Um dos méritos que os judeus tiveram para serem libertos da escravidão no Egito foi que eles mantiveram seus próprios costumes, inclusive sua própria língua. Embora na superfície isso signifique que eles falavam hebraico (como era falado na época), um entendimento mais amplo poderia ser que eles falavam da maneira que um judeu deveria falar, com as regras e nuances éticas e haláchicas também.

Aqui estão nove exemplos de “fala judaica”, conforme ditado pela Torá.

1. Mencionando D’us

Quando alguém é questionado sobre como está, invariavelmente responde: Baruh Hashem, Graças a D’us. Costumamos agradecer a D'us pelo bem em nossas vidas (mesmo que às vezes a gente fale soltando um suspiro). Quando falamos sobre o futuro, dizemos, im yirtze Hashem ou Bezrat Hashem (“Se D’us quiser”) porque sabemos que o futuro também depende Dele.

2. Não prestar juramento

Fazer um juramento é algo muito sério; em um tribunal civil, afirmamos nossas observações, mas não juramos por elas. Ao mesmo tempo que cuidamos para não ofender ninguém, tomamos cuidado para não fazermos juramentos. Como não podemos ter certeza de que de fato conseguiremos cumprir nossos planos, então a priori evitamos fazer promessas que talvez não seremos capazes de cumprir.

3. Não fofocar

Qualquer tipo de fala que possa de alguma forma causar dano a outra pessoa – calúnia, difamação - são proibições muito graves na Torá. O dano que pode causar pode sair do controle e ocasionar perda de saúde, dinheiro, reputação, carreira, e até mesmo a vida. Existem mais de 30 mandamentos separados que regem a linguagem imprópria, enfatizando que devemos ser extremamente cuidadosos com nossas palavras o tempo todo.

4. Purificando nossa fala

Xingar ou usar qualquer tipo de linguagem profana é proibido no judaísmo. D'us nos concedeu o dom da fala, e não devemos sujar as ferramentas que usamos para nos comunicar, com vulgaridade ou palavras ofensivas.

5. Mantendo nosso discurso positivo

Elogios, gratidão e palavras de louvor são a linguagem do judeu. Muito antes de coaching profissionais adotarem a boa energia criada por afirmações e conversas positivas, o povo judeu era chamado de “Yehudim” da palavra yehudi, que significa literalmente “aquele que agradece”.

6. Manter-se longe da falsidade

Não basta não mentir. É preciso ser impecável em sua fala para que não chegue nem perto de tornar-se uma fofoca ou uma mentira.

7. Não causar dor a ninguém

Não podemos lembrar as pessoas de seus erros passados, insultar alguém, provocá-los, intimidá-los, ameaçá-los ou de qualquer forma usar palavras para causar-lhes dor ou angústia. Mesmo insinuar algo que possa causar dor não é permitido. Isso é especialmente verdadeiro quando se fala com alguém vulnerável, como uma viúva ou um órfão (e muitos outros). Não se deve causar dor nem mesmo com palavras que de outra forma pareceriam inócuas.

8. Falar com respeito

Há uma mitsvá especial de respeitar os idosos, pais, rabinos e professores tanto na fala quanto na ação; dirigindo-se a eles pelo título e falando com paciência, respeito e humildade.

9. Rezar e estudar Torá

Procuramos sempre estar sintonizados com D’us. Há um midrash que diz que as palavras de uma pessoa são contadas, com exceção daquelas que usa para rezar e estudar Torá. Há tantas ideias espirituais elevadas e assuntos mais relevantes na vida que não devemos desperdiçar nosso tempo com banalidades. Quando usamos nossa fala para influenciar outras pessoas de forma profunda e significativa, valorizamos quem somos e a quem servimos.