Pergunta:
Caro Rabino,
Ocorreu-me que falamos frequentemente sobre o simbolismo da Outorga da Torá sobre uma montanha, bem como as lições de vida inspiradas por aquele local. Não me lembro, porém, de aprender sobre o simbolismo por trás do fato de que os dois Templos – e o terceiro a ser construído por Mashiach, em breve se D’us quiser – foram construídos sobre uma montanha em Jerusalém, o Monte do Templo. Há um significado e uma lição nisso?
Resposta:
Pergunta importante. Vamos explorar o fato de que o Templo foi construído sobre uma montanha, e então podemos desvendar suas lições.
Se olharmos para os versículos na Torá que nos ordenam construir um Templo, não encontramos referências à ideia de que deveria ser construído sobre uma montanha. Mas sim, é mencionado parenteticamente no Livro Devarim.1
Na verdade, o Mishkan {Tabernáculo), que foi o precursor do Templo em Jerusalém e foi instalado no deserto por Moshe, foi construído sobre uma superfície plana! Se tivesse havido qualquer mandamento ou sugestão para ser construído em um local alto, você poderia apostar que Moshe e os israelitas o teriam feito alegremente.
Portanto se não houve pedido Divino para um Templo sobre uma montanha, e o Tabernáculo não foi erguido sobre uma, então o local dos Templos apenas aconteceu por acaso de ser uma elevação?
Um princípio fundamental no Judaísmo é que não há coincidências na vida, especialmente em algo tão importante como uma morada terrestre para D’us. Se o Templo ficava no alto de uma montanha, então há uma lição profunda para todos nós.
Santidade demanda crescimento. O oposto de crescimento não é descida; é estagnação. Devemos nos mover constantemente para cima. O sucesso de ontem foi a realização do potencial de ontem. Hoje exige novas ideias, novas opiniões e novas abordagens às oportunidades e desafios que D'us coloca agora à nossa frente.
Alguém pode sugerir que o Mishkan no deserto era o início da jornada e portanto estava sobre planícies. O crescimento exige que o próximo passo seja mais alto. Portanto, os Templos em Jerusalém foram colocados sobre uma montanha para simbolizar que até o mais alto dos locais pode crescer e se elevar.
Para completar essa metáfora: Não apenas o Templo estava construído sobre solo alto, como o próprio Templo tinha muitos níveis. Quando alguém entrava mais profundamente no Templo, se via subindo mais e mais escadas, ascendendo nível após nível. Assim, devemos constantemente crescer. Uma vez que tenhamos entrado no âmbito da santidade, devemos crescer mais e mais alto!2
Numa nota pessoal: Meu pai, que faleceu há algumas poucas semanas, resumia este ideal. Ele estava constantemente se reinventando. Ele nunca permitia que os sucessos de ontem o cegassem para os chamados de hoje. Ele dirigia uma editora {às vezes imprimindo um livro novo a cada mês}, tudo isso enquanto criava 12 filhos. E se isso não fosse suficiente, ele decidiu há cerca de 20 anos que tinha uma inclinação para casamenteiro e seguia em frente unindo centenas de casais.
Eis aqui uma linda história que exemplifica essa qualidade. Apenas dois anos atrás, meu pai sofreu total falha renal, e sua vida estava em sério risco. Um dos meus irmãos perguntou ao médico sobre as chances de sobrevivência de meu pai. Os médicos não foram evasivos. Não podiam oferecer quaisquer promessas ou esperanças. Meu pai imediatamente entendeu pelas faces ao redor que suas chances eram mínimas. O que ele fez?
Meu pai sempre tinha manuscritos que precisavam ser editados. Ele tinha uma política baseada numa carta do Rebe a ele, de que todo livro que era lançado pela sua editora tinha de ser aprovado por ele. Ele iria assumir total responsabilidade por tudo que fosse publicado.
Deitado na cama do hospital, enfrentando a própria mortalidade, meu pai começou a editar.
Quando lhe foi perguntado por que ele não usava o tempo para repousar, meu pai respondeu: “Essa foi a tarefa dada a mim pelo meu professor, o Rebe. É minha missão de vida. Se eu tiver alguns poucos momentos restantes neste mundo, quero usá-los para fazer aquilo para o qual fui enviado aqui.3
Meu pai se recuperou de certa forma e viveu por quase mais dois anos após aquele incidente. Mas mesmo durante os muitos desafios e dificuldades que enfrentou até seu falecimento precoce, ele nunca parou seu trabalho. Em seu último dia de vida, ele conseguiu se purificar no micve {um costume chassídico ao qual ele era ardentemente conectado, e que devido à sua fraqueza exigia muita estamina), rezar com um minyan, revisar seus próximos livros, fazer algumas ligações e enviar e-mails sobre potenciais acordos. Ele até comprou um presente para o aniversário da minha mãe, que era no dia seguinte.
Ele nunca parou de crescer, até seu último minuto. Ele subia continuamente as escadarias do seu Templo.
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