O Iraque pode não ser o primeiro lugar que vem à mente quando se pensa na vida judaica hoje, mas já foi o lar de uma das comunidades judaicas mais antigas e influentes do mundo — perdendo apenas para a Terra de Israel.
Descubra 16 fatos sobre a rica história e tradições dessa antiga e vibrante comunidade judaica.
1. Abraham Nasceu Lá
A história dos judeus do Iraque começa com o próprio Avraham — o primeiro judeu. Nascido em Ur Kasdim, 1 uma antiga cidade localizada no que hoje é o Iraque, Avraham passou os primeiros 70 anos de sua vida lá, 2 antes de viajar para Charan e depois para a Terra de Canaan.
2. O Exílio Babilônico Foi Trágico, mas Breve
A terra fértil entre os rios Tigre e Eufrates já foi o coração do poderoso Império Babilônico. Em 423 a.C., o Rei Nabucodonosor destruiu o Primeiro Templo Sagrado em Jerusalém, matando dezenas de milhares de judeus e exilando muitos outros para a Babilônia. O exílio babilônico durou apenas 70 anos, quando os judeus receberam permissão para retornar à sua terra natal e reconstruir o Templo.
3. A Maioria dos Judeus escolheu Permanecer
Embora muitos judeus tenham retornado a Israel, um grande número decidiu permanecer na Babilônia. A vida judaica ali continuaria por mais de 2.000 anos! Os líderes da época não ficaram muito felizes com a permanência de tantos judeus, incluindo os levitas, e Ezra, o Escriba, respondeu instituindo que os dízimos destinados aos levitas deveriam, em vez disso, serem entregues aos cohanim.3
4. Tornou-se o Centro de Ensino da Torá

Após a destruição do Segundo Templo e a subsequente perseguição romana na Terra Santa, o centro da vida judaica mudou-se de Israel para o leste, rumo à Babilônia. Lendárias academias de Torá foram estabelecidas em Sura, Neardeia e Pumbedita. Lideradas por estudiosos brilhantes como Rav. Shmuel e Abaye, essas yeshivot atraíram milhares de estudantes, espalhando a luz da Torá por toda parte.
Curiosidade: o Iraque detém o recorde de yeshivot mais antigas da história judaica. Sura e Pumbedita duraram cerca de 800 anos (c. 225–c. 1040)!
5. Possuía Um Status Espiritual Especial
A Babilônia não era apenas mais um lugar onde os judeus viviam — era vista como uma terra espiritualmente significativa, escolhida por D'us para ser o lar do povo judeu no exílio. 4 Por isso, ela tinha um status único entre outras terras da Diáspora.
6. O Talmud foi Compilado Lá

Uma das maiores obras judaicas já escritas tem origem no Iraque: o Talmud Babilônico. Compilado pelos sábios Ravina e Rav Ashi no século 5, ele registra as discussões e os ensinamentos das academias babilônicas, formando a base da lei, tradição e pensamento judaicos até os dias de hoje.
Leia: O Que é o Talmud?
7. Um farol na Idade das Trevas
Na segunda metade do primeiro milênio, enquanto grande parte do mundo vivenciava a Idade das Trevas, as comunidades judaicas da Babilônia prosperavam intensamente. Lideradas por brilhantes estudiosos conhecidos como Gueonim, a vida e o aprendizado judaicos continuaram a florescer.
8. Reish Galuta Foi Um Príncipe Judeu
Durante essa era de ouro, a liderança judaica incluía o Reish Galuta (“Chefe do Exílio”) ou Exilarca. Descendente da dinastia real davídica, ele recebeu poder legal para supervisionar e liderar a comunidade, uma reminiscência dos antigos reis judeus.
9. Mudanças na Erudição e na Demografia
Por volta do século 11, a erudição judaica começou a se deslocar para o oeste, em direção à Europa. Mesmo assim, uma forte presença judaica permaneceu no Iraque por séculos. Com o tempo, a população judaica babilônica original foi reforçada por recém-chegados da Península Ibérica (que expulsou todos os seus judeus) e de outras terras do Oriente Médio.
10. Shavuot em Famílias Iraquianas
Olhando para o calendário judaico, celebrar o Shabat ou uma festa em um lar judaico iraquiano é uma experiência verdadeiramente especial, rica em costumes e tradições únicos. Em Shavuot, por exemplo, as famílias ficam acordadas a noite inteira juntas, revezando-se na leitura de trechos das Escrituras, do Midrash e do Zohar. Na busca por mais oportunidades de leitura, as crianças frequentemente trocam de lugar no círculo para serem chamadas mais cedo. Depois, elas rezam Shacharit e saboreiam doces, semelhantes a crepes, chamados kahi.5
11. Eles Possuem Seus Próprios Feriados Especiais
Além do calendário judaico tradicional, os judeus de Bagdá celebram dias especiais em 16 de Tevet e no dia 11 de Av. Essas datas marcam os momentos em que as cruéis forças persas foram derrotadas pelos governantes otomanos locais, resgatando a comunidade judaica da opressão. Os judeus de Basra celebram uma salvação semelhante no dia 2 de Nissan.
12. Ben Ish Chai Foi Um Líder Legendário

Um dos rabinos iraquianos mais amados e influentes foi Chacham Yosef Chaim (1832-1909), conhecido como Ben Ish Chai por causa de sua famosa obra (ele também escreveu muitas outras). Como o principal rabino de Bagdá, ele inspirou gerações com seus ensinamentos, revitalizou a vida religiosa e deixou um legado duradouro na lei judaica e na tradição sefardita.
Leia: Ben Ish Chai
13. Eles se Ramificaram para o Extremo Oriente
No século 19 muitos judeus de Bagdá se mudaram para o leste a fim de explorar novas rotas comerciais. Comunidades prósperas se formaram em Bombaim e Calcutá, na Índia, em Xangai, na China, e em outras cidades do Extremo Oriente. Esses pioneiros judeus construíram sinagogas, escolas e empresas, com famílias como os Sassoons se tornando nomes conhecidos no comércio global.
14. O Farhud Abalou os Judeus Iraquianos
Em 1º de junho de 1941, um desastre aconteceu. Um violento pogrom conhecido como Farhud eclodiu em Bagdá, alimentado pela propaganda nazista e pelo fervor nacionalista local. Mais de 150 judeus foram mortos e muitos outros ficaram feridos ou perderam suas casas e meios de subsistência. Embora a violência tenha terminado rapidamente, o trauma persistiu, marcando um ponto de virada para os judeus no Iraque.
15. Eles Estão Vivos e Bem
Em 1951-1952, a vasta maioria dos judeus iraquianos foi transportada de avião para Israel como parte da Operação Ezra e Nehemia, com milhares de outros seguindo o exemplo após a Guerra dos Seis Dias. Embora poucos judeus permaneçam no Iraque hoje, comunidades vibrantes prosperam em Israel, no Reino Unido e nos EUA, transmitindo as ricas tradições de seus ancestrais às gerações futuras.
16. Ainda Mantém a Sua Importância
Embora restem poucos judeus no Iraque, a chuva ainda ocupa um lugar de destaque na vida comunitária judaica. Todo Shabat, em sinagogas ao redor do mundo, rezamos pelos "estudiosos da Torá da Babilônia e da Terra de Israel". E todo inverno, os judeus da Diáspora começam a rezar pela chuva no momento em que ela é necessária na Babilônia. Por quê? Porque a Babilônia, a incubadora da Diáspora Judaica, o lugar onde o primeiro judeu nasceu6 e o Talmud foi compilado milhares de anos depois, ainda é considerada o centro figurativo da Diáspora.
Faça um Comentário