Em sua marcha pacífica do Egito ao Monte Sinai, os filhos de Israel certo dia foram atacados de repente por uma tribo feroz, guerreira – os amalequitas. Foi um ataque covarde sobre uma nação que tinha acabado de recuperar sua liberdade, após séculos de escravidão e sofrimento. Com este ataque não provocado e traiçoeiro os amalequitas mostraram que não tinham sentimentos humanos nem consideração. Foi como “Pearl Harbor”, porém muitas vezes pior. Foi um ato de pura maldade, como a picada de uma cobra que nada fornece à cobra, mas mata a vítima.
Na batalha que se seguiu, Amalek foi derrotado, mas não destruído. D'us ordenou Israel a lembrar daquele covarde ataque de Amalek, e na hora e local exatos varrer Amalek da face da terra. Pois não pode haver paz no mundo enquanto se permita que os amalequitas existam.
Amalek atacou os filhos de Israel em Refidim logo depois que eles tinham “murmurado” e duvidado de D'us, dizendo: “O Eterno está ou não entre nós?”
Esse ataque nos ensinou uma lição que, infelizmente, se repetiu muitas vezes em nossa história. Sempre que começamos a duvidar de D'us e a abandonar Seus mandamentos, surge “Amalek”.
Somos ordenados por D'us a lembrar o mal que os amalequitas nos fizeram e apagar sua lembrança da face da terra. Em Purim, durante o serviço matinal, lemos a porção da Torá na qual a história do ataque de Amalek é relatado (Shemot 17:8).
A misericórdia mal empregada é pior que a crueldade.No Shabat anterior a Purim lemos uma porção adicional e especial da Torá (Devarim 25:17) que se inicia assim: “Lembra-te daquilo que Amalek te fez,” e este Shabat é chamado Shabat Parashá Zachor (Zachor significa Lembrar).
Por que devemos nos lembrar daquilo que Amalek nos fez? Por que neste caso não devemos perdoar e esquecer? A vingança não é proibida pela Torá? Estamos proibidos de alimentar ressentimento contra nosso próximo. Somos proibidos não apenas de magoar, insultar ou envergonhar alguém, como também de odiar qualquer pessoa em nosso coração, mesmo sem demonstrar isso externamente! Por que então somos ordenados a lembrar aquilo que Amalek nos fez? E como se não confiando em nossa natureza bondosa e inclinada ao perdão, a Torá repete novamente a ordem: Não esqueça!
Na verdade, não há nação mais misericordiosa e clemente no mundo que o povo judeu, apesar do fato, ou talvez por causa dele, de que fomos perseguidos e torturados durante muitos séculos, e até o dia de hoje infelizmente temos mais inimigos que amigos.
O sentimento de vingança é uma paixão humana que está profundamente enraizada na nossa natureza, e é difícil de superar. Porém a Torá nos ordena dominar essa paixão (Shemot 23:4,5). Nossos Sábios do Talmud nos ensinam que se encontrarmos duas pessoas sofrendo, um inimigo e um amigo, devemos primeiro ajudar o inimigo e depois o amigo, exatamente porque poderíamos estar inclinados a fazer o inverso.
É assim que fomos treinados para ser “os Filhos Misericordiosos do Misericordioso”.
Porém, no caso de Amalek somos ordenados a lembrar o que ele nos fez, e apagar a lembrança de Amalek da face da terra! O motivo para isso é que Amalek é a encarnação do mal. Jamais devemos abrir concessões para o mal. Jamais devemos perdoar um assassino. Se o fizermos, o mundo não será um local apropriado para se viver. Isso nada tem a ver com vingança. É a lei elementar da sociedade humana. A misericórdia mal empregada é pior que a crueldade.
Se qualquer um pode perdoar prontamente um assassino, não é porque ele é bom e misericordioso, mas exatamente o oposto: porque não valoriza a vida humana. Este é o tipo de pessoa que não ergue uma palavra em defesa da vítima inocente, mas clama por “misericórdia” para o pobre assassino “mal orientado”.
Não podemos consertar um assassino que matou muitas e muitas vezes, simplesmente perdoando-o. Ter compaixão dele significa ser cruel com a humanidade.
É por isso que somos ordenados a lembrar aquilo que Amalek nos fez. Amalek deve ser destruído, porque o mal deve ser apagado.
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