Enquanto aprendia sobre as Dez Pragas, pensei que talvez essas pragas pudessem nos ensinar algumas lições importantes para lidar com pessoas ou situações que podemos considerar difíceis ou opressivas. Aqui segue o que eu descobri:

Sangue: Para a primeira praga, D'us instruiu Moshe a dizer a Aharon para “pegar seu cajado e estender sua mão sobre as águas do Egito, que então se transformarão em sangue”. 1

Curiosamente, D'us ordenou a Aharon, e não a Moshe, que batesse no rio Nilo. Rashi explica que D'us queria ensinar a gratidão a Moshe pelo rio Nilo, que o protegeu quando criança, quando sua mãe o colocou em uma cesta na água para escondê-lo do decreto do Faraó de matar todos os recém-nascidos judeus do sexo masculino.

Se D'us não queria que Moshe demonstrasse ingratidão a um rio inanimado, quanto mais devemos nos lembrar de permanecer concentrados e gratos por toda bondade demonstrada a nós ao longo de nossas vidas - mesmo por parte daqueles que podemos achar difíceis.

Sapos: Quando um sapo monstruoso surgiu do Nilo, os egípcios trouxeram armas para atingi-lo e matá-lo. Em vez de sofrer ferimentos ou cair morto, porém, quanto mais fosse atingido, mais filhotes de sapos seria cuspido. 2À medida que mais e mais sapos saíam do sapo grande, os egípcios ficaram furiosos e perderam o controle de si mesmos, apesar dos danos crescentes que estavam causando.

Expressar raiva não apenas fere os outros, mas também destrói a pessoa que está expressando raiva. Quando a raiva surge brevemente, em vez de abrirmos a boca ou agirmos, pudéssemos parar por um ou dois minutos e respirar, todo o incidente poderia desaparecer, como uma nuvem passageira.

Piolhos: Esta foi a primeira praga que os mágicos egípcios não conseguiram replicar, 3o que os forçou a reconhecer que a praga foi iniciada pelo “dedo de D'us”. 4

D'us orquestra o mundo e coloca todas as pessoas difíceis que encontramos em nosso caminho. Em vez de nos desesperarmos ou nos sentirmos atacados ou provocados, devemos lembrar que D'us escolheu que tivéssemos essas interações para aprendermos a melhor forma de lidar com elas com dignidade, bondade e cortesia.

Animais Selvagens: Esta praga consistia em uma “mistura selvagem” de animais, cobras e escorpiões. A mistura divinamente imposta de feras selvagens poderia ter levado o povo judeu a acreditar que D'us era a favor de misturas, 5 mas ao mesmo tempo Ele também “separou a terra de Goshen onde meu povo permanece, para que não haja animais ferozes lá.” 6

As misturas de animais selvagens podem nos ensinar que, como judeus, mesmo quando partimos para um mundo mais amplo de valores mistos e fronteiras confusas, nunca devermos concluir que D'us favorece a mistura com ideias, ideologias e “ismos” que são estranhos à Torá. D'us deseja que nós e nossos valores permaneçamos distintos do resto da humanidade.

Doença dos Rebanhos: Embora a Torá nos diga que “todo o gado do Egito morreu”, 7 Rashi explica que apenas o gado egípcio deixado do lado de fora, “no campo”, foi morto. Os egípcios poderiam ter evitado os danos simplesmente trazendo os seus animais para dentro.

O Chassidismo ensina que temos duas almas: uma animal e uma Divina. 8Ao longo do dia, e especialmente em situações difíceis, devemos lembrar-nos de “trazer” as nossas almas animais, que reagem fortemente. Por exemplo, quando nos sentimos atacados, os nossos instintos de lutar ou fugir podem influenciar-nos a expressar-nos de formas desagradáveis ou combativas que aumentam e agravam os conflitos. Em vez de deixar sair o nosso “animal” interior, e “perdermos a cabeça”, podemos desacelerar, parar e mostrar moderação.

Furúnculos: Moshe colocou a praga dos furúnculos em ação pegando um punhado de fuligem de uma fornalha extinta que ele jogou para o céu tão alto que as cinzas alcançaram o trono da Glória de D'us antes de cair de volta sobre cada pessoa e animal no Egito criando furúnculos. 9 O fato de uma pequena quantidade de fuligem ter conseguido se espalhar por toda a terra do Egito foi milagroso.

Ao tentar realizar qualquer coisa, ou ao lidar com uma pessoa ou situação frustrante, esforce-se ao máximo, e então lance-a para o céu e D'us fará o resto.

Granizo: O granizo caiu como um lampejo de gelo e fogo. 10

Quando nos sentimos atacados, podemos nos sentir tentados a dar uma resposta fria. Em vez de ceder a instintos destrutivos que certamente irão piorar e intensificar as trocas tensas, vamos tentar nos conectar com nosso calor e compreensão interiores e optar por nos comunicar com cortesia, gentileza e amor. Por outro lado, também há momentos em que precisamos temperar a nossa resposta urgente e apaixonada com o gelo da frieza, parando e considerando friamente a nossa resposta.

Gafanhotos: Gafanhotos em hebraico são arbe, que significa destruição, mas as letras são semelhantes a harbê, que significa abundância ou generosidade. 11

Ao olharmos para nossas vidas, focamos no negativo em vez do positivo? Nós nos concentramos em nossos desafios ou dificuldades? A partir de harbê podemos escolher enxergar o que é bom e ajustar nossas atitudes, reformular e ver a abundância e a generosidade.

Trevas: “Ninguém podia ver o seu irmão, ou levantar-se do seu lugar durante um período de três dias; mas para os Filhos de Israel havia luz em suas habitações.” 12 Nachmânides ensina que a escuridão para os egípcios não era apenas uma ausência de luz, mas “uma névoa opaca que extinguia todas as chamas, de modo que os egípcios não podiam nem usar lâmpiões”. No entanto, a luz nos lares judaicos permaneceu acesa.

Quando nos sentimos “no escuro” ou confusos sobre como lidar com uma situação difícil, sempre temos a luz da Torá disponível para iluminar e mostrar o nosso próximo passo de ação.

Morte do Primogênito: “Ele [D'us] sairá pelo meio do Egito para fazer morrer todo primogênito da terra.”13 As mortes de tantos animais e de tantas pessoas – desde o primogênito do Faraó até o primogênito da serva – aconteceram ao mesmo tempo, mas D'us protegeu a vida do povo judeu.

D'us protege Seu povo. Ele nos ama e nos cuida muito além de nossa imaginação. D'us está sempre perto de nós, estendendo Sua presença, apoio e supervisão amorosa, que nutre e reconforta.

Ao lembrarmos das pragas, lembramos que D'us criou a natureza, sobre a qual Ele sempre pode Se elevar para criar milagres inesperados em nossas vidas.

Sempre que sentimos necessidade de ajuda ou de reservas extras de força, recorremos a Ele em busca de ajuda. Enquanto continuamos a fazer esforços para nos transformarmos em recipientes para receber as bênçãos Divinas, ao mesmo tempo podemos fazer uma pausa, recuar e saber que Ele pode agir além da natureza para nos dar o que precisamos.