Quase todos que interagem com uma criança usam essa mistura de sons engraçados (da-dá! ga-gá!) e exageram expressões faciais. Linguagem de bebê.
Agora, deixe-me perguntar a você: falar conversa de bebê faz você se sentir menos como pessoa? Afinal, estamos aqui – crescidos, maduros, adultos, pessoas inteligentes – fazendo sons e caras engraçadas e até tolas. Isso diminui quem nós somos?
Claro que não. Na verdade, usamos conversa de bebê quando estamos repletos de amor; e embora possamos esconder nosso verdadeiro ser por trás de sentenças estruturadas e ideias articuladas, nossa verdadeira essência brilha quando mostramos nosso amor incondicional.
Vamos levar essa ideia um passo adiante. Por mais alto que pensemos sobre nós mesmos, D'us é o Mais Alto de todos os seres e de toda a existência; Ele é a suprema santidade e Sua sabedoria é infinita e inatingível. Então por que D'us iria criar um mundo grosseiro, materialista, imperfeito? O nosso mundo é apenas um último pensamento, em algum lugar ao final da lista Divina de prioridade?
Como um pai amoroso que interage com seu filho através de suavidade ou canto, D'us escolhe interagir conosco em nossa própria “linguagem de bebê”. Ele oculta Sua infinita grandeza para abrir espaço para esse mundo para que ele possa formar um relacionamento amoroso conosco, e nos prover com a capacidade de descobri-Lo.
Criar este mundo foi essencialmente o mais belo cartão de amor jamais escrito.
Essa ideia fortalecedora foi partilhada pelo Rebe quarenta anos atrás, em 1982, baseada numa parábola do Maguid de Mezeritch. Foi num farbrenguen (reunião chassídica ) comemorando o falecimento de seu predecessor bem como o aniversário do dia em que o Rebe assumiu a liderança do Movimento Chabad-Lubavitch.
Como foi adequado para o Rebe partilhar essa ideia! O próprio Rebe personificava o conceito de “falar na linguagem de uma criança”. Como um brilhante erudito da Torá, o Rebe poderia ter dedicado sua vida exclusivamente ao estudo das ideias mais profundas na Torá. Em vez disso, devotava milhares de horas às crianças, falando com elas, encorajando-as a serem crianças melhores e melhores judeus.
E não era apenas com crianças. O Rebe respondia a incontáveis cartas e recebia milhares de visitantes (na casa dos 80 anos, o Rebe recebia milhares de visitantes todo domingo!), muitos dos quais eram pessoas simples, longe de serem eruditos de Torá. O Rebe os abençoava, se conectava com eles, e falava sua linguagem. E o Rebe nos encorajava – a todos nós! – a fazer o mesmo para ensinar Torá e inspirar aqueles ao nosso redor a cumprirem mitsvot.
“Não pensem que ensinar e inspirar outros que poderiam não estar ao seu nível está abaixo da sua dignidade,” o Rebe dizia e repetia incontáveis vezes. “Isso é algo que todos precisamos fazer”. Afinal, se D'us pode se colocar no nível da linguagem de crianças, nós também podemos.
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