O Rabino Moshe Kotlarsky, o dinâmico e energético vice-presidente do Merkos L'Inyonei Chinuch, o braço educacional do movimento Chabad-Lubavitch, faleceu após uma longa luta contra uma doença na terça-feira, dia 4 de junho (27 Iyar). Faleceu aos 74 anos, quatro dias antes de completar 75.
Rabino Kotlarsky foi fundamental na implantação e fortalecimento da presença global de Chabad para quase 6.000 casais emissários em mais de 100 países ao redor do mundo. Com uma personalidade cativante e uma facilidade incrível de se conectar com outras pessoas, Kotlarsky encontrou milhares de pessoas em suas décadas de viagens em nome de Chabad-Lubavitch atuando como rabino, arrecadador de fundos e como amigo.
Ele tornou -se conhecido por seu papel no Kinus Hashluchim, Conferência Internacional dos Emissários Chabad-Lubavitch, dirigindo um exército de planejadores, funcionários e voluntários para garantir que cada detalhe do enorme evento fosse perfeito. À medida que a rede institucional de Chabad se expandiu ao longo dos anos, o mesmo aconteceu com o Kinus. Seu banquete acabou se tornando o maior jantar sentado na cidade de Nova York, superando todos os seus locais formais. Em 2023, mais de 6.500 emissários Chabad e seus convidados reuniram-se no Centro de Convenções de Nova Jersey. Rabino Kotlarsky apresentava o banquete anualmente, convocando a lista de emissários de Chabad por país e estado, e o auge do encontro ocorria com um memorável apelo para que todos dançassem juntos no final do banquete. O entusiasmo era contagiante.
Embora se sentisse confortável sob os holofotes, Kotlarsky também trabalhou incansavelmente nos bastidores. Como conselheiro comunitário ou ajudando as pessoas e shluchim em suas dificuldades pessoais, os emissários sabiam que podiam contar com Kotlarsky para a sua orientação e apoio. Sua dedicação a projetos grandes e pequenos, ao mesmo tempo em que lembra detalhes de cada pessoa ou leva chocolate para seus filhos, conquistou-lhe carinho e respeito entre gerações de famílias de shluchim.
Mensageiro
O Rabino Moshe Yehuda Kotlarsky nasceu em 29 de maio de 1949 (1 Sivan, 5709), no Brooklyn, filho do Rabino Tzvi Yosef e Golda Kotlarsky. Sua mãe nasceu nos Estados Unidos, e seu pai era um sobrevivente da Polônia, tendo perdido a maior parte de sua família no Holocausto. O rabino Tzvi Yosef estudou na Yeshivá Chachmei Lublin e depois em Tomchei Temimim-Lubavitch em Varsóvia e Otwock, escapando da investida nazista com a ajuda de vistos emitidos pelo diplomata japonês Chiune Sugihara, que lhe permitiram encontrar refúgio na Xangai ocupada.
Rabino Kotlarsky cresceu em Crown Heights e frequentou a yeshivá local antes de continuar seus estudos em Montreal. Mesmo quando jovem estudante da yeshivá ele participou ativamente da Campanha das Mitsvot instituída pelo Rebe. Em Montreal, ele certa vez convenceu o famoso comediante iídiche Shimon Dzigan a colocar tefilin, o que comoveu tanto Dzigan que ele se atrasou para seu show. Dzigan explicou ao público que não poderia recusar o pedido de um estudante da yeshivá de Lubavitch para colocar tefilin, e a experiência emocional fez com que sua maquiagem escorresse.
Kotlarsky casou-se com Rivka Kazen no início dos anos 1970. Como tantos jovens chassidim Chabad, os Kotlarskys expressaram ao Rebe, Rabino Menachem M. Schneerson, de abençoada memória, seu desejo de partir para algum ponto distante no globo onde pudessem servir como shluchim. Logo ficou claro, porém, que a missão de vida de Kotlarsky seria cumprida na obra da Merkos L'Inyonei Chinuch.
Durante décadas depois disso, ele passou mais tempo na estrada do que em casa, viajando em ônibus e aviões, primeiro pelos Estados Unidos e pela América do Sul, e depois pela Europa, pelo Extremo Oriente e até pelo Himalaia.
Enquanto apoiava o trabalho de seu marido e criava sua grande família, Rivka estava constantemente ativa nas campanhas de mitsvot do Rebe e em várias iniciativas. Sua casa no bairro de Crown Heights, no Brooklyn, a quarteirões da sede do Chabad, no 770 da Avenida Eastern Parkway, era a base para judeus de Belgrado a Taipei, que sabiam que sempre encontrariam uma porta aberta nos Kotlarskys. Ao mesmo tempo, os vizinhos dos Kotlarsky em Crown Heights sabiam que ele nunca estava ocupado demais para lhes estender a mesma gentileza e disposição em ajudar.
Durante as suas viagens em nome do movimento, o Rabino Kotlarsky reunia-se com os líderes e membros das comunidades judaicas locais, ouvindo-os atentamente e considerando cuidadosamente as suas necessidades. Eles possuíam escola para a educação judaica de seus filhos? Um micvê funcional? Acesso a comida casher? Kotlarsky avaliaria todos esses fatores e sugeriria maneiras pelas quais Lubavitch poderia ajudá-los a fortalecer sua comunidade. Em alguns casos, pediam que Chabad enviasse um casal de emissários para ajudá-los. Tudo isso Kotlarsky colocaria em um relatório detalhado para revisão do Rebe.
Rabino Kotlarsky ia aonde era necessário, às vezes sem saber por que estava sendo enviado. Como por exemplo em janeiro de 1984, quando ele recebeu um telefonema em casa do Rabino Chaim Mordechai Aizik Hodakov, chefe de gabinete do Rebe, dizendo-lhe: “o Rebe quer que você vá para Curaçao imediatamente”.
Kotlarsky voou com um amigo para a ilha caribenha e, ao chegar, chamou um táxi para a sinagoga. Em vez de levá-los ao famoso Mikve Israel, porém, o motorista do táxi os levou para outra sinagoga, muito menor, da qual estava saindo um homem. “Fomos enviados para cá pelo Rebe de Lubavitch ”, disse Kotlarsky ao homem.
O homem, chamado Chaim Groisman, quase desmaiou. Groisman, descobriu-se, era um judeu local cuja família estava passando por uma crise. O filho deles, Eli, estava sendo assediado em sua escola protestante por não frequentar os serviços religiosos obrigatórios. A situação ficou tão ruim que eles começaram a mantê-lo longe da escola, apenas para receber cartas de advertência de que, por lei, eles deveriam mandá-lo para a escola. Os Groismans não sabiam o que fazer.
Certa noite, Chaim Groisman teve um sonho em que sua falecida avó apareceu e lhe disse que se alguma vez ele estivesse em apuros, ele deveria recorrer ao Rebe de Lubavitch. Ele nunca tinha ouvido falar do Rebe antes. No dia seguinte, Kotlarsky e seu companheiro de viagem apareceram.
“O Rabino Kotlarsky me convidou para ir a Nova York e frequentar o Camp Gan Israel em Catskills naquele verão, e mais tarde para a Yeshivá que começou em setembro”, lembrou Eli Groisman. “Esta foi a resposta às nossas preces e aceitei a oferta imediatamente.”
Groisman mais tarde escreveu uma carta de agradecimento ao Rebe por enviar seus emissários e cuidar de “um pequeno judeu de Curaçao”.
“Devo... discordar de você se referir a si mesmo como 'um pequeno judeu de Curaçao'”, escreveu o Rebe para ele... [ E]”aqui não existe tal coisa como um 'pequeno judeu', um judeu ou judia jamais deve subestimar seu tremendo potencial.” Pelo resto de sua vida, Kotlarsky citaria essas palavras do Rebe como fonte de orientação e inspiração pessoal.
Parcerias
Foi em uma de suas viagens, desta vez para Bogotá, na Colômbia, que conheceu o empresário judeu Sami Rohr. A amizade deles floresceu rapidamente e, em meados da década de 1980, um visitante regular da casa de Kotlarsky em Crown Heights, no Brooklyn, era o filho de Sami, um jovem formado em Harvard chamado George. A extensa família Rohr faria parceria com Chabad e forneceria capital inicial e apoio contínuo a centenas de centros Chabad e milhares de programas levando a visão do Rebe de um renascimento judaico aos campi universitários, à antiga União Soviética e às comunidades no mundo todo.
“Nunca esquecerei quando o visitei no hospital poucos dias antes de ele falecer”, escreveu Kotlarsky sobre Sami Rohr. “Suas primeiras palavras para mim foram: “Nu, Rabino Kotlarsky?! Você me trouxe alguns novos ‘negócios’ hoje?’”
Rabino Kotlarsky dirigiu e expandiu fortemente o programa de visitas de estudantes da yeshivá a diversos locais do mundo levando judaísmo para pequenas comunidades ou mesmo indivíduos durante as férias de verão e outras épocas do ano, como as que antecedem as festas etc; ajudou a fundar o Chabad no Campus International e o Rohr Jewish Learning Institute, ambos presididos por ele; além de ter liderado uma série de iniciativas adicionais, incluindo CTeen, CKids, Chabad Young Professionals e Chabad on Call.
No Kinus deste ano, durante o seu relatório anual sobre a enorme expansão de Chabad durante o ano passado, Kotlarsky reiterou, como sempre fez, que não era hora de descansar.
“Sabemos que ainda temos muito trabalho pela frente”, disse ele. “O Rebe falou certa vez que você poderia ter 1.000 pessoas em sua comunidade. Se apenas 999 foram tocadas e uma não foi… a missão ainda não foi cumprida.”
Rabino Kotlarsky deixa sua esposa, Rivka, e seus filhos Chanie Wolowik (Woodmere, NY); Rabino Mayer Kotlarsky (Boca Raton, Flórida); Sarah Benjaminson (Glenview, Illinois); Nechama Greenberg (Vista, Califórnia); Rabino Mendy Kotlarsky (Brooklyn, NY); Rabino Sruly Kotlarsky (Lafayette Hill, Pensilvânia); Rabino Levi Kotlarsky (Brooklyn, NY); Rabino Dovid Kotlarsky (Chicago, Illinois); Goldie Perlstein (Gainesville, Virgínia); e muitos netos e bisnetos.
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