- Um juiz está proibido de escutar os argumentos de um litigante se o outro estiver ausente. Ambos precisam estar presentes ao mesmo tempo. Assim, se uma parte disser algo errado, a outra parte está ali para contradizê-lo.
- O tribunal pode não aceitar o testemunho de um perverso. Os juízes não podem aceitar como testemunha um judeu que cometeu um pecado pelo qual poderia ser condenado à morte. Também não se aceita uma testemunha que cometeu um pecado pelo qual poderia ser açoitado. Também não são aptas a testemunharem pessoas que permitem que seu gado paste nos campos dos outros, e um apostador profissional.
- O veredicto é pronunciado de acordo com o voto majoritário dos juízes.
Um não-judeu perguntou a Rabi Yehoshua ben Carcha: "Sua Torá não lhe ordena a seguir a maioria? Nós, idólatras, ultrapassamos em muito o número de judeus. Vocês não são, então, obrigados a juntarem-se a nós?"
"Você tem filhos?" - indagou Rabi Yehoshua.
"Tenho," respondeu o não-judeu. "Você tocou num ponto sensível, lembrando-me de meus problemas."
"Por quê?" - perguntou Rabi Yehoshua.
"Nunca desfrutamos de uma única refeição em paz," replicou o não-judeu. "Quando nos sentamos para comer, um filho declara que seu deus deve ser abençoado, enquanto outro clama que deve-se reverência à sua divindade. Ao fim da refeição, todos estão machucados por causa da briga. Um tem hematomas roxos na testa, e o queixo de outro está ferido."
"Por que você não promove a paz entre eles?" - perguntou Rabi Yehoshua, "e decide que deus devem adorar?"
"Sou impotente nesse assunto," admitiu o não-judeu.
"Você vê," declarou Rabi Yehoshua, "que vocês não são maioria, pois discordam entre si sobre que deus devem adorar."
• A fim de garantir que os votos não sejam divididos em duas partes iguais, o número de juízes indicados para o tribunal deve ser sempre ímpar.
Para decidir um caso relativo a dinheiro, o tribunal deve ser sempre integrado por pelo menos três indivíduos.
Para decidir um caso de vida ou morte, o tribunal deve ser de pelo menos vinte e três juízes. Para condenar à morte o acusado, o voto da maioria não é suficiente. Deve haver uma maioria de pelo menos dois votos. Portanto, a pena capital só é aplicada se treze juízes considerarem o réu culpado.
- Para absolvição, contudo, o voto majoritário por um é suficiente.
- Um juiz não pode basear sua opinião sobre a de um juiz maior, ou sobre a da maioria dos juízes, raciocinando: "Sua conclusão com certeza está certa." Exige-se de cada juiz que esclareça o caso em sua mente e decida verdadeiramente, mesmo se sua conclusão será oposta ao ponto de vista da maioria. Se perder então a votação, não será responsável pelos resultados.
A advertência de Não Mentir
"Afaste-se de uma mentira!"
Este mandamento é direcionado a cada judeu. Adverte-o para que evite envolver-se em qualquer mentira ou fraude, pois "O Selo de D'us é a Verdade."
Há uma advertência geral para que um juiz evite o que quer que possa distorcer a veracidade do julgamento. Algumas implicações disto são:
1. Um juiz que percebe que errou não deve tentar procurar provas para substanciar sua sentença prévia, a fim de não admitir seu erro.
2. Se um juiz ou testemunha está ciente de que um de seus colegas é desonesto, deve recusar lidar com um caso junto com ele, mesmo se for conduzido de acordo com a lei.
Se o juiz tiver a impressão de que a testemunha está mentindo, mesmo se não conseguir provar, deve retirar-se do processo, preferencialmente a decretar o veredicto. Que não diga: "Não é minha responsabilidade - a testemunha carregará a culpa."
3. Se um dos litigantes comparecer ao tribunal vestido elegantemente e o outro em andrajos, deve-se ordenar que ambos vistam o mesmo tipo de trajes no tribunal, a fim de não distorcerem a objetividade do juiz.
O Conselho de Rabi Shimon Certa vez um jovem se apresentou perante o grande Sábio Rabi Shimon e lhe disse tristemente: "Rabi, não sei o que fazer. Desejo tanto ser um bom judeu e observar as mitsvot, mas meu mau instinto sempre ganha. Acabo cometendo muitos pecados. Especialmente quando vejo algo valioso e ninguém está olhando, não posso dominar-me e rapidamente o pego. Como posso melhorar?"
Shimon ben Shetach escutou o jovem e viu que ele queria seriamente ser uma pessoa melhor.
Respondeu: "Promete-me observar uma coisa, e te salvarás de todos os pecados."
"O que devo observar?" - perguntou o jovem.
"Nunca mentir. Nunca; não importa a causa."
"Posso prometer que o farei", respondeu o jovem, "mas como me ajudará a superar meu mau instinto?"
"Você verá", respondeu Rabi Shimon. "Agora jura que nunca dirás uma mentira, mesmo que te seja muito difícil." O jovem jurou e se foi.
Pouco depois o rapaz observou que o vizinho saía de casa e deixava uma janela aberta. Foi fácil para ele entrar na casa enquanto ninguém olhava. Logo achou objetos valiosos. Havia um vaso dourado, e em um armário encontrou taças e candelabros de prata legítima. O jovem colocou todos os objetos de valor numa bolsa, assegurou-se de que a rua estava vazia, subiu na janela e saiu.
Sentia-se contente. Seu roubo nunca seria descoberto. Se o vizinho voltasse e lhe perguntasse: "Viste alguém na minha casa na minha ausência?" - lhe responderia: "Não, não vi..." Mas... Isto seria uma mentira. Não podia responder assim, pois havia jurado a Shimon ben Shetach de que nunca diria uma mentira! Pensou: "O que vou dizer se a polícia me interrogar? Não posso negar o roubo, pois estarei mentindo."
Caladamente, pegou o vaso, as taças e candelabros e os pôs na bolsa. Saiu e devolveu tudo ao vizinho, deixando tudo no lugar exato. Logo saiu.
Em pouco tempo, o vizinho chegou e saudou o jovem. Logo, este sentiu-se profundamente envergonhado do que fizera e aliviado por haver devolvido.
"O conselho de Shimon ben Shetach foi bom," pensou. "Ao dizer somente a verdade, salvei-me de pecar."
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