Em 1648, Bogdan Khmelnitsky liderou ataques contra os judeus da Polônia, Bielorússia e Ucrânia, deixando comunidades inteiras brutalmente assassinadas pelo seu comando.
A história a seguir tem sido narrada de muitas maneiras, cada versão acrescentando cor e detalhe que às vezes complementam e às vezes contradizem as outras narrativas.
Quando chegou a notícia de que os grupos de assassinos estavam se aproximando de Vilna, os judeus da cidade tentaram fugir. Aqueles que não conseguiram, criaram uma barricada dentro de casa e rezaram por um milagre. Rabi Shabtai HaCohen Katz,1 conhecido como “o Shach” após sua obra monumental sobre o Shulchan Aruch (Código da Lei Judaica), fugiu para a floresta com sua pequena filha, Esther.
A menina estava doente, e enquanto eles seguiam o caminho cada vez mais profundo dentro da floresta e no frio, ela ficava cada vez mais fraca.
Por fim, o Shach chegou à triste conclusão de que sua amada filha, a quem ele tinha carregado tão carinhosamente, tinha falecido. Mas antes que ele tivesse uma chance de enterrá-la, ouviu o som de viajantes. Pensando que era o som dos cossacos, ele a deixou no chão e fugiu rapidamente.
Na verdade, era o som de um homem nobre numa expedição de caça. Logo, os cães que participavam do esporte começaram a latir e a farejar o odor que emanava do corpo. Quando o grupo aproximou-se da menina meio congelada, o rei instruiu seu médico a não poupar esforços para revivê-la.
Ele foi bem sucedido e o rei adotou a menina. Logo, ela se tornou a amiga mais querida e mais próxima da filha do rei. O tempo todo, Esther se lembrava que era judia e se recusava a comer comida não casher ou a se converter ao Cristianismo.
Certa noite, um fogo irrompeu na área onde as meninas viviam. A princesa foi imediatamente evacuada, mas antes que ela pudesse chegar até Esther, o fogo já tinha consumido os aposentos. Os criados do castelo procuraram por seus restos mortais, mas não encontraram nada. A princesa estava devastada.
O que tinha acontecido, na verdade, era que Esther tinha saltado para fora pela janela e fugido para a floresta. Ali, ela foi raptada por um grupo de bandidos que por fim a levaram de volta a Vilna e a ofereceram à comunidade judaica em troca de resgate. Nessa época, o Shach já não morava mais ali, tendo percorrido outros lugares como a Polônia, Boêmia e Áustria.
Reb Munish, um judeu rico e sem filhos, pagou o astronômico resgate exigido pelos bandidos, e a adotou como sua filha. Aos poucos ela aceitou muitas responsabilidades da casa, e era admirada pela sua capacidade e bondade.
Passaram-se os anos, e a esposa do homem bondoso faleceu. Foi sugerido que ele desposasse a jovem que dirigia sua casa. Ele sabia que não poderia encontrar ninguém melhor, e logo eles se tornaram marido e mulher. Ela se tornou conhecida pela cidade como uma anfitriã graciosa, sempre cuidando dos outros.
Algum tempo depois, o governador de Vilna publicou um decreto contra os judeus da área. A comunidade judaica se reuniu para rezar e pedir a D'us pela Sua misericórdia. Esther soube que a esposa deste governador era ninguém menos que a princesa com quem ela tinha sido tão próxima durante sua infância.Reconhecendo que a chave para a salvação do seu povo estava em suas mãos, ela marcou uma audiência com sua antiga amiga.
A princesa ficou feliz ao ver sua companheira há tanto tempo desaparecida e elas passaram horas conversando sobre suas vida. Por fim, Esther abordou o duro decreto, e a princesa garantiu a ela que faria o máximo para influenciar o seu marido. Ela teve sucesso, e a partir de então, Esther era bem vinda ao castelo, e conseguiu transformar o coração do governante em relação ao seu povo. Ela se tornou conhecida como “Rainha Esther”, em lembrança aquela que livrou o povo judeu da destruição durante a história de Purim.
Um dia, um estimado rabino chegou à cidade, e todos os habitantes judeus se reuniram na sinagoga para ouvi-lo discursar. Enquanto ele falava, Esther começou a recordar muitas lembranças. Ela reconheceu a voz dele e seu tom. E então isso a abalou – o doce som do seu pai estudando enquanto ela brincava ao seu lado quando era criança. Ela tinha certeza disso. Ela correu direto até ele, e pai e filha derramaram lágrimas de alegria e emoção por estarem novamente reunidos.2
Reconhecemos que tudo aquilo que acontece é pela mão de D'us e pela Divina Providência? Temos fé de que há um bom propósito em tudo que acontece conosco?
Fonte: Sefer Hamaasiyot, pág. 286
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