Outro dia, eu estava participando de um seminário, e a reação a algo que eu disse fez-me ver que não o dizemos suficientemente.

Estávamos reunidos – acadêmicos, planejadores e políticos – para discutir a conexão entre escolas e cidadania. No decorrer de minhas afirmações, eu disse que não temos professores suficientes. Culpamos as escolas quando elas falham, o que ocorre raramente. Mas não entoamos louvores quando são bem sucedidas. Para minha surpresa, aquilo foi muito aplaudido. Estava claro que eu tocara numa verdade esquecida.

Para nós como judeus, o líder mais notável que já houve foi Moshê. E o que me fascina é o título que demos a ele. Moshê foi um libertador, aquele que deu a lei, um comandante militar e um profeta. Mas não o chamamos por nenhum desses títulos. Em vez disso, chamamo-lo de Moshê Rabeinu, Moshê nosso mestre. Porque esta, para nós, é a maior das honrarias. E o motivo, creio eu, é este.

Há muito tempo, o povo judeu chegou à conclusão de que para defender um país, é preciso um exército. Porém, para defender uma civilização, precisa-se de escolas. A instituição social mais importante é o local onde passamos nossos valores à próxima geração – onde dizemos a nossos filhos de onde viemos, quais são os ideais pelos quais lutamos, e o que aprendemos no caminho. As escolas são onde fazemos das crianças as nossas parceiras na longa e interminável tarefa de tornar o mundo um lugar melhor.

E assim, da era bíblica até hoje, os judeus se tornaram um povo cuja paixão era a educação, cujo maior amor era aprender, cujas cidadelas eram as escolas, e cujos heróis eram professores. A Lei Judaica contém uma extraordinária provisão. Nos tempos antigos, havia locais separados como cidades de refúgio, para as pessoas que precisavam de proteção. E os rabinos decretavam que, se um aluno tivesse de ir para lá, o professor tinha de ir com ele. Por quê? Porque, nas palavras deles, a vida sem um professor simplesmente não é vida.

Os professores abrem nossos olhos para o mundo. Eles nos transmitem curiosidade e confiança. Eles nos ensinam a fazer perguntas. Ele nos conectam com nosso passado e futuro. São os guardiães de nosso legado social. Temos muitos heróis atualmente – esportistas, cantores, personalidades da mídia. Eles surgem, têm seus quinze minutos de fama, e se vão. Mas a influência de um bom professor fica conosco. São eles as pessoas que realmente moldam nossa vida.