É meia-noite e aqui estou eu, graças a D'us, mais uma vez andando com meu bebê nos braços. É uma espécie de momento surreal, porque enquanto ando para frente e para trás, tentando “ninar” meu bebê para dormir, meu filho mais velho anda e conversa comigo. Olho para ele – é mais alto que eu – e para o bebê nos meus braços. É um momento dejà vu (já visto). Eles têm o mesmo rosto, apenas com 17 anos de distância.

Parte de mim deseja gritar de alegria, outra parte deseja chorar de exaustão, enquanto uma terceira parte deseja gritar pela dúvida que clama dentro de mim. “Posso realmente fazer isso? Tenho realmente a força? Agora? Nessa idade e estágio da minha vida? Posso aprender com os erros passados que cometi com meus filhos mais velhos e não repetir maus hábitos? D'us me dará nova energia, novas forças e vitalidade para criar os mais novos como Ele me deu com os mais velhos?” Tantos pensamentos à meia-noite.

Minha mente volta até meu Zaidy, meu avô de abençoada memória. Minha mente sempre voa té ele quando sinto a fraqueza da dúvida e quando me pergunto: “ É possível mudar? Posso realmente começar de novo nesse estágio da minha vida?”

Por que meu Zaidy? Bem, não apenas ele, mas também minha Bubbie, minha avó.

Zaidy tinha 50 anos quando a guerra terminou. Sua primeira esposa e toda a sua família foram assassinadas no Holocausto. Somente ele sobreviveu. Zaidy conheceu Bubbie, que era quinze anos mais jovem e também uma sobrevivente, ao final da guerra. Juntos, eles começaram de novo e tiveram minha mãe e minha tia.

Um novo país. Um novo idioma. Uma nova profissão.

As pessoas tendem a dizer que uma pessoa começa de novo a partir do nada, mas isso não é verdade. Você nunca é nada, mas uma vida de experiências e jornadas. Há estágios de sobes e desces, testes e tentativas. Há perdas e ganhos. Não vem do nada, mas sim, é novo.
É difícil? Claro.
É desafiante? Sem dúvida.
Impossível? Nunca.

Através do seu exemplo, Zaidy e Bubbie me ensinaram isso: eles estabeleceram um precedente de que com a ajuda de D'us, nada é impossível.

E assim, balanço e caminho com meu bebê, para cima e para baixo, para cima e para baixo, enquanto converso com meu filho mais velho. Penso nos meus avós, e rezo para que pelo seu mérito, eu tenha a força de fazer tudo aquilo que D'us deseja que eu faça, no momento, incluindo andar para cima e para baixo, e sim, também bocejando, quando eu realmente, realmente quero ir dormir e ter um momento silencioso.

Por que D'us escolheu o Monte Sinai para entregar a Torá? Há montanhas mais altas, e umas mais majestosas e belas. Mas D'us escolheu honrar o Monte Sinai com a outorga da Torá para nos ensinar humildade. Quando penso nessa pequena montanha e como D'us escolheu dar a Torá sobre ela, isso me encoraja para saber que a estrada para mudar, a estrada para crescer, a estrada para o novo não precisa ser tão alta, tão grande ou tão impossível. A própria grandiosa Torá foi dada sobre uma montanha pequena.

A Torá, somos ensinados, não está escondida, nem está distante. Não está no céu, para que você diga: “Quem vai subir ao céu para nós e abri-la para nós, ensiná-la para que possamos cumpri-la?” Mas sim, [essa] coisa está muito perto de você; está em sua boca e em seu coração, para que você possa cumpri-la” (Devarim 30:11-14).

Durante o Periodo entre Pêssach até Shavuot, há sete semanas especiais que recebemos como um presente e oportunidade para trabalhar sobre nós mesmos. Para mudar e criar mais auto-conhecimento. A estrada para mudar é difícil. É a estrada para sair fora da nossa zona de conforto. É uma ladeira e é um processo. Sim, a Torá foi dada sobre uma montanha e não sobre terra plana porque ela nos pede para empurrarmos a nós mesmos. Mas é viável; é possível. Há montanhas muito mais altas e mais difíceis de escalar.

Você tem apenas de querer o suficiente. Você tem de se empenhar no esforço, ser humilde e dar um passo, um de cada vez.