“Se uma mulher concebe e dá à luz a um menino, ela ficará impura durante sete dias.” (Vayicrá 12:2)

A Parashá Tazria aborda diversas impurezas associadas com o corpo humano e nos ensina seus meios de purificação. Rashi declara que este assunto segue a discussão da parashá anterior (Shemini) sobre os animais e aves casher e não casher.

Citando o Midrash, Rashi explica: “Assim como a criação do homem foi depois de todos os animais domésticos, animais selvagens e aves, assim também, as leis da Torá sobre o homem são declaradas após as leis sobre animais domésticos, selvagens e aves.”

Qual é o significado da criação do homem (no sexto dia da criação) depois de tudo o mais?

O Midrash explica que o homem foi criado por último para indicar que, se ele não é merecedor, é inferior a todos os animais que o precederam na ordem da criação. Como é explicado no Tanya (Capítulo 29), a baixeza do ser humano é seu potencial de desejar aquilo que D'us proíbe – mesmo se na prática não cometer o pecado.

Esse é o significado da criação do ser humano ter sido depois de todos os animais, significando a inferioridade humana. Pois os animais não-casher e feras selvagens jamais podem ir contra sua missão Divina e o propósito de sua existência, já o ser humano pode ser levado e atraído mais facilmente a comportamentos contraditórios à vontade Divina.

Isso explica por que as leis da Torá sobre a pureza e a impureza do homem também vêm após as leis sobre os animais. A Torá gradualmente avança em suas lições e mensagens, dos tópicos e tarefas mais fáceis para aqueles mais difíceis.

As leis do discernimento entre o puro e o impuro, casher e não casher, representam o refinamento espiritual dos vários aspectos da criação como possibilitados pela Torá. Portanto, a tarefa final e mais complexa abordada é o refinamento do corpo humano.

Então, assim como o físico carrega o potencial de se opor à vontade Divina mais do que qualquer outra criação, seu refinamento é também a tarefa mais difícil de todas, e por essa razão suas leis foram abordadas por último.

Likutei Sichot, vol. 7, págs. 74-76