Qual é a coisa principal para esse dia de recordação do Holocausto, esse ano?

Na minha humilde opinião, deveríamos aprender com o dia seguinte à Shoá: após a destruição de um terço do nosso povo, em apenas três anos, o povo judeu ressuscitou das cinzas dos campos de extermínio e atingiu alturas históricas.

Chama-se isso de renascimento e deveria ser o foco da nossa atenção agora. Aprender e ensinar como ressurgir das cinzas de Beeri e das ruínas de Nahal Oz, como curar os corações dos feridos e enlutados, como escrever juntos um novo e inspirador capítulo da nossa história após 7 de outubro.

É por isso que no Yom HaShoá (Dia do Holocausto) gostaria de mencionar cinco pessoas que inspiram esperança:

Elie Wiesel, por exemplo, o sobrevivente da Shoá que ganhou um Prêmio Nobel, o homem que educou milhões e se tornou um símbolo: “Porque me lembro, desespero-me, mas porque me lembro, o meu dever é rejeitar o desespero”, escreveu Wiesel.

Viktor Frenkel. Sobrevivente de Auschwitz, psiquiatra, não baseou a sua teoria num consultório confortável e fechado, mas viveu-a plenamente: a questão não é o que nos foi feito, mas o que fazemos em reação. Que significado damos aos acontecimentos. Mesmo diante do mal absoluto e inconcebível, cada pessoa tem a escolha de como agir. Ele pode e deve escolher a vida, a ação, o bem.

Rabino Professor Jonathan Sacks também é relevante hoje, e mais do que nunca: é proibido basear nossa identidade apenas em relação a um inimigo externo, escreveu ele sobre o Holocausto, e essas palavras ainda são mais relevantes nos dias de hoje. Ele implorou-nos que nos lembrássemos: não nos baseamos na Shoá, mas na grandeza, em nossa mensagem para toda a humanidade. O mundo não quer as nossas misérias, mas está à espera de ouvir a voz judaica única. Em outras palavras, não devemos apenas narrar e assustar as nações com os horrores do Holocausto, ou com a brutalidade e horror perpetuados no último 7 de Outubro, mas também apresentar uma resposta de luz, vida e justiça. Se o mal absoluto nos designa em cada geração como seu inimigo – devemos fortalecer o nosso apego pelo bem.

Ainda temos tantos mestres...

Rebe Menachem Mendel Schneerson, que reconstruiu todo um mundo judaico após o Holocausto, nos ensinou: se Hitler (ou Sinwar em nossa geração) quisesse alcançar o judeu mais distante, sem distinção entre diferentes judeus, no ódio mais intenso, para destruí-lo, devemos alcançar o judeu mais distante, com profundo ahavat Israel, amor ao próximo judeu, para reanimá-lo. Esta é a mensagem retumbante do movimento Chabad: todos aqueles que se encontram distantes ou perdidos, ou em lugares remotos da terra, iremos procurá-los até às fronteiras de Katmandu ou do Alasca, para acenderem o fogo da vida, a vela do Shabat.

E por fim, minha avó, sobrevivente de Bergen-Belsen, Eda Rosenstrauch Z"L, a quem eu adoraria ouvir mais uma vez, com amor e nostalgia. Sem aulas de filosofia, discursos e aulas de Torá, mas através de uma simples ação de uma sobrevivente que chegou à Terra de Israel, reconstruiu a vida, e graças a ela estas palavras são aqui escritas.