Pensei que após 2.000 anos de discriminação, pogroms e expulsões terminando no Holocausto, o anti-semitismo finalmente seria levado à lata de lixo da história.
Eu estava errado.
Pensei que educação universal e uma cidadania esclarecida fariam o anti-semitismo parecer primitivo e ultrapassado. Pensei que a Encíclica Papal nos anos 1960, que declararam os judeus como sendo irmãos e irmãs na fé e o pacto Abrahâmico ainda fosse válida, teria um impacto universal e profundo.
Pensei que o estabelecimento de Israel finalmente permitiria aos judeus ter seu lugar entre a família das nações, mas por fim se tornou a “Judaica das Nações”. Como os judeus costumavam ser separados e considerados culpados dos pecados de todos, agora Israel é uma nação que as outras culpam e acusam de todo pecado.
Pensei que o multiculturalismo norte americano significaria que a maioria das pessoas vinha de outro lugar, ou pelo menos seus pais ou avós vieram, portanto nacionalismo e xenofobia iriam morrer.
Em vez disso, as pessoas que se consideravam mais “puras” que as outras focavam nos judeus como o motivo pelo qual sua cultura é ameaçada. Quando os supremacistas brancos marcharam em Charlotteville se opondo à remoção das estatuas dos heróis confederados, o clamor vigente era: “Os judeus não vão nos substituir!”
Pensei que seria impossível haver anti-semitismo numa democracia. Uma democracia dá voz a todo grupo e apóia todo indivíduo. Fornece oportunidades. Mesmo assim, sempre há descontentes – e está agora, novamente, focado no judeu.
Mas a democracia ainda é onde há esperança. Os pilares da democracia – direitos humanos, dignidade do indivíduo, imprensa livre, justiça, a regra da lei – existem e não caíram. Há a possibilidade, talvez pela primeira vez na história, de que o destino dos judeus não seja selado por uns poucos irados que se tornaram um grupo histérico e frenético de assassinos – significando que os judeus precisam ser salvos por algum rei ou presidente misericordioso de outra nação que irá abrigar o judeu… temporariamente.
Eu estava errado ao pensar que o anti-semitismo iria desaparecer da face da terra. É um vírus que você pode controlar mas nunca curar ou eliminar totalmente. Eventualmente, ele retorna.
Sempre que há insatisfação, há uma necessidade de culpar. Sempre que há sofrimento, há uma necessidade de chicotear. A fonte do anti-semitismo está dentro de nós.
A última grande esperança do mundo é a democracia, porque qualquer pessoa sã sabe que o ódio contra os judeus nunca para com o judeus, mas termina numa conflagração que destrói toda a sociedade.
Todo mundo se identifica como judeu agora ou ninguém o faz, e a sociedade perde sua alma. Então nos tornamos os autômatos que tememos estarem dominando o mundo.
Se os judeus não podem viver em sociedades livres, aquelas sociedades não são livres.
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