Há, de fato, problemas haláchicos em potencial em pedir emprestado ou emprestar um cartão de crédito, uma vez que é proibido cobrar juros de um judeu.
Para ajudar a esclarecer as coisas, vamos apresentar um cenário simples e comum: você foi às compras com uma amiga, e ela esqueceu sua carteira em casa ficando sem dinheiro no momento. Sendo uma boa amiga, você se oferece para deixá-la usar seu cartão de crédito, imaginando que será vantajoso para ambas. Sua amiga consegue pagar as compras dela e você acumula alguns pontos em seu cartão de crédito para férias bem merecidas
Juros
Antes de pegar sua carteira, o seguinte deve ser esclarecido. De acordo com a Halachá, quando você deixa alguém usar seu cartão de crédito, você está pedindo o dinheiro do emissor do cartão de crédito e, por sua vez, emprestando o dinheiro ao seu amigo. Em outras palavras, há realmente duas transações acontecendo: uma entre você e o banco, e outra entre você e seu amigo. 1
Agora, de acordo com a Lei Judaica, embora seja permitido a um judeu pedir dinheiro emprestado e pagar juros (ribit) em um empréstimo de um não-judeu, um judeu é proibido de participar de qualquer transação que envolva a cobrança de juros de outro judeu.2
Na prática, isso significa que se seu amigo não tiver dinheiro e planeja pagá-lo em prestações, compensando você por qualquer juro ou multas por atraso 3 que você possa incorrer, mesmo que seu amigo esteja mais do que feliz e disposto a fazer isso, não poderá pagar nenhum centavo a mais do que o valor original.
Isso se aplica mesmo se for combinado que ela pague o dinheiro diretamente ao emissor do seu cartão de crédito, no caso o banco.4 O acima não é para desencorajá-lo de emprestar dinheiro para alguém em necessidade. Pelo contrário, emprestar dinheiro a alguém necessitado é considerado uma mitsvá muito especial e uma das maiores formas de caridade.5 Contudo, ao emprestar seu cartão de crédito para uso de um amigo, você precisa estar bem consciente de que está emprestando seu próprio dinheiro pessoal, e não do banco.
Portanto, se o seu amigo não puder pagar o valor total até a data de vencimento, você precisará assumir o pagamento de quaisquer juros ou multas por atraso com seu próprio dinheiro ou pagar o valor total da fatura do cartão de crédito com seu próprio dinheiro, e seu amigo lhe devolverá o montante do empréstimo ao longo do tempo.
Pontos, Milhas e Dinheiro de Volta
Agora podemos nos voltar para a pergunta original sobre pontos, milhas ou dinheiro em troca do uso do cartão de crédito de outra pessoa. Como explicamos, há essencialmente duas transações acontecendo. Quando o banco ou o emissor do cartão de crédito lhe dá uma "recompensa" pelo uso do cartão, é um presente deles, não do seu amigo, e portanto permitido. Isso é semelhante à regra de que uma pessoa pode recompensar outra pessoa para emprestar dinheiro a uma terceira (desde que o mutuário não tenha direcionado o doador para fazê-lo).6
Deve-se ressaltar, no entanto, que só porque algo pode ser permitido de forma haláquica, não significa necessariamente que seja financeiramente sensato ou legal fazê-lo. Emprestar o cartão de crédito apenas para ganhar pontos geralmente é uma má ideia, e as pessoas podem perder milhares de reais quando o mutuário não puder pagá-los de volta em tempo hábil.
Ao mesmo tempo, emprestar dinheiro sem juros (de maneira responsável) é uma das maiores mitsvot. A Torá faz uma associação de que ao ser cuidadoso com a mitsvá de não cobrar juros, nos remete ao episódio histórico quando D’us nos libertou da escravidão do Egito.7 Os místicos nos dizem que quando tomamos cuidado com esta mitsvá concedendo empréstimos sem juros, D’us se torna um parceiro em nossos esforços, assegurando que seremos bem-sucedidos e dignos de Suas bênçãos, ao mesmo tempo que merecemos que Ele nos tire de nosso “Egito pessoal” e, finalmente, deste exílio final.8
Que seja rapidamente em nossos dias!
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