Embora a fé contenha uma centelha de amor encerrada em seu âmago, em última instância é a fé que fornece um relacionamento de amor com o alicerce apropriado sobre o qual se constrói. Quando a fé sofre um rompimento, os vínculos do amor desatam-se facilmente.
O livro de Ester, lido em Purim, descreve como Mordechai cuidava da prima, Ester, (Ester 2:7): "E ele criou (omen) Hadassa [o nome hebraico de Ester]". Esta mesma raiz (omen) é também a raiz da palavra para uma mãe que amamenta. Um extraordinário versículo no Livro Bamidbar mostra Moshê num raro momento de frustração com o povo, reclamando a D'us (Bamidbar 11:12): "Concebi eu porventura todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: 'Leva-o no teu seio, como um pai que carrega a criança que mama?...'"
O fato de Moshê usar esta analogia indica que, num certo nível, ele pensou em si mesmo como "amamentando" e cuidando do povo. Refletindo-se mais profundamente, esta parábola física encerra as mesmas idéias que agora apresentamos. Uma mãe que amamenta possui oculto em seu seio o leite que o bebê precisa para se desenvolver. Apenas quando anula sua própria orientação e se torna "nada" pode ela relaxar o suficiente para que o leite (o potencial oculto, o verdadeiro "algo") flua para o bebê, o símbolo do "algo" mundano.
Este é um exemplo de como a realidade física reveste os profundos conceitos espirituais, e como o microcosmo espelha o macrocosmo. Numa comparação similar, mas obviamente não literal, D'us manifesta um nível de nada, ou tzimtzum, o qual permite que Sua infinita reserva de amor e energia que emana de Sua essência possa fluir a este mundo, como o leite flui para o bebê.
ב"ה
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