A Amsterdã virou notícia como um local onde os judeus foram brutalmente espancados nas ruas. Uma linda cidade com uma rica história judaica que remonta a mais de 400 anos. Um refúgio para judeus que escapavam da perseguição religiosa, Amsterdã se tornou um centro da vida judaica asquenazi e sefardi, cuja influência foi sentida em toda parte. Mesmo depois de quase ter sido extinta no Holocausto, a vida judaica se recuperou nesta cidade repleta de canais. Conheça 14 fatos sobre o passado prolífico e o presente vibrante da Amsterdã judaica..
1. Os judeus chegaram lá no século 16
A história da Amsterdã judaica começa no século 16. Em meio a conflitos religiosos e intolerância em toda a Europa, a Holanda se destacou como um raro santuário de liberdade religiosa, atraindo judeus de vários países que buscavam refúgio da perseguição. Muitos judeus sefarditas se estabeleceram em Amsterdã, a maior e mais importante cidade do país.
2. Foi refúgio para judeus
Em 1579, após se libertar do domínio espanhol, a Holanda ofereceu um refúgio seguro para conversos espanhóis e portugueses. Esses indivíduos, que foram forçados a se converter ao cristianismo, agora podiam abraçar abertamente sua herança judaica sem medo da Inquisição.
3. Refugiados do Leste Europeu lá estabeleceram seu lar
A metade do ano 1600 trouxe outra onda de refugiados judeus para Amsterdã, desta vez da Europa Oriental. Esses judeus fugiram de ataques violentos liderados por cossacos, muitas vezes chegando a Amsterdã com pouco mais do que suas vidas. Eles foram calorosamente recebidos pela comunidade sefardita local, que os ajudou a reconstruir suas vidas na cidade próspera. 1
4. Sefarditas e asquenazitas prosperaram lado a lado
Amsterdã se tornou o lar de judeus sefarditas e asquenazes. Cada grupo criou suas próprias instituições e nomeou seus próprios rabinos, e as duas comunidades coexistiram em harmonia por séculos.
5. Os judeus enriqueceram a economia de Amsterdã
O século 17 marcou a Era de Ouro Holandesa, com Amsterdã se tornando a cidade mais rica da Europa Ocidental, um centro de comércio e finanças. Comerciantes, banqueiros e empreendedores judeus desempenharam um papel essencial nessa prosperidade, contribuindo significativamente para o comércio e até mesmo ajudando a financiar as Companhias Holandesas das Índias Orientais e Ocidentais.
6. Grandes rabinos viveram lá
Amsterdã atraiu rabinos notáveis que lideraram suas comunidades judaicas. Exemplos incluem o rabino Menasse ben Israel (1604–1657), um ex-converso português, que guiou os judeus sefarditas, e o rabino Tzvi Ashkenazi (1658–1718), conhecido como Chacham Tzvi, que liderou a comunidade Ashkenazi. Outras figuras proeminentes incluem o rabino Yitzchak Uziel (1550–1622), o rabino Shaul Mortera (1596–1660) e o rabino Elazar Rokeach (1685–1741), cuja piedade e erudição deixaram uma impressão duradoura na Amsterdã judaica.
7. A sinagoga portuguesa
Em 1675, a comunidade sefardita de Amsterdã concluiu a magnífica Sinagoga Portuguesa, conhecida localmente como Esnoga.
Ao visitar Amsterdã em 1755, o rabino Chaim Yosef David Azulai (o "Chida") a descreveu como a sinagoga ideal — brilhante, espaçosa e acolhedora para todos.2 Era a maior sinagoga do mundo quando foi concluída, e o edifício resistiu ao teste do tempo — os serviços ainda são realizados em seu santuário iluminado por velas.
8. Era um centro de publicação hebraica
Amsterdã se tornou um farol da publicação hebraica, com o rabino Menasse ben Israel estabelecendo a primeira prensa de impressão hebraica da cidade em 1626. Ao longo dos dois séculos seguintes, os editores de Amsterdã produziram textos sagrados de qualidade impecável, espalhando o aprendizado da Torá por toda parte.
9. Sua riqueza foi usada para o estudo da Torá
Membros ricos da comunidade judaica de Amsterdã apoiaram o estudo da Torá tanto localmente quanto no exterior. Benfeitores notáveis como Abraham e Isaac Pereira e David de Pinto financiaram yeshivot (academias judaicas) em Jerusalém, Hebron e Amsterdã. Ephraim Boeno, um médico, financiou uma nova edição do Código de Lei Judaica. Ele pediu ao Rabino Moshe Rivkash, um renomado estudioso imigrante da Lituânia, que aprimorasse o Código com glosas e referências, levando à criação da importante obra Be'er Hagolá.
10. Foi apelidada de "Jerusalém do Ocidente"
A reputação de Amsterdã pela erudição judaica e sua comunidade próspera lhe renderam o título de "Jerusalém do Ocidente", destacando sua influência de longo alcance na Europa Ocidental e além.
11. Nova Amsterdã não era tão acolhedora
Em 1654, os judeus chegaram a Nova Amsterdã (atual Nova York), então uma colônia holandesa. Ironicamente, enquanto os judeus desfrutavam de direitos iguais em Amsterdã, o governador de Nova Amsterdã, Peter Stuyvesant, tentou expulsá-los. Somente graças aos esforços da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais suas tentativas foram rejeitadas. Apesar do começo difícil, Nova York acabou se desenvolvendo no que é hoje a maior comunidade judaica fora de Israel.
12. Mesilat Yesharim foi escrito lá
Em 1734, o rabino Moshe Chaim Luzzato (o "Ramchal"), um jovem estudioso e cabalista italiano, estabeleceu-se em Amsterdã, onde escreveu sua obra clássica, Mesilat Yesharim ("Caminho do Reto"), um guia para uma vida ética que continua sendo um marco do estudo judaico.
13. Foi lar de Anne Frank
Quando a Alemanha nazista ocupou a Holanda em 1940, a comunidade judaica de Amsterdã enfrentou devastação. Mais de 60.000 dos 80.000 judeus da cidade foram assassinados durante o Holocausto. Entre eles estava Anne Frank, de 15 anos, deportada para Auschwitz depois que o anexo secreto da família foi descoberto pela Gestapo.
14. A vida judaica em Amsterdã perdura
Embora o Holocausto tenha impactado severamente a comunidade judaica em Amsterdã, a vida judaica foi revivida desde então. Hoje, a cidade abriga uma vibrante comunidade judaica com sinagogas, escolas, restaurantes casher e vários centros Chabad, que tem servido Amsterdã desde 1964.
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