Cada novo dia parece trazer históricas boas notícias do Oriente Médio. O anúncio surpresa de August dos Estados Unidos do Acordo de Paz entre os Emirados Árabes Unidos e Israel foi seguido um mês depois por um acordo similar entre o Reino de Bahrain e Israel. Os dois estados árabes e Israel assinaram seus respectivos acordos no gramado da Casa Branca em 15 de setembro, e foi uma rajada de primeiros eventos desde então: voos comerciais diretos, acordos de delegação, aplicações de embaixada.
Esses rápidos desenvolvimentos têm sido uma corrida para a crescente comunidade judaica em toda a região do Golfo, que nos últimos poucos anos tem emergido silenciosamente das sombras. Esta semana marcou mais outra primeira vez quando o movimento Chabad Lubavitch anunciou sua nomeação de Rabi Levi Duchman, o rabino dos Emirados Árabes Unidos, como o emissário Chabad nos Emirados.

“Graças a D'us, a vida judaica aqui nos Emirados tem conseguido brotar como uma rosa no deserto,” diz Duchman. “A coexistência e verdadeiro respeito que as pessoas têm umas pelas outras aqui é linda e infelizmente única demais. É também claro que nada disso poderia ter acontecido sem o apoio e a visão do benevolente líder dos Emirados, sua alteza Sheik Mohammed Bin Zayed Al Nahyan, e é algo com que o mundo inteiro pode aprender.”

Os Emirados nos anos recentes se torna conhecido por seu compromisso com tolerância e coexistência – mais de 200 nacionalidades moram e trabalham no estado do Golfo – e judeus têm vivido nos sete emirados entrando e saindo durante décadas. O acordo Emirados-Israel formaliza esse entendimento, destacando” ...que os povos árabes e judeus são descendentes de um ancestral em comum, Abraham,” com esse espírito inspirando os dois países “a promover no Oriente Médio uma realidade na qual muçulmanos, judeus, cristãos e povos de todas as fés, denominações, crenças e nacionalidades convivem, e estão comprometidos, com um espírito de coexistência, compreensão mutua e respeito mútuo...”

O envolvimento de Chabad com os Emirados começou em 200 , quando os empresários judeus de Nova York que tinham viajado para os Emirados abordaram Rabi Yehuda Krinsky – diretor de Merkos L’Inyonei Chinuch, o lado educacional Chabad – pedindo que o movimento enviasse um rabino para ajudar a desenvolver a vida judaica nos Emirados. Em 2010 os estudantes rabínicos Chabad chegaram a Dubai para liderar o primeiro serviço de Yom Kipur feito no estado árabe, e estudantes rabínicos têm visitado em todo feriado judaico desde então.
Duchman chegou primeiro aos Emirados no inverno de 2015, novamente uns poucos meses depois para liderar o seder comunitário de Pessach na capital de Abu Dhabi. Ele mudou-se para o pais naquele ano.
“Na época ali já havia algumas famílias judaicas, e nada para educação judaica,” explica Duchman, Naquele novembro Duchman abriu uma Talmud Torá com quatro crianças: hoje tem 40 estudantes.

Semelhante ao seu trabalho em prol de comunidades judaicas isoladas ao redor do mundo, Chabad tem apoiado os judeus dos Emirados numa variedade de capacidades. A equipe Chabad.org Pergunte ao Rabino, por exemplo, tem mantido um dialogo próximo com a comunidade local durante anos e ajudado visitantes e novos moradores a se conectar. As crianças dos Emirados com idade demais para Talmud Torá de Duchman recebem uma educação judaica na Escola Chabad’ Nigri Internacional Online.
Dubai, uma cidade com 3.3 milhões de habitantes e a maior dos Emirados, abriga duas sinagogas. Uma é dirigida por Ross Kriel e Rabino Yehuda Sarna, baseado em Nova York, um capelão na Universidade de Nova York, a outra – a 20 quilômetros da costa – é liderada por Solly Wolf, que tem morado nos E mirados pelos últimos 20 anos, e Rabi Duchman, que tem sido o único rabino residente por seis anos e a quem foi concedida residência permanente. O último até tem um minyan três vezes ao dia.
Duchman, que fala cinco idiomas incluindo francês e múltiplos dialetos árabes, também ajudou a fundar a comunidade judaica em Abu Dhabi, e recentemente abriu a única sinagoga da capital e o centro judaico da comunidade, que fez seus serviços inaugurais neste recente Rosh Hashaná.

Tenho acompanhado de perto o crescimento e o sucesso da comunidade judaica nos Emirados na última década e tenho conseguido ver com meus próprios olhos,” diz Rabi Moshê Kotlarsky, vice diretor de Merkos L’Inyonei Chinuch, que nos últimos anos tem visitado os E mirados para se encontrar com sua liderança judaica. Kotlarky, entre cujas responsabilidades está dirigir o programa de visitação rabínico, tem durante décadas mantido contato com pequenas comunidades judaicas ao redor do mundo, os Emirados entre elas. “Eu cumprimento a comunidade e seus lideres pelo seu monumental sucesso no passado e os abençôo para seguirem em frente enquanto celebram essas novas conquistas.”
Chabad dos Emirados constrói sobre o relacionamento de 130 anos de idade entre o movimento chassídico russo e os judeus vivendo em países muçulmanos. Já em 1892, Rabi Shlomo Yehuda Leib Eliezerov, um seguidor do Quinto Rebe, Rabi Sholom Dovber de Lubavitch, foi despachado para Bukkaram na Ásia Central, onde trabalhou para fortalecer sua infra-estrutura judaica e e depois serviu como rabino de Samarkand por quase uma década. O brilhante erudito haláchico e Chassid Rabi Avraham Chaim Naeh chegou a Samarkand em 1911 onde, após trocar sua veste do leste europeu pela roupa tradicional local, ele também focou em melhorar todos os aspectos da vida judaica.

O filho de Rabi Sholom Dovber, Rabi Yosef Yitzchak Schneersohn, de justa memória, expandiu esse trabalho, tanto na Ásia Central e nos Cáucasos, e após a Segunda Guerra Mundial ele lançou o alicerce para a primeira sede Chabad no Norte da África. Na verdade, após a ascensão do Rebe, Rabi Menachem M. Schneerson, de abençoada memória, como líder Chabad em 1950, o primeiro lugar a que ele enviou emissários foi Marrocos, construindo uma rede de escolas judaicas Chabad de Meknes a Casablanca, mais tarde também acrescentando centros na Tunísia. Chabad de Marrocos continua sendo um centro vibrante para a vida judaica e é na verdade dirigido pelo cunhado e a irmã de Duchman, Rabi Levi e Chana Banin, e Duchman recebeu seu aprendizado rabínico em Casablanca.
Há um vínculo único entre Rabi Duchman e os judeus dos Emirados,” diz Kotlarsky. “Desde sua primeira visita sete anos atrás temos ouvido os moradores pedindo que Rabi Duchman permaneça ali.”

A vida judaica nos Emirados em aumentado desde que Duchman chegou pela primeira vez, e no último ano o rabino presidiu um dos primeiros bar mitsvas dos Emirados. As coisas têm se movido desde então num bom passo. Além de dirigir serviços do Shabat e feriados e ensinar dando aulas regulares de Torá, Duchman – que é vice-presidente de ARIS, ou Aliança dos Rabinos nos Estados Islâmicos, que inclui rabinos atuando em comunidades em países como Turquia, Kirguistão e Uganda entre outros – tem sido importante em tornar comida casher disponível nos emirados. O que começou com fotografar produtos casher em supermercados e colocando-os no Instagram para informação pública foi para a primeira shechita casher do pais, que ele arranjou em 2017.
No início deste ano ele abriu a Agência para certificação Casher dos Emirados (EAKC), que trabalha com organizações de supervisão casher do mundo inteiro e hoje supervisiona um restaurante glat casher, Armani/Kaf. (Fotos da sucá pública erguida por Duchman perto da base do icônico serviço Elli’s Cozinha Casher em Dubai, está sob a supervisão de União Ortodoxa (OU), e a OU também é ativa em apoiar a vida judaica nos Emirados.

Agora, após o Departamento de Cultura e Turismo de Abu Dhabi advertir os hotéis no emirado para prover opções de comida casher, o departamento tem trabalhado com EAKC para ajudar a guiar estabelecimentos de hospitalidade no processo casher e prover certificação. O Clube cinco estrelas das Forças Armadas e Hotel em Abu Dhabi, que regularmente fornece refeições a milhares, agora mantém uma cozinha casher certificada, como faz o Hotel Emirados Palace. “Queremos enfatizar que nosso empenho para servir cozinha casher aos hóspedes que preferem vem do nosso respeito pela diversidade cultural,” explicou Shaikha Al Kaabi, Chefe Executivo do Clube dos Oficiais das Forças Armadas e Hotel, após a cerimônia de início da cozinha casher. “Os Emirados é um país de tolerância e pluralismo e queremos que nossa cozinha reflita a ética nacional...”

Duchman, que foi um membro da delegação dos Emirados na conferência de Paz e Prosperidade em Bahrain no ano passado, também tem passado tempo ajudando as comunidades judaicas em toda a região do Golfo. Ele visitou a pequena comunidade judaica em Kuwait bem como membros judeus das forças armadas dos Eatados Unidos estacionadas em duas bases ali, conduziu um funeral em Nahrain e foi para Oman para ajudar a minúscula presença judaica em Muscat. Com sua designação como emissário Chabad para os Emirados Duchman estará focando seus esforços nos emirados, porém com um olho contínuo para ajudar todo judeu na região.
“O rápido crescimento da autêntica vida judaica e estudo nos Emirados e realmente um legado das palavras do profeta Yeshayiahu da era quando ‘nação não erguerá espada contra nação, nem eles aprenderão mais sobre guerra,’” partilha Suchman, “Estamos vivendo num tempo muito especial.”

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