Nos anos sessenta, pela Divina Providência, minha família mudou-se para a casa ao lado do dormitório da Yeshivá Lubavitch em Montreal. Certo dia, meu irmão mais novo de cinco anos, Reuven, ou “Ruby”, acertou uma bola de beisebol na janela do dormitório.
Os alunos vieram até esse garotinho bonitinho, e você sabe como são os Lubavitchers: eles começaram a falar com ele. Antes que você percebesse, eles estavam vindo visitar nossa família em casa.
Zalman Deitsch era um dos alunos que frequentava minha casa e também aprendia comigo. Eu já frequentava uma yeshivá em Montreal, mas antes do meu Bar Mitzvah naquele verão, ele sugeriu que eu fosse estudar na Yeshiva Chabad em Nova York.
“É uma yeshivá fantástica'', ele me disse. “Você vai adorar lá.”
Então em 1965, eu vi um menino jovem e petrificado – para a Yeshivá Lubavitch na esquina das ruas Bedford e Dean no Brooklyn, Nova York. Todos eram muito legais comigo, mas foi uma experiência tremendamente nova.
Durante meu primeiro ano, tive o mérito de ter uma audiência com o Rebe.
Minha yechidut ocorreu logo após meu Bar Mitsvá que tinha sido em Montreal. O Rebe estava extremamente caloroso, e quando entrei, ele olhou para mim e perguntou: “Você já esteve em meus farbrenguens?”
“Sim,” respondi, “estive”.
“E você entende meus farbrenguens?” ele perguntou.
O que um garoto de treze anos deveria responder? Havia chassidim de setenta anos que não entendiam todas as palestras do Rebe.
“Nem tudo”, eu admiti.
Ele então perguntou se eu sabia cantar, e eu disse que sim.
“Bem,” ele disse, “este Shabat vai ter um farbrenguen e eu estarei observando você enquanto você canta.”
O calor com que ele falou comigo, depois que eu vim sozinho para Nova York, foi como o de um pai cuidando de seu filho. Naquela época, quando o Rebe ia realizar um farbrenguen no Shabat, ninguém sabia disso com antecedência, a menos que fosse em uma das datas específicas em que havia um farbrenguen todo ano. Caso contrário, todos descobriam no próprio dia. Mas de vez em quando, o Rebe avisava alguém de antemão, e eles espalhavam a notícia. Naquela época, eu era o menino sortudo por poder sair do escritório do Rebe e dizer a todos que haveria um farbrenguen naquele Shabat.
De repente, eu era o cara mais popular do mundo! Portanto, foi um começo maravilhoso para minha nova vida na yeshivá; foi uma mudança e tanto no estilo de vida, mas positiva.
Alguns anos depois, minha adorável irmã Shoshana estava morando em Richmond, Virgínia. Ela era casada com o rabino Shlomo Capland, que trabalhava como professor judaico da quinta série, e eles esperavam um filho. Na verdade, embora eles não soubessem disso na época, ela não daria à luz um filho, mas dois. Eles só descobriram que ela estava grávida de gêmeos no último minuto, no entanto, o que levou a algumas complicações médicas graves.
Por volta da 1h, em meu dormitório, recebi um telefonema de meu cunhado, com um pedido urgente: “Você pode, por favor, entrar em contato com o Rebe? Precisamos de uma bênção. Os médicos dizem que, se não fizerem uma cirurgia de emergência imediatamente, Shoshana e os bebês estarão em sério perigo”.
Tanto ele quanto minha irmã não queriam fazer nada até que tivessem a bênção do Rebe.
Liguei imediatamente para algumas pessoas e consegui o número do telefone residencial do rabino Leibel Groner, o secretário do Rebe. Quando liguei para ele, Rabi Groner realmente me deu o número do telefone residencial do Rebe, como havia sido instruído a fazer em circunstâncias de emergência. Claro, não anotei o número para guardá-lo e joguei-o fora imediatamente após ligar.
A essa altura, já devia ser quase 2h da manhã. A esposa do Rebe, Rebetzin Chaya Mushka, atendeu o telefone e eu me desculpei.
“Por favor,” ela respondeu, “é para isso que estamos aqui. Se sua irmã tiver uma emergência, queremos ajudar a garantir que tudo fique bem.”
Ela não disse: “Por que você está ligando a esta hora?” ou qualquer coisa assim; ela era calorosa e amorosa, e ela me fez sentir muito confortável.
Depois de alguns minutos, ela voltou ao telefone. “Diga a sua irmã e seu cunhado que não há com o que se preocupar. E diga aos médicos que vai ser um parto natural.
Mais tarde, ouvi de meu cunhado que os médicos, que haviam previsto grandes complicações, o criticaram fortemente por interferir. Mas, assim que a bênção do Rebe chegou, os bebês saíram e tudo ocorreu de maneira suave e natural. Foi um milagre de Hashem!
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