Quando eu tinha 19 anos, tive um estágio com um lobista em Washington, D.C. O rumo de minha carreira seria, eu pensava, algo internacional – talvez lei talvez política. Por um lado, eu me via viajando, trabalhando longas horas, mantendo-me ocupada com uma carreira; por outro lado, sempre tive esse desejo de ser mãe. Certamente não é uma contradição ser e fazer as duas coisas, mas eu sabia o que é uma criança chegar em casa e encontrá-la vazia, e esse não era o estilo de vida que eu imaginava.

Você também não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Ou você está em casa ou não está. Ou você está no escritório ou num avião, ou não está. (Veja, isso foi mais de 20 anos atrás quando não existia trabalho remoto.) Portanto, fiz uma escolha. Formei-me na universidade, deixei meu diploma de relações internacionais numa gaveta e nunca olhei para trás.

Quando finalmente me tornei mãe. era um valor muito importante estar presente, estar em casa com meus filhos pequenos. Tive o privilégio de poder amamentar meus bebês, o que é algo que exige uma incrível quantidade de tempo e dedicação física. Eu os trocava. Eu os mimava, trabalhava ao redor dos horários dos meus filhos portanto podia estar em casa com eles nas tardes. Ficava dizendo: “Somente eu posso ser a mãe deles.”

O que eu não entendia era que embora meus filhos pequenos precisassem de uma mãe presente, meus filhos mais velhos – meus adolescentes – precisavam muito mais de mim!

Quando as crianças são pequenas, você tem muita influência sobre elas, muito poder. Você as alimenta, dá banho, cuida de quase todas as suas necessidades físicas e emocionais. Você é a heroína delas. Aos seus olhos, você é sábia, sabe tudo. Mas agora, meus adolescentes são mais altos que eu! E é claro, eles pensam que sabem mais do que eu. Questionam tudo que eu falo e faço, e adoram argumentar. Estão sempre certos. Não é desrespeito, é um estágio como qualquer outro.

Portanto, tenho de admitir que eu estava ficando um tanto emotiva sobre essa mudança. Meus adolescentes revirando os olhos, de mau humor, a reclamação e palpites. E então tive uma conversa comigo mesma, perguntando: “Elana, vale a pena nosso relacionamento? Você não pode deixar passar, rir um pouco e estar lá?”

Temos algumas poucas regras com nossos adolescentes, a principal é “diga-nos onde vocês estão e com quem estão.” Apenas queremos saber se eles estão em segurança. Há confiança. Há respeito mútuo e consideração. Mas a única coisa que não mudou é que ainda sou mãe deles. Ainda é meu trabalho amar e não importa o que, dentro da minha capacidade. Mamãe está aqui. Esse relacionamento é a coisa mais importante que eu tenho agora com meus filhos (maiores).

E quem teria pensado? Quanto mais independentes, mais distantes e mais velhos eles ficam, mais os filhos precisam saber que você está aqui. Eu não estava esperando as necessidades de um adolescente – como é importante estar presente quando eles chegam em casa à noite (e veja, pode ser muito tarde, e estou tão cansada). Estes momentos quando eles querem compartilhar com você, pedir-lhe algo ou simplesmente conversar; esses não são mais tão frequentes. Os amigos consomem mais do tempo deles e sua opinião conta muito mais, portanto mesmo se você estiver no meio de algo, se não usar o tempo para seu adolescente naquele momento, você poderia perder aquela oportunidade para sempre.

Portanto talvez agora eu entenda por que Rachel, a mãe biológica de Yossef e Beniamin, é conhecida por toda as tribos e por todos os judeus como “Mama Rachel”. Porque Rachel, ela está lá.

A Torá descreve como Yaacov enterrou Rachel, não em Hebron com as outras matriarcas, mas na estrada a uma curta distância de Bethlechem. Os sábios (Rashi, Bereshit 48:7) explicam por que: Rachel tinha de estar lá para seus filhos.

Muitos anos depois, quando Israel foi exilado para a Babilônia, eles passaram pelo túmulo de Rachel, e isso lhes deu uma força tremenda. O profeta Yirmyáhu (31:14) descreve como quando o povo judeu passava pelo túmulo de Rachel, ela emergia e chorava e implorava misericórdia por eles. D'us ouviu seu amargo pranto e re-assegurou a Rachel de que por causa dela, Israel iria retornar à sua fronteira, o lar dela.

E assim, ela é “Mama Rachel” para todos nós. Ela ensina sobre o sacrifício de estar ali para seus filhos. Sentindo por eles, chorando por eles, guiando-os e os amando. Ela ensina a importância da presença de uma mãe, não importa qual a idade e qual o estágio.