Pergunta:
Tenho um vizinho, uma pessoa maravilhosa, que não é judeu. Com todo o anti-semitismo circulando, ele se aproximou de mim e perguntou se haveria algum problema se ele colocasse uma mezuzá na porta de sua casa. Agradeci muito o gesto, mas falei que quero ter certeza de que é permitido pela lei judaica. O que devo dizer a ele?
Resposta:
Seu vizinho é muito bem intencionado por desejar colocar uma mezuzá, como um gesto de apoio ao povo judeu. Diga ao seu vizinho que também estou emocionado com isso!
Aprecio o fato de ele ter perguntado se não há problema em colocar uma mezuzá. Claramente, ele quer fazer a coisa certa.
A resposta curta ao seu vizinho é: Isso é muito gentil da sua parte, mas é melhor você encontrar outra maneira de demonstrar seu apoio.
Para entender o porquê, vamos nos aprofundar nas leis judaicas relacionadas à mezuzá.
Não apenas um símbolo
A mezuzá é um dos símbolos judaicos mais conhecidos. Quando vemos uma mezuzá na porta, sabemos que moram judeus ali. No entanto, a mezuzá não é apenas um símbolo, é uma mitsvá, um mandamento de D'us. E a melhor maneira de cumprir este mandamento é seguir exatamente as instruções.
O mandamento da Torá é especificamente direcionado ao povo judeu para colocar uma mezuzá nos umbrais de suas portas. Portanto, a maneira correta de cumprir esta mitsvá é seguir os detalhes e mantê-la conforme a halachá. A lei judaica trata especificamente desta questão e determina que uma mezuzá só deve ser colocada no batente da porta de um lar ou estabelecimento judaico.
Como a Mezuzá será tratada?
Os pergaminhos da mezuzá são considerados sagrados e precisam ser tratados com respeito. Existem muitas leis sobre como tratar esses pergaminhos tanto durante o uso como quando eles não podem mais ser usados. No geral, esta tradição de tratar a mezuzá com respeito é amplamente conhecida entre o povo judeu, mas muitos não-judeus não estão cientes da santidade da mezuzá ou de como ela deve ser cuidada. 1
Portanto, mesmo que o seu vizinho trate a mezuzá com a maior reverência, ainda existe a preocupação de que outros possam não tratá-la com o devido respeito. 2
Um sinal de aliança
Cada ser humano tem sua missão divina na terra. O destino do judeu é viver de acordo com a Torá e seus mandamentos, enquanto os não-judeus são guiados pelas Sete Leis de Noach.
Embora os não-judeus possam optar por observar voluntariamente muitas leis da Torá, certas mitsvot, como afixar uma mezuzá na ombreira da sua porta, expressam a natureza distinta da aliança e da responsabilidade do povo judeu neste mundo. Os não-judeus são, portanto, geralmente desencorajados de colocar uma mezuzá, que é a marca registrada do lar judaico. 3
Não é um mandamento para não-judeus
Outra consideração é que as mezuzot são normalmente escritas com a intenção de cumprir uma mitsvá. Como os não-judeus não compartilham esta obrigação específica, a aposição de uma mezuzá pode inadvertidamente diminuir seu significado. 4
Existe uma exceção?
Curiosamente, algumas autoridades haláchicas apontam para o seguinte incidente no Talmud de Jerusalém, no qual uma mezuzá foi de fato dada a Artabano IV, o último governante do Império Parta:
Artaban enviou uma pérola preciosa de valor inestimável ao nosso santo professor 5 e disse-lhe: “Envie-me um objeto de igual valor.”
Ele lhe enviou uma mezuzá.
Artabano, ao receber o presente ficou indignado: “Eu lhe enviei algo inestimável e você me enviou algo que não tem valor algum!” 6
Ele então lhe respondeu: “Os seus bens e os meus juntos nem se comparam a este presente! Não só isso, mas você me enviou algo que eu tenho que zelar e eu lhe enviei algo que zela por você, mesmo enquanto você dorme, conforme está escrito: 7'Quando você andar, isso o guiará; quando você se deitar, ela o protegerá. . .'” 8
Os comentários apontam que esta foi uma exceção e não a regra porque:
- Neste caso, o rabino tinha certeza de que a mezuzá sempre seria tratada com respeito. 9
- O rabino realmente escreveu a mezuzá especialmente para Artaban IV, portanto não se destinava a ser usada para uma mitsvá. 10
- A mezuzá não foi dada para ser colocada no batente da porta, mas apenas para ser valorizada (e de fato, ele nunca a colocou no batente da porta). 11
- Alguns explicam que talvez Artaban na verdade era um judeu. 12
A decisão final no Código da Lei Judaica é que se um não-judeu estiver solicitando uma mezuzá, e se ao abster-se de dá-la a ele, poderá levar à discórdia ou dano, você pode lhe dar [mas não como uma mitsvá e não para ser colocada no umbral da porta]. 13
Seu vizinho, porém, parece ser um amigo genuíno e procura apenas mostrar respeito e harmonia. Embora aplaudimos suas boas intenções, tenho certeza de que ele compreenderá que existem outras maneiras de demonstrar seu apoio e amizade.
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