Aqui está um pequeno momento de coragem civil-judaica em Israel. Um instante entre tantos, nestes dias desafiadores. Um momento que nos lembra quem somos e pelo que estamos lutando. Eis o que escreveu o rabino David Moriah, do bairro Givat Mordechai, em Jerusalém:

“‘Não vamos adiar o casamento’, disseram Moshe Zakai e Dana Levi na sexta-feira, quando entenderam a situação.

’Leah’, eu disse para minha esposa, li no grupo de WhatsApp uma mensagem sobre a hora do casamento que ocorrerá no pátio do nosso prédio e todos os vizinhos estavam convidados a participar e ficariam felizes se pudessem trazer algum alimento’.

Leah imediatamente se voluntariou a preparar pães feitos por ela, os vizinhos se mobilizaram e, em pouco tempo, cadeiras foram organizadas e mesas preparadas. A hora da cerimônia foi marcada para as 17h.

Às 16h08, chegou um alerta de lançamento de foguetes, e todos os organizadores correram para os espaços protegidos (bunkers, etc.).

Fazia tempo que eu não participava de um casamento assim, em que durante toda a cerimônia senti um nó na garganta de tanta emoção. Um vizinho desceu com um violão e, antes da cerimônia, todos cantaram com ele tomados de elevação espiritual, entoando versículos e canções de fé e fortalecimento.

Após o casamento foram encomendadas porções de falafel de uma loja próxima , numa iniciativa espontânea dos vizinhos e no saguão do nosso prédio improvisamos um Sheva Brachot [refeição festiva seguida de Sete Bênçãos] para o jovem casal.

Às 20h34, chegou uma notificação no aplicativo do Comando da Retaguarda avisando que nos minutos seguintes haveria mais alertas de foguetes na nossa região. Entre essa notificação e o som da sirene, conseguimos correr com as bênçãos, cantar a última delas e então chegar rapidamente aos cômodos protegidos.

Moshe e Dana queridos, é comum dizer que as pessoas vêm a um casamento para alegrar o noivo e a noiva, mas desta vez parece que, mais do que nós alegramos vocês foram vocês que nos proporcinaram uma experiência intensa e inesquecível de alegria e orgulho de sermos um povo que é como um leão, que mesmo em tempos de guerra continua a construir e fortalecer a nação.

Mazal tov!