Embora Kol Nidrê – uma prece na qual fazemos promessas – certamente é vista tradicionalmente como uma das preces mais importantes do ano, há pouco na literatura judaica para apoiar essa ideia.
A pergunta, portanto, permanece: por que a tradição judaica concede tanta importância e solenidade a essa prece aparentemente técnica?
Há aqueles que alegaram que o motivo está nos dias da Inquisição Espanhola, quando os conversos (judeus que escolheram se converter ao cristianismo para não enfrentar expulsão ou morte, mas permaneceram fieis de coração ao Judaísmo, e também com certo grau de observância) se reuniam na véspera de Yom Kipur em suas sinagogas escondidas. Antes de iniciar os serviços de Yom Kipur, eles com lágrimas e emoção pediam a D'us para perdoá-los por todas as declarações públicas que tinham feito no ano anterior que eram contrárias à doutrina judaica. Essa é supostamente também a razão pela qual Kol Nidrê é prefaciada com a declaração: “… pela autoridade do tribunal celestial e pela autoridade do tribunal terrestre, aqui concedemos permissão para rezar com aqueles que transgrediram.”
Embora essa seja certamente uma resposta romântica, o fato é que a prece Kol Nidrê antecedeu a Inquisição pelo menos por 500 anos. Poderia parecer que a resposta simples a essa pergunta é que Kol Nidrê é a prece inicial do dia mais sagrado do ano, e portanto é recitada com grande devoção – não por causa do seu conteúdo.
Segundo a Cabalá, Kol Nidrê é mais do que um procedimento técnico de anulação de promessas. Assim, ao anular nossas promessas estamos pedindo a D'us para agir da mesma forma. Caso Ele tenha se comprometido a não revelar ainda a redenção, e tenha feito um juramento de trazer julgamentos severos sobre Seu povo no ano seguinte, pedimos que Ele anule essas promessas e, em vez disso, nos conceda um ano de felicidade e redenção.
Talvez seja essa a razão para a solenidade dessa prece.
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