Na semana passada, minha filha mais nova viajou para passar um mês inteiro na colônia de férias pela primeira vez.

Nas últimas semanas, comprei tudo que ela iria precisar. Juntas sentamos em sua cama e etiquetamos todos os seus objetos. Empacotamos tudo numa mala enorme e numa mochila. Conversamos bastante sobre o que ela poderia esperar no acampamento. Falamos sobre diferentes cenários, e como ela estaria preparada para lidar com eles. E se ela sentisse saudades de casa? E se alguém no acampamento a incomodasse? E se ela ficasse doente?

E então, meu marido e eu a levamos ao embarque. Ajudamos a colocar as malas no ônibus que a levaria para a viagem. Acenamos, dando adeus um milhão de vezes e a abraçamos muito.

E agora ela está por conta própria.

Há uma doçura um tanto amarga ao enviar sua filha para longe. Você se preocupa se ela vai conseguir dormir à noite. Preocupa-se com ela fazendo novos amigos. Preocupa-se com a comida e com os mosquitos. Mas em última análise você confia que sua filha vai saber cuidar de si mesma, percebendo que chegou a hora de ela passar por esse teste de independência. Você entende que como pais, vocês podem apenas preparar sua filha. Em última análise, ela precisa abrir as asas e alçar voo.

E talvez isso seja um pouco daquilo que a parashá dessa semana aborda.

Embora os cinco livros da Torá tenham sido escritos por Moshê, os primeiros quatro livros foram transcritos, palavra por palavra, como ditados por D'us, enquanto Devarim foi escrito por Moshê “com suas próprias palavras”. Moshê, um ser humano, pegou o intelecto Divino e o processou através da própria mente para que se tornasse parte dele.

D'us deseja que aprendamos com Moshê, também, como usar nossas próprias palavras para criar uma experiência Divina. Usar nossos próprios talentos, personalidades e ações para expressar a vontade Divina. Absorver a sabedoria que D'us nos deu, e aplicá-la às nossas vidas. E para fazer isso, precisamos experimentar os altos e baixos, os sucessos e os erros da nossa independência.

É por isso que esta porção é lida no Shabat que antecede Tishá BeAv, o dia mais triste em nosso calendário. Devarim lembra-nos que, embora a independência tenha em última análise nos fortalecido, a perda dos Templos e o exílio subsequente em nossa história resultará em breve em uma maior elevação. Na redenção final, ao término da nossa jornada longa e solitária, sentiremos um relacionamento mais íntimo com D'us, exatamente por causa dos nossos próprios esforços independentes.