Toda sexta-feira antes do amanhecer, o Rebe de Nemirov desaparecia. Ele não podia ser encontrado em nenhuma das sinagogas ou casas de estudo da cidade. As portas de sua casa ficavam abertas, mas ele não estava ali.

Certa vez um erudito lituano foi a Nemirov. Intrigado pelo desaparecimento do Rebe, ele perguntou aos seus seguidores: “Onde ele está? Eles responderam: “Onde está o Rebe? Onde mais além do céu? Os habitantes da cidade precisam de paz, sustento, saúde. O Rebe é um homem sagrado e portanto está certamente no céu, implorando por nossa causa.”

O lituano, intrigado pela credulidade deles, determinou-se a descobrir por si mesmo.

Numa noite de quinta-feira ele se escondeu na casa do Rebe. Na manhã seguinte antes do amanhecer ele ouviu o Rebe chorar e suspirar. Então o viu ele se dirigir até o armário, pegar algumas roupas e vesti-las. Eram as roupas, não de um homem sagrado, mas de um plebeu. O Rebe então abriu uma gaveta, pegou um machado, e saiu no na noite ainda escura.

Furtivamente, o lituano o seguiu enquanto ele caminhava pela cidade e além dela, até a floresta. Então começou a derrubar uma árvore, cortando-a em pedaços, e transformando-a em lenha. Ele reuniu os pedaços num feixe e caminhou de volta à cidade.

Em uma das ruas, ele parou à frente de uma cabana e bateu na porta. Uma mulher idosa, pobre e doente, abriu a porta. “Quem é você?” ela perguntou.

“Sou Vassily,” respondeu o Rebe. “Tenho madeira para vender, muito barato, quase nada.”

”Não tenho dinheiro,” respondeu a mulher.

”Darei a você ecomo crédito,” disse ele.

“Como poderei lhe pagar?” ela indagou.

“Confio em você – e você, não confia em D'us? Ele vai encontrar uma maneira de como serei pago.”

“Mas quem irá acender o fogo? Estou tão doente...”, falou a idosa.

“Eu acenderei o fogo,” respondeu o Rebe, e fez isso, recitando em voz baixa as preces matinais. Então voltou para casa.

O erudito lituano, vendo isso, permaneceu na cidade e tornou-se um dos discípulos do Rebe. Após aquele dia, ao ouvir as pessoas da cidade dizerem aos visitantes que o Rebe subira ao céu, ele nunca mais riu, mas acrescentava: “E talvez ainda mais alto!”