Um programa de estudo da Torá desenvolvido pelo Instituto Aleph foi oficialmente reconhecido pelo Bureau of Prisons dos EUA como uma opção aprovada de redução de pena para detentos e contará para consideração para libertação antecipada como parte do First Step Act do Departamento de Justiça.
Criado em 2018, o First Step Act oferece aos presos federais condenados por crimes não violentos a oportunidade de ganhar crédito de tempo para sua sentença de prisão participando de “programas de redução de reincidência baseados em evidências e atividades produtivas”.
Os presos federais que fazem aulas por correspondência “Sparks of Light” [“Centelhas (ou ‘faíscas’) de Luz”] poderão ganhar crédito de até 15 dias para a liberação antecipada a cada 30 dias de estudo. Os participantes podem escolher entre uma lista de mais de 30 aulas projetadas para estudantes com uma ampla gama de conhecimentos judaicos – “A Bíblia para os ignorantes, mas curiosos” - para presos que estão apenas curiosos sobre o judaísmo, à “Asseret HaDibrot”, uma profunda exploração dos Dez Mandamentos para aqueles com uma base mais forte no estudo judaico.
O Instituto Aleph, afiliado a Chabad-Lubavitch, a principal organização judaica que cuida de prisioneiros e suas famílias, elogiou o Bureau of Prisons por garantir que programas baseados na fé estejam disponíveis para aqueles que os desejam.
Ele foi acompanhado em seus esforços de advocacia pelo Rabino Moshe Margaretten da Associação Tzedek. Ambas as organizações estão na linha de frente para mudar a forma como o sistema de justiça criminal lida com as pessoas na prisão.
“Não há maior reabilitação e auto-aperfeiçoamento do que aprender Torá”, escreveu Margaretten. “E assim, é óbvio que os cursos de Torá devem ser considerados 'atividade produtiva'. É realmente uma honra trabalhar em conjunto com o Instituto Aleph.”
O Rabino Berel Paltiel, diretor de advocacia do Instituto Aleph, disse ao Chabad.org que “não há dúvida de que quando alguém se conecta com sua fé, se conecta com sua alma e aprende sobre si mesmo e seu propósito no mundo, isso pode levar à mudanças significativas."
A prisão é um momento de reflexão e crescimento pessoal
Paltiel observou que o Rebe — Rabi Menachem Mendel Schneerson, de abençoada memória — acreditava que as pessoas que foram condenadas por um crime deveriam passar algum tempo refletindo, melhorando e aperfeiçoando a si mesmas.
Não há conceito de prisão na Torá, ensinou o Rebe, “porque a ideia de apenas tirar o tempo de alguém não tem valor moral, ético ou produtivo, e é assim que muitos presos veem a prisão”, disse Paltiel.
Nesse caso, perguntou, qual é o valor da prisão?
Ao dedicar tempo ao aprendizado e à tentativa de melhorar a si mesmo, acrescentou, “a prisão se torna um tempo de reflexão e crescimento. Trata-se de tornar-se uma pessoa melhor e aprender com seus erros, e isso muda todo o tempo que uma pessoa passa na prisão.”
De acordo com o Rabino Yossi Cohen, do Instituto Aleph, para que as aulas de Torá contem como crédito de tempo de um prisioneiro, ele deve refletir e abordar questões relacionadas ao combate à reincidência e tornar-se um membro produtivo da sociedade. Isso significava desenvolver aulas que pudessem, por exemplo, incluir lições sobre controle da raiva ou paternidade.
Atualmente, 194 presos judeus em prisões federais em todo o país estão fazendo as aulas por correspondência “Sparks of Light” como parte do programa First Step Act.
Ao todo são mais de 1.200 homens e mulheres matriculados nos 32 cursos do Aleph, e aproximadamente 8.000 pessoas participaram ao longo dos anos.
Um desses participantes estava pensando em suicídio quando começou as aulas. Conforme escreveu ao Instituto Aleph:
“Eu estava em um lugar muito escuro quando solicitei os cursos. Hashem [D’us]mandou entregar exatamente no prazo. (…) O preço dos últimos sete anos, sobre minha esposa, filhos e netos, chegou a um ponto em que senti que não poderia suportar nem mais um dia. Eu li… todo [o material do curso] várias vezes naquela noite, através da luz na minha porta. Pela manhã, percebi o grande mal que estava prestes a cometer e joguei as pílulas no vaso sanitário.
“Minha vida”, escreveu ele, “não é minha para jogar fora”.
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