossos ilustres Sábios pediam perdão uns aos outros:

Rabi Yirmiy’áhu teve um desentendimento com Rabi Abba, e decidiu aplacá-lo. Quando chegou à casa de Rabi Abba, sentou-se no degrau da porta de entrada. Neste exato momento a empregada saiu. Estava carregando água suja e derramou um pouco sobre Rabi Yirmiy’áhu.

"Estou me transformando em lixo aqui," disse ele. "É melhor ir-me embora." Dito isso, começou a caminhar para casa.

Neste ínterim, Rabi Abba ouviu o que a empregada fizera e correu atrás de Rabi Yirmiy’áhu para desculpar-se com ele. Quando Rabi Yirmiy’áhuiu o viu, voltou-se para pedir desculpas. Mas Rabi Abba disse: "Nada disso, eu é que devo pedir perdão e não o contrário, porque você foi maltratado em minha casa."

Perdoaram-se mutuamente e tornaram-se amigos outra vez.