Ao longo da história, os judeus tiveram o cuidado de manter seus nomes distintamente judaicos. Na verdade, nossos sábios declaram que embora mais de dois séculos de exílio e escravidão no Egito tivessem quase assimilado os Filhos de Israel na sociedade idólatra do Egito, uma das razões pelas quais eles mereceram sua redenção milagrosa foi que mantiveram seus nomes.1

Tradicionalmente, os nomes judaicos são em hebraico, iídiche ou ladino. Alguns outros nomes que surgiram ao longo dos anos e foram aceitos e acrescentados como nomes judaicos.

O nome Alexandre, entretanto, é único. É originário do rei grego Alexandre, o Grande, governante da Macedônia, que estabeleceu o maior império que o mundo antigo já viu. Em outras palavras, sua origem definitivamente não é judaica.

Outra diferença: quando nomes de origem não hebraica são escritos em documentos hebraicos, como uma carta de divórcio, há um estilo específico de grafia usado. Alexandre, no entanto, é soletrado de acordo com as regras hebraicas.2

Como Alexandre ganhou um lugar tão especial na nomenclatura judaica?

Shimon o Justo e Alexandre o Grande

O seguinte está registrado no Talmud3 e Meguilat Ta’anit4

No dia 21 de Kislev5 do ano 3448 desde a criação (313 AEC), depois que Alexandre, o Grande, pôs fim ao domínio persa e marchou pela Terra de Israel, os samaritanos, inimigos ferrenhos do povo judeu, convenceram Alexandre de que os judeus se rebelaram contra sua soberania e que seu Templo Sagrado em Jerusalém deveria ser destruído

Alexandre marchou em direção a Jerusalém à frente de seu exército. Ao saber disso, Shimon HaTsadic (Justo), que era então o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) e um dos últimos remanescentes dos Homens da Grande Assembleia, vestiu as roupas sacerdotais e foi saudar Alexandre, junto com uma delegação de dignitários judeus carregando tochas.

Os dois grupos marcharam em direção ao outro durante a noite inteira, e ao romper do dia se encontraram. Alexandre perguntou aos samaritanos: "Quem são essas pessoas que vêm ao nosso encontro?"

Disseram-lhe: "Estes são os judeus que se rebelaram contra você!"

Assim que Alexandre avistou o rosto do Cohen Gadol, desceu de seu cavalo e curvou-se em sinal de reverência.

"Um grande rei como você deveria se curvar a esse judeu?" perguntaram os membros de sua comitiva.

"Eu faço isso", respondeu ele, "porque a imagem do rosto deste homem aparece diante de mim e me leva à vitória quando estou nos campos de batalha."

Alexandre, então, perguntou aos representantes do povo judeu por que vieram ao seu encontro.

“É possível”, eles responderam, “que os gentios tentem enganá-lo para que destrua o Templo, no qual rezamos por você e para que seu reino não seja destruído. Deveríamos permanecer em silêncio e não contar a você !?”

“Quem são essas pessoas que querem destruí-lo?” perguntou Alexandre.

“São esses mesmos samaritanos que estão com você”, responderam os judeus.

"Se for assim", disse o rei, "eles são entregues em suas mãos para decidirem como quiserem."

Os judeus destruíram o templo samaritano no monte Guerizim, arando a área e semeando com alho-poró (em sinal de total destruição), da mesma forma que procuraram fazer com o Templo Sagrado de Jerusalém.

A descrição desse encontro em fontes judaicas tradicionais termina aqui. No entanto, no Sefer Yosipon, 6 outra parte crucial da história é adicionada:

Shimon HaTsadic então levou Alexandre o Grande para um passeio pelo Templo Sagrado. Alexandre, impressionado, desejou doar ouro para que uma imagem de si mesmo fosse colocada no Templo Sagrado para que fosse imortalizado.

Shimon objetou, dizendo que era proibido aos judeus ter imagens gravadas, e certamente não no Templo. Ele sugeriu que, em vez disso, ele doasse o ouro aos pobres. E quanto a comemorar a ocasião, Shimon sugeriu uma maneira ainda melhor: todos os meninos cohanim nascidos naquele ano seriam chamados de "Alexandre".

Alexandre gostou da ideia, e os judeus, que eram muito gratos a Alexandre por tudo o que ele fez por eles, incluindo poupar o Templo Sagrado da destruição, agradecidos deram o nome dele a seus filhos. Assim, o nome Alexandre tornou-se para sempre um nome judaico.