Tradição icônica em Nova York, milhares de rabinos Chabad se reuniram para a foto oficial dos participantes da Conferência Internacional dos Emissários Chabad Lubavitch (Kinus Hashluchim). A edição deste ano trouxe um significado adicional à medida que a comunidade judaica enfrenta adversidades sem precedentes.
Como tema central da conferência deste ano está a tragédia em Israel e ações para fortalecer e apoiar o povo de Israel, bem como fortalecer o judaísmo e o combate ao antissemitismo. Estima-se que 1.400 rabinos Chabad não puderam viajar de Israel para a conferência, optando por permanecer ao lado em apoio e fortalecimento de suas comunidades, tanto material quanto espiritual, quando enfrentam momentos muito difíceis.
De acordo com uma pesquisa recente com rabinos Chabad nos Estados Unidos, divulgada como parte da conferência, 98,6% dos entrevistados disseram que, desde 7 de outubro, observaram um aumento na prática pessoal relacionada às tradições e observâncias judaicas entre os membros da comunidade.
O banquete de gala da 40ª Conferência Internacional dos Emissários Chabad-Lubavitch reuniu rabinos e convidados de todos os 50 estados dos EUA e de mais de 100 países para uma tarde de preces e inspiração, com transmissão ao vivo transmitida simultaneamente em Israel para 1.400 emissários Chabad que permaneceram na Terra Santa, para não deixar seus postos durante este período de guerra.
O programa foi realizado no Centro de Convenções de Nova Jersey, teve início com uma comovente oração em memória dos 1.400 homens, mulheres e crianças inocentes brutalmente assassinados em Israel por terroristas do Hamas no ataque em Simchat Torá. A oração Keil Moley foi liderada pelo mundialmente renomado Cantor Yitzchak Meir Helfgot, que concluiu com um apelo pela chegada imediata de Mashiach.
O banquete teve início com o Rabino Moshe Kotlarsky, diretor da Conferência Internacional dos Emissários Chabad-Lubavitch e vice-presidente do Merkos L'lnyonei Chinuch, o braço educacional do movimento Chabad-Lubavitch dando as boas-vindas, não apenas aos 6.500 presentes no salão, mas também aos que se juntaram remotamente de Israel. Muitos rabinos Chabad realizaram simultaneamente um banquete em Jerusalém, que contou com a participação de 1.400 emissários que não puderam comparecer ao Kinus em Nova York para continuar a dar apoio às suas comunidades, às famílias enlutadas e aos soldados de Israel.
O tema da tarde foi de vital importância para tomar ações acima de tudo; um chamado emitido pelo Rebe, Rabino Menachem M. Schneerson, de abençoada memória desde os primeiros dias de sua liderança do movimento Chabad.
Quando uma casa está em chamas, dizia frequentemente o Rebe, não há tempo para sermões – o bombeiro deve correr para apagar o fogo e salvar aqueles que estão em perigo. Este é o papel de um emissário, onde quer que esteja, deixar tudo de lado e cumprir a missão de salvar vidas, uma tarefa essencial que lhe foi confiada.
A recitação de Tehilim, salmos, foi conduzida por um rabino no Kotel Plaza, projetados nas paredes de pedras no Kotel, Muro das Lamentações, formando um cenário impressionante e inspirador. Ele foi seguido pelo rabino Joseph Aronov, presidente da Organização Juvenil Chabad em Israel, e pelo rabino Levi Pels da cidade de Ashkelon, ambos transmitidos ao vivo do banquete em Jerusalém.
O Rabino Yehuda Krinsky, presidente do Merkos L'inyonei Chinuch, destacou o interesse sem precedentes ao cumprimento das mitsvot desde o dia 7 de Outubro pelos soldados das FDI, estudantes universitários nos campis dos EUA e judeus em todo o mundo.
O público presente ao banquete levantou em peso para aplaudir pai e filho, Neria e Meir Amitai de Ashkelon, que cantavam em Jerusalém.
A apresentação de um vídeo mostrou o trabalho dos emissários Chabad em várias “linhas de frente”. Ele traçou linhas fortes entre os rabinos Chabad em Hebron, que além de seus uniformes como emissários Chabad vestiram os das FDI, com os shluchim na Universidade Columbia de Nova York, onde estudantes judeus estão surpresos e abalados diante de ataques e protestos antijudaicos violentos. O vídeo foi intercalado por mensagens inspiradoras do Rebe, Rabino Menachem M. Schneerson, de abençoada memória.
Um estudante da Universidade de Columbia, Eitan Feifel, neto de sobreviventes do Holocausto, falou sobre os “rios de ódio” que inundaram as ruas e como outros estudantes judeus estavam considerando retirar mezuzot de suas portas. “Em Israel, nosso povo tem as FDI”, disse ele, “e ao redor do mundo temos os shluchim do Rebe, que trazem positividade e orgulho para as linhas de frente”.
“Em vez de retirar as mezuzot”, continuou ele, “nosso rabino anda pelo campus colocando mezuzot onde quer que um judeu possa ser encontrado”.
Sua palestra resultou em uma apresentação sobre o trabalho de três gerações da família Pizem, que servem como emissários Chabad na cidade de Sderot, na linha de frente, localizada tão perto de Gaza que há apenas 12 segundos para encontrar abrigo quando um foguete é lançado em sua direção; mais de 10 mil foguetes atingiram Sderot desde 2001. Eles falaram sobre sua experiência em 7 de outubro, quando ficaram cara a cara com os terroristas do Hamas, que mataram mais de 45 de seus amigos e vizinhos.
O programa, na sequência, contou com a participação de Avraham Pizem, de 9 anos, que se dirigiu às multidões em ambos os continentes usando seu colete e capacete à prova de balas.Em um discurso poderoso no qual mostrou equilíbrio e sabedoria além de sua idade, o jovem Pizem compartilhou como é correr em busca de abrigo, às vezes não conseguindo chegar a tempo. As luzes do salão diminuiram e ele liderou a contagem regressiva de 12 segundos para que todos pudessem refletir sobre o significado do tempo e o quanto eles são capazes de realizar em tão pouco tempo. [Dar um sorriso para um conhecido, dirigir uma boa palavra a alguém que necessita, colocar uma mezuzá...]
Concluiu gritando “chazak, chazak venitchazek” – “Seja forte, seja forte e vamos nos fortalecer” – antes de cair no abraço espontâneo de seu irmão mais novo.
Os participantes de todas as mesas se levantaram e de braços dados dançaram juntos e emocionados.
Kenyote foi proferido pelo Rabino Chabad Yehuda Stern, líder espiritual e diretor da Sinagoga de Sydenham, a maior sinagoga de Joanesburgo, África do Sul. Ele citou o poeta judeu medieval Judah Halevi: “Meu coração está no leste e estou nos confins do oeste”. Dirigindo-se em inglês e hebraico, ele falou sobre sua dor pessoal e orações, com seus pais e irmãos em Israel. Ele falou sobre seu irmão, Duddie, que está em Gaza, colocando sua vida em risco para proteger vidas judaicas.
Então, traçando paralelos com Avraham e Sara, a quem D'us presenteou a Terra de Israel, ele falou da força sobrenatural do povo judeu e da eternidade dada por D'us e de sua capacidade inata de se voltar para D'us e responder à adversidade com força, coragem, fé e até alegria.
A certa altura, todas as pessoas presentes começaram a entoar a canção com as palavras emocionantes de Ani Maamin (“Eu Acredito”), que expressa a fé inabalável do Povo Judeu na chegada de Mashiach. A melodia foi trazida das profundezas do Holocausto, composta no vagão de gado a caminho do Campo de Extermínio de Treblinka, onde cerca de 900 mil judeus foram mortos.
Não satisfeito apenas com sentimentos fortes, Kotlarsky instigou o público a continuar a encorajar os judeus a aumentar ainda mais a observância das mitsvot, preparando o mundo para a chegada de Mashiach.
Rabino Mendy Kotlarsky, se juntou à chamada oficial, feita quase ao final do Kinus, quando são citados todos os países onde os emissários Chabad atuam e estados americanos.
No final, todos se levantaram e dançaram unidos com otimismo e alegria, coroando o evento que abrangeu todos os espectros de emoções e deixou os participantes determinados a retornar para casa e realizar muito mais em prol de Israel, dos judeus e do mundo.
Assista: Banquete do Kinus Hashluchim 5784
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