Quando visitei Nova York em 1975, tornei um hábito rezar na sinagoga do 770, o bairro Chabad. Um dia durante as preces da noite, o Rebe olhou sobre a multidão durante o Cadish e seu olhar caiu em mim. Eu abaixei os olhos imediatamente, porém alguns momentos depois quando olhei para cima, o Rebe ainda estava me olhando. E, até o final do Cadish, o Rebe não tirou os olhos de mim nem por um momento.
Isso obviamente me levou a pensar por que o Rebe estava me olhando assim, e no dia seguinte minha pergunta foi respondida quando fui chamado ao seu escritório.
Rabi Mordechai Hodakov, secretário do Rebe, disse-me que o Rebe queria saber se eu tinha feito as três coisas que ele tinha me instruído a fazer no ano anterior. Fui solicitado a enviar minha resposta imediatamente por escrito.
Não posso dizer quais eram essas três coisas, pois elas envolviam assuntos privados, mas posso dizer que eram conectadas com minha subsequente atribuição de estabelecer a presença Chabad em Eilat, o balneário israelense no Mar Vermelho.
Mais tarde, tive uma audiência privada na qual o Rebe me disse: “Quando você chegar a Eilat, irá encontrar alguém que o ajudará.” Essas palavras soaram um pouco misteriosas, mas eu permaneci sem fazer perguntas. Entendia que o Rebe tinha suas maneiras de arranjar tudo, e que meu trabalho era principalmente não atrapalhar.
Depois que cheguei a Eilat, conheci o diretor do conselho religioso na área, que me recebeu para passar a noite em sua casa. Na manhã seguinte, levantei e pensei: “E agora?” Fechei os olhos e me lembrei das palavras do Rebe. “Quando você chegar a Eilat, vai encontrar alguém que o ajudará.” Mas quem era essa pessoa? Como eu poderia encontrá-la? Onde eu deveria começar a procurar?
Peguei um par de tefilin e fui até o centro da cidade. Ali, comecei a abordar transeuntes oferecendo-me para ajudá-los a colocar tefilin, e a reação era positiva. Após uns dez minutos, um homem me abordou e perguntou:”Quem é você?”
“Sou o emissário do Rebe de Lubavitch,” respondi. “E quem é você?”
“Meu nome é Menachem Mendel Hofen,” ele disse. “Sou o oficial de segurança da municipalidade de Eilat. Entre outras coisas, sou encarregado de garantir que todas as escolas na cidade estão seguras. Venha até meu escritório amanhã e levarei você para conhecer o prefeito e seu vice; e também, vou apresentá-lo aos diretores da escola e a todos que você quiser conhecer. Sou o homem que irá ajudar você em Eilat.” Aquelas foram suas palavras exatas – ele era o homem que o Rebe me dissera que viria para me ajudar.
Fiquei surpreso. Eu mal tinha feito alguma coisa, tinha estado na rua apenas por dez minutos, e meu ajudante chegara. Era como se a chave da minha missão estivesse sendo entregue a mim numa bandeja de prata.
Na manhã seguinte, ele levou-me para encontrar o prefeito e outros funcionários importantes. Em seguida, levou-me para as escolas e marcou reuniões com os diretores. Na época havia cinco escolas em Eilat com um total de 2.500 alunos. Duas semanas depois, preparei um evento nas escolas – levei estudantes da yeshivá de Kfar Chabad e celebramos Chanucá junto com as crianças em três assembleias, divididas por classes, em cada escola.
Depois daquele evento, escrevi um relato detalhado ao Rebe. Pouco tempo depois recebi sua resposta por via expressa. O envelope continha duas cartas idênticas – a primeira estava endereçada pessoalmente a mim e, ao final, após as palavras “com bênçãos”, o Rebe acrescentava em sua escrita à mão, “para prosseguir numa maneira organizada, e para um bom casamento em breve.”
A segunda carta era endereçada à organização Chabad para jovens: dizia: “Para Tzeirei Agudat Chabad, braço de Eilat, que D'us esteja com você.” E ao final da sua segunda carta o Rebe acrescentara à mão, “para sucesso em tudo acima e para boas notícias.” Isso é como o Rebe tornava conhecido que o Beit Chabad que fundei em Eilat deveria ser reconhecido como um ramo oficial de Tzeirei Agudat Chabad.
As bênçãos do Rebe para um bom casamento foram logo concretizadas, e fiquei noivo da minha futura esposa próximo da data do 74º aniversário do Rebe. Eu planejava viajar para Nova York naquela época para receber a bênção do Rebe antes do meu casamento, e quando o prefeito de Eilat, Sr. Gad Katz, soube da minha viagem, disse-me que o conselho da cidade decidira dar ao Rebe um presente de aniversário. Concordei em entregar a elegante caixa de madeira com uma chave especial da cidade que fora feita para a ocasião.
Durante o farbrenguen marcando o aniversário do Rebe, muitas pessoas se aproximavam dele com vários presentes. Eu, também, aproximei-me do Rebe e mostrei a chave e a carta do prefeito para ele. O Rebe olhou e perguntou: “O prefeito é um Cohen?” Quando respondi afirmativamente, o Rebe me instruiu: “Diga l’chaim para ele e para você, e que você possa ter muito sucesso!”
Durante uma audiência subsequente, o Rebe pegou 200 liras (que era a moeda de Israel antes do shekel) e deu para mim, especificando que aquele dinheiro era para o prefeito. Essa é minha contribuição para a construção de Eilat,” o Rebe disse, especificando que o dinheiro deveria ser usado para fazer boas coisas aos judeus de Eilat,” em vez de para propósitos de segurança. Então ele me entregou mais 100 liras e disse: “Isso é para você, para fazer boas coisas em Eilat.”
Poucos meses após meu casamento, visitei o Rebe desta vez com minha esposa. Um dia antes, meu pai tivera uma audiência na qual o Rebe falara sobre mim: “Por que Yisroel Tzvi está tão abatido? Ele está realizando tanto. Quando você sair daqui, deveria dizer a ele – como um pai cujas palavras ele é obrigado a respeitar – que ele deveria ser feliz. E diga-lhe que eu falei para você transmitir isso.”
Em seguida, quando vi o Rebe, ele voltou ao mesmo tema, dizendo-me: “O método no qual você está operando é incorreto. Você assume grandes responsabilidades sobre si mesmo, mas não tem dinheiro para levá-las à fruição e ninguém para ajudá-lo. Então, quando você não puder realizar aquilo que gostaria, se sente desanimado e fica triste. Você deve aprender com os emissários nos Estados Unidos. Quando eles vão a uma cidade e são os únicos ali, eles somente tentam fazer aquilo que uma pessoa pode fazer. Eles também não têm dinheiro, mas fazem o máximo que podem com o dinheiro que possuem. Seja como eles e sempre seja alegre.” Dizendo isso, o Rebe me deu um grande sorriso.
O Rebe sempre enfatizava a importância de fazer as coisas com alegria – especialmente ao representar Chabad como um emissário – pois através da alegria pode-se alcançar as maiores conquistas.
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