Chalá é o pão trançado presente nas mesas do Shabat nos lares judaicos em todo o mundo.

Aqui estão 11 detalhes interessantes para você sobre este pão tradicional e delicioso.

1 – Origens Bíblicas

A palavra chalá na Torá surge primeiro quando D'us descreve ao povo judeu como será a vida para eles na Terra de Israel:

“Quando chegarem à Terra a qual Eu trago vocês, quando vocês comerem do pão da Terra, devem separar chalá (uma porção da massa) para D'us..“ (Bamidbar 15:18-19).

Chalá é usada para descrever a porção que é separada. Massas feitas de qualquer um dos cinco grãos (trigo, cevada, espelta, centeio, aveia) deveriam ter uma porção separada, que mais tarde era dada aos cohanim (sacerdotes) que trabalhavam no Templo Sagrado e a seus familiares para comerem.

2 – Chalá no Templo

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Quando o antigo Templo estava de pé em Jerusalém, 12 pães de trigo especiais não fermentados, chamados chalá eram colocados sobre uma mesa de ouro cintilante, oposta à menorá de ouro. Esses deliciosos pães frescos eram trocados semanalmente e representavam cada uma das 12 tribos de Israel que juntas formavam um todo: o povo judeu.

A santidade do Templo poderia ser negada a nós no momento, mas a santidade que habitava nele não desaparecia. Cada um dos nossos lares pode ser um Mikdash Me’at, um Templo em miniatura. Não temos a magnífica menorá de ouro do Templo, mas cada um de nós pode prezar as luzes mais modestas do nosso Shabat e as velas das festas em nossos lares. Embora não tenhamos mais os 12 pães sobre a mesa de ouro do Templo, ainda colocamos dois pães, chalot, sobre nossas mesas de Shabat e feriados.

Leia: O Que é Chalá?

3 – Por Que Dois Pães?

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

É tradicional colocar dois pães sobre as mesas do Shabat e feriados. Isso representa a porção dupla de maná com a qual D'us alimentou o povo judeu enquanto eles vagavam pelo deserto durante 40 anos após deixarem o Egito. (Shabat 117b)

Como escravos, os judeus submetidos a trabalho muito duro. Eles aprenderam no deserto como fazer uma pausa em seu trabalho observando o Shabat, quando nenhum trabalho era realizado. Uma vez que o único trabalho que os judeus tinham que fazer no deserto era coletar sua porção diária de maná (todas as outras necessidades, como abrigo e roupas, eram providenciadas diretamente por D'us), eles foram instruídos a não recolherem no Shabat. Em vez disso, D'us enviava uma porção dupla de maná todas as sextas-feiras; é essa porção dupla que lembramos através das nossas duas chalot no Shabat.

4 – Lembrando o Templo Hoje

Embora nosso Templo esteja destruído, ainda hoje observamos a mitsvá de separar a chalá. Os padeiros judeus, tanto cozinheiros domésticos quanto padarias comerciais, separam uma porção de massa, igual ao tamanho de um ovo pequeno, de cada lote de pão que assam. Depois de amassar a massa, deixá-la crescer, cobre-se ela com um pano e, recita-se uma bênção especial:

Baruch Atá Ado-nai, Elo-hei-nu Melech HaOlam, Asher Kideshanu Bemitsvotav Vetsi-vanu LeHafrish Chalá.

“Bendito és Tu, D'us nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou separar a chalá”.

Então molda-se as chalot, e esse pedaço de massa, chalá, do tamanho de um ovo é segurada na mão e se declara sobre ela:

Ha-rei zo chalá. (“Eis que isto é chalá.”)

Após assar as chalor trançadas, pega-se esse pedaço separado que pode ser embrulhado e queimado no forno ou na boca do fogão até torrar. (Nenhum outro pão pode ser assado no forno enquanto esta porção estiver sendo queimada.)

Nota: apenas a massa de pão feita comais de 1.666 gramas, ou mais de farinha (de qualquer um dos cinco grãos: trigo, aveia, espelta, cevada ou centeio) são separados com uma bênção.. Tornou-se costume de muitas mulheres judias assar propositadamente pão com a quantidade de farinha apropriada para terem a oportunidade de cumprir a mitsvá de separar a massa da chalá e poder recitar a brachá.

Leia: A Lei de Separar Uma Porção da Massa

Receita de Chalá

5 – Chalá Achatada/Plan


Muitos judeus modernos pensam na chalá como um delicioso pão trançado feito à base de ovos. Mas durante os séculos, a definição de exatamente a que tipo de pão isso se refere evoluiu.

Pães mais achatados ainda são usados em algumas comunidades sefarditas. Alguns judeus marroquinos servem pães redondos, às vezes polvilhados com especiarias e azeite antes de assar, no Shabat. Os judeus do Iêmen tradicionalmente serviam um pão achatado chamado lachoch, frito em uma panela, no Shabat. Algumas famílias judias persas colocam lindos pães de barbari, um pão achatado, em suas mesas de Shabat.

6 – Inventando o Pão Trançado

Hoje, muitas pessoas associam a chalá de Shabat com pão dourado trançado infundido com ovos, e às vezes recheados com passas doces. Segundo alguns, os judeus começaram a assar esse tipo de chalot trançadas em 1400 no sul da Alemanha e na Áustria. A maioria dos judeus da época comia pão de centeio escuro durante a semana: para distinguir o pão do Shabat, cozinheiros começaram a assar com farinha de trigo branca e fina. Adições como ovos e passas melhoraram ainda mais esses pães especiais. A trança os deixou ainda mais festivos eles parecerem ainda mais festivos.

É possível que esses antigos padeiros judeus tenham inspirado seus vizinhos não judeus, porque pães trançados ricos em ovos se tornaram tradicionais na região, às vezes chamados berchisbrod ou perchisbrod, e ainda são comidos hoje.

Leia: Por Que a Chalá é Trançada?

7 - Salgando Nossa Chalá

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Após recitar a bênção sobre a chalá (ou todos os outros pães), é costume cortá-la e mergulhá-la no sal. Isso lembra o sal que os cohanim do antigo Templo costumavam polvilhar sobre os sacrifícios que ofereciam a D'us e nos conecta diretamente ao culto de nossos ancestrais em Jerusalém. O sal também é um símbolo do povo judeu: nunca estraga, está sempre fresco, e realça a beleza e o sabor de tudo que toca.

8 – Não Ferir os ‘Sentimentos’ da Chalá?


Quando as chalot de Shabat e das festas são colocadas na mesa, elas são cobertas com uma bela cobertura, escondendo-as até a hora de fazer a bênção de Hamotzi sobre o pão. Uma das razões por trás deste costume revela muito sobre o valor que o Judaísmo atribuí à bondade e à sensibilidade com os outros; cobrimos as chalot porque é costume fazer uma bênção sobre o vinho no Shabat e feriados antes de fazer uma bênção sobre a chalá, e queremos proteger a chalá deste conhecimento de que ela não vem primeiro. Se nos esforçamos tanto para proteger os sentimentos do mero pão, quanto mais cuidado devemos ter para guardar os sentimentos de nossos semelhantes?

Os Significados dos Ingredientes da Chalá

9 – Chalá de Água

Nem todas as chalot são iguais. Muitos judeus sefarditas assam pães simples, chalot com água, sem ovos, açúcar ou outro adoçante.

10 – Formas Bonitas


Ao longo do ano judaico, algumas comunidades assam chalot em diferentes formatos ou incorporando diferentes decorações. É comum em todas as comunidades judaicas comer chalot redondas em Rosh Hashaná, o Ano Novo Judaico, até Simchat Torá, várias semanas depois. A forma redonda dessas chalot especiais simboliza a natureza circular do ano judaico. Elas também lembram coroas, relembrando a majestade de D'us durante os Grandes Dias Sagrados.

Alguns judeus têm o costume de assar a chalá “Schlissel”, também chamada de chalá “chave”, o primeiro Shabat após Pêssach. Esta é a chalá assada em formato de uma chave. Em algumas comunidades, os padeiros colocavam chaves de verdade dentro de suas chalot. Chaves de chalá comemoram quando o maná começou a cair. Nossos ancestrais sentiam o abrigo cuidadoso de D'us, que cuidava dos judeus no deserto. Um dos motivos sugeridos para assar esta chalá é que chalás no formato de chave nos lembram de pedir a D'us para abrir a chave ao Seu tesouro para nosso próprio sustento.

No Shabat antes de Yom Kippur, alguns judeus assam chalá decorada com o formato de escadas assadas dentro da massa, simbolizando a subida de Moshê ao Monte Sinai e nossas esperanças de que nossas preces subam aos céus em Yom Kipur. Outros assam a chalá “Feyguelech”, ou “Passarinho” antes de Yom Kipur; isso recorda a promessa do profeta Yeshayahu: “Como pássaros voando, assim D'us, Mestre das Legiões, protegerá Jerusalém, protegendo e resgatando, passando por cima e libertando”. (Yeshayahu 31:5)

11 – Um Momento Sagrado

Embora não haja obrigação de assar a própria chalá, algumas mulheres judias que optam por assar chalá para suas famílias usam o tempo para rezar. Algumas mulheres recitam Tehilim; outras formulam preces em suas próprias palavras. Como discutido acima, separar chalá é uma mitsvá importante que imbui o lar e sua chalá com santidade.

Algumas mulheres gostam de comparar os sete ingredientes da chalá tradicional ao estilo askenazi, cada um representa uma dimensão espiritual também. A água é frequentemente comparada à Torá e sua sabedoria. Fermento representa nossa capacidade de crescer e expandir e alcançar novas alturas. O açúcar nos lembra da doçura que esperamos trazer para nossas famílias e comunidades. O sal realça o sabor em outros ingredientes e também lembra o povo judeu: como o sal, nunca estragamos, mas permanecemos sempre frescos. O óleo, nos tempos bíblicos, era usado para ungir os reis e os sacerdotes que serviam no Templo; ele nos lembra de trazer majestade e santidade para nossas vidas também. Os ovos representam a doação da vida – algo que as mulheres judias ao longo dos tempos cultivaram em nossos lares e comunidades. A farinha representa a nutrição: assim como a farinha nos sustenta fisicamente, esperamos que a chalá que consumimos no Shabat e nas festas judaicas nos sustentem espiritualmente.