Existe um costume predominante de os meninos lerem a porção semanal da Torá quando se tornam bar mitsvá. Mas embora um menino que chega aos treze anos deva ser chamado na Torá e, de fato, essa mitsvá tenha precedência sobre quase todas as outras, 1 não há obrigação de o menino de bar mitsvá ser o único que realmente lê a Torá, também conhecido como baal korê.

Durante séculos, várias comunidades tiveram este costume. 2 Na verdade, o Rabino Yaakov Moelin, conhecido como Maharil (1365–1427), registra que seu próprio filho leu a Torá em seu bar mitsvá. 3 No entanto, nunca foi algo que “todos” fizessem. Em vez disso, apenas aqueles que demonstrassem aptidão para isso aprenderiam a ler na Torá no dia de seu bar mitsvá. 4

Tornando-se um adulto

Ironicamente, embora a razão subjacente para uma criança ler na Torá tenha se tornado menos relevante, a popularidade deste costume aumentou tremendamente, especialmente na América.

Conforme mencionado, um menino deve ser chamado à Torá para seu bar mitsvá. Uma das razões, mas certamente não a única, é para divulgar o fato de que a criança é agora considerada um adulto e tem obrigação de cumprir todas as mitsvot. No entanto, tecnicamente, de acordo com algumas opiniões e sob certas circunstâncias e para certas aliyot – especialmente para maftir – uma criança pode ser chamada à Torá. Portanto, como nas gerações anteriores, eles ocasionalmente davam uma aliá a uma criança. 5 Convocar um menino de bar mitsvá para uma aliá não significava portanto que ele havia atingido a idade de 13 anos..

No entanto, para realmente ler a Torá e cumprir a obrigação para com a congregação, era sempre necessário fazer bar mitsvá. Aqueles que tivessem aptidão leriam a Torá, e isso divulgava o fato de que ele havia atingido a maioridade religiosa. 6

Hoje em dia, porém, não convocamos ninguém para a Torá sob o bar mitzvah. Portanto, a própria aliá de um menino de bar mitsvá divulga adequadamente seu bar mitsvá e agora ele assume a obrigação do cumprimento de toda as mitsvot s como qualquer outro adulto. 7

Relegando eventos primários ao status secundário

É importante ter em mente que, em essência, um bar mitsvá marca o momento em que o menino recebe todos os direitos, responsabilidades e obrigações de um adulto judeu no que diz respeito ao cumprimento das mitsvot (que é o que “bar mitsvá” significa). Como tal, a preparação mais importante para esse menino é realmente aprender os fundamentos do Judaísmo e as leis judaicas que ele será obrigado a cumprir.

Embora aprender a ler a Torá possa ter mérito, aprender os fundamentos do Judaísmo e da lei judaica tem mérito ainda maior. 8

O Rebe, de abençoada memória, frequentemente lamentava o fato de que as pessoas tornam o “principal algo secundário e o secundário como o principal”. Embora seja verdade que nas gerações anteriores alguns aprenderam a ler a Torá.

O Rebe enfatizou: (a) nunca foi algo que todos faziam e (b) hoje em dia as coisas mudaram. Nas gerações anteriores, os meninos geralmente estavam imersos em um ambiente judaico e passavam os dias aprendendo Torá. Assim, aqueles que tiveram aptidão e foram capazes de aprender facilmente como ler sua porção da Torá, o fizeram como um bônus. E mesmo assim, isso só era feito em seu tempo livre e além de seu horário regular no aprendizado da Torá.

Hoje em dia, porém, muitos meninos não passam os dias estudando Torá (por exemplo, uma boa parte do dia é gasto em estudos seculares, juntamente com outras atividades), e quando finalmente chega a hora de se preparar para o bar mitsvá, em vez de aprenderem o como e o porquê do Judaísmo, eles passam a maior parte do tempo estudando sua porção da Torá (e muitas vezes memorizam apenas essa porção e são incapazes de ler uma porção diferente da Torá no futuro). Portanto, embora aprender a ler a Torá possa ter mérito, aprender os fundamentos do Judaísmo e da lei judaica básica tem mérito ainda maior. 9