O que se segue é uma tradução livre de uma carta do Rebe para alguém que lhe escreveu sobre um evento trágico que ocorreu na própria casa do remetente. Essa pessoa convidou membros de sua comunidade para uma refeição festiva em sua casa em Shavuot, para celebrar a conclusão de um rolo da Torá que estava programado para ser apresentado à sinagoga nos dias seguintes a festa. No decorrer da celebração, uma jovem repentinamente sentiu-se mal e morreu. O anfitrião perturbado escreveu ao Rebe, fazendo as seguintes três perguntas:

  1. Como pode ser que uma mitsvá como a escrita de um rolo da Torá ser a causa de tal tragédia?
  2. O que deve ser feito com o rolo da Torá?
  3. Que lição ele, o anfitrião, deve tirar do fato de algo assim ter ocorrido em sua casa?

A resposta do Rebe... Em relação a A):

  1. É impossível para o homem, uma criatura finita, compreender todas as razões do Criador infinito. Na verdade, não temos como saber até mesmo algumas das razões de D'us, não fosse pelo fato de que D'us Ele próprio nos disse para buscá-los em Sua sagrada Torá (Torá significa "instrução").
  2. De acordo com a Torá, não pode ser que algo negativo resulte de qualquer uma das mitsvot de D'us (a doação de seu rolo da Torá); pelo contrário, elas protegem e evitam o mal.
  3. A todo e qualquer indivíduo é concedido uma determinada quantidade de anos de vida na terra. (É apenas em casos extremos que as ações de uma pessoa podem prolongá-los ou encurtá-los (com algum pecado terrível, etc., D'us proíba.))
  4. Baseado em (1), (2) e (3) acima, alguém talvez poderia aventurar-se a dizer que se a falecida (que a paz esteja com ela) não tivesse sido convidada para a celebração da entrega do Sefer Torá, ela teria se encontrado, no início do ataque, em ambientes completamente diferentes: na rua, na companhia de estranhos, sem a presença de um médico tanto amigo quanto judeu religioso; sem ouvir, em seus momentos finais, palavras de encorajamento e sem ver o rosto de amigos e companheiros judeus. Pode-se imaginar: a. a diferença entre as duas possibilidades?; b. o que uma pessoa experimenta em cada segundo de seus momentos finais, especialmente uma mulher jovem e religiosa na festa em que celebramos e revivemos o recebimento da Torá do Todo-Poderoso?!
  5. De acordo com o ensinamento do Baal Shem Tov – de que cada evento, e cada detalhe, ocorre por providência divina - é possível que uma das verdadeiras razões que o Sr. Z. foi inspirado de Cima para doar o rolo da Torá , etc., era para que, em última análise, a ascensão da alma da jovem fosse acompanhada de uma tranquilidade interior, ocorrendo em um lar judaico - um lar cujo símbolo e proteção é a mezuzá, que se abre com as palavras, "Ouça, ó Israel, D'us é nosso D'us, D'us é um."1

Em relação a B):

O rolo da Torá deve ser trazido para a sinagoga em conjunção com o shloshim2 do funeral da jovem (mesmo que a apresentação oficial seja realizada em uma data posterior).

Em relação a C):

  1. Obviamente, você e sua esposa, que vivam, têm muitos méritos. Sem ter buscado isso, você recebeu a oportunidade do Alto para uma mitsvá da mais alta ordem: a. para aliviar os momentos finais de um semelhante; b. para cuidar da mitsvá met (um cadáver sem ninguém para cuidar dele) até a chegada da ambulância. O mérito extremo deste último pode ser derivado do fato de que a lei da Torá obriga um Cohen Gadol, em Yom Kipur, a deixar o “Codesh haCodashim”, "Santo dos Santos3 [o local mais sagrado do Templo] para cuidar de uma mitsvá met(!)
  2. Esses méritos especiais vêm com obrigações especiais. No seu caso, isso incluiria explicar o que foi dito acima para aqueles que podem ter perguntas idênticas ou semelhantes às colocadas em sua carta, até que vejam o ocorrido em sua verdadeira luz: um tremendo exemplo da Divina Providência.4