As comunidades judaicas de seis países do Golfo Pérsico anunciaram na segunda-feira o estabelecimento da primeira organização da comunidade na região, com um rabino e um tribunal judaico, o Beth Din da Arábia.

A Associação das Comunidades Judaicas do Golfo (AGJC), que reúne judeus do Bahrein, Kuwait, Omã, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, será chefiada pelo rabino Elie Abadie e pelo presidente Ebrahim Dawood Nonoo.

A AGJC está criando um tribunal judaico, chamado Beth Din da Arábia, para presidir as questões de disputas civis, status individuais, herança e ritual judaico. Também administrará a Agência Árabe de Certificação Kosher nos seis países do Golfo.

O anúncio veio após o estabelecimento de relações diplomáticas com Israel em setembro como parte dos acordos de Abraão. Posteriormente, Israel também alcançou acordos de normalização com o Sudão e Marrocos.

"Nós pensamos que como o futuro mudou nos últimos seis meses aqui, como esta região está se abrindo para a presença do povo judeu, como comunidades, devemos nos reunir e tentar ter a infraestrutura necessária para servir a comunidade judaica local e todos os judeus que estão de passagem", disse Abadie ao Times of Israel.

Alguns países, como Emirados Árabes Unidos e Bahrein, têm comunidades judaicas relativamente estabelecidas, enquanto outros têm diplomatas, empresários, militares e funcionários judeus estrangeiros morando lá.

"Há um punhado na Arábia Saudita", explicou Abadie. "Há outros que ainda não vivem publicamente uma vida judaica, mas sabemos de pessoas que vivem lá e são membros de nossa associação".

A AGJC atenderá judeus asquenazes e sefarditas que vêm de países de todo o mundo. Abadie buscará incorporar tradições históricas da região do Golfo à vida religiosa da organização. Ele presidirá circuncisões, bar/bat mitsvás e casamentos. O ritual judaico de abate de animais também está planejado para os próximos meses.

Três rabinos são necessários para o Beth Din e, quando houver esse número, eles se juntarão a Abadie como juízes. Ofertas já vieram de Israel, Europa e Estados Unidos.

"Forneceremos serviços educacionais, palestras, conferências, aulas", disse Abadie. "Algumas (aulas e palestras) serão dadas pessoalmente - vou viajar para diferentes lugares - e outros serão dados via Zoom".

A AGJC também pretende construir lentamente um sistema educacional judaico, começando com programas para a primeira infância. Em Pêssach, que começa no final de março, a AGJC fornecerá livros de orações machzor, matzá e outros alimentos para a refeição do Seder.

A associação é financiada por doadores privados e membros da comunidade local. Até o momento, não recebeu verba de governos.

Abadie disse que as autoridades dos Emirados têm sido extremamente favoráveis. "Eles disseram que querem dar todo apoio à comunidade".

Abadie ainda não entrou em contato com as autoridades sauditas.

Nos últimos anos, os Emirados Árabes Unidos fizeram grandes avanços em se apresentar como um país aberto que respeita todas as religiões. O presidente Khalifa bin Zayed Al Nahyan declarou 2019 como o "Ano da Tolerância" nos Emirados Árabes Unidos. Nesse contexto, o país anunciou a construção de um enorme complexo inter-religioso em Abu Dhabi, que também incluirá uma sinagoga.

A chamada Casa da Família Abraâmica deve ser inaugurada em 2022.