Uma antiga sinagoga em Alexandria, no Egito, deve ser reaberta nesta sexta-feira após a conclusão de reformas que custou vários milhões de dólares no edifício de quase dois séculos de existências, disse uma autoridade do Ministério de Antiguidades do Egito.

A sinagoga Eliyahu Hanavi é uma das duas casas de culto judaicas restantes na cidade que já foi o lar de uma próspera comunidade judaica.

Os chefes das comunidades judaicas de Alexandria e do Cairo devem participar da abertura, de acordo com o ministro assistente de antiguidades do Egito para assuntos de engenharia, Hisham Samir.

O ministro egípcio de Antiguidades Khaled al-Anani, cerca de 25 diplomatas e outros também estão programados para participar da reabertura da sinagoga, disse Samir ao al-Masry al-Youm, um jornal egípcio de propriedade privada, em artigo publicado na terça-feira.

Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, disse em um telefonema que, embora diplomatas israelenses não estivessem na sinagoga na sexta-feira, eles participariam de outro evento marcando sua reabertura no final de 2020.

Eliyahu Hanavi já foi o lar de cerca de 30.000 a 40.000 judeus. Sua estrutura atual foi erguida por volta de 1850, após o edifício original, datado de 1300, ter sido gravemente danificado no final do século 18, durante uma invasão francesa do Egito. Com espaço para aproximadamente 700 fiéis, é a maior das duas sinagogas restantes na cidade.

As reformas incluíram o reforço estrutural da sinagoga, a restauração de sua fachada principal, paredes decorativas e objetos de latão e madeira e o desenvolvimento de seus sistemas de segurança e iluminação, disse o Ministério de Antiguidades em comunicado em dezembro.

Eliyahu Hanavi já foi uma sinagoga "ativa e movimentada", mas caiu em um estado precário depois que a água da chuva começou a vazar do telhado para a seção feminina de sete a oito anos atrás, segundo Alec Nacamuli, ex-morador de Alexandria e membro da diretoria da Nebi Daniel Association, uma organização que trabalha para preservar locais judaicos no Egito.

Então, quatro ou cinco anos atrás, parte de seu telhado desabou e precisava urgentemente de reparos, disse Nacamuli, que deixou Alexandria com sua família para a Europa em 1956, aos 13 anos. "O Ministério de Antiguidades interveio para se encarregar de sua restauração", disse ele.

As reformas, que foram pagas pelo governo egípcio, custaram 68 milhões de libras egípcias (US$ 4,23 milhões), disse Samir.

A comunidade judaica do Egito, que remonta a milênios, era de cerca de 80.000 na década de 1940, mas hoje é de menos de 20 pessoas. A saída dos judeus do Egito foi alimentada pelo crescente sentimento nacionalista durante as guerras árabe-israelense, assédio e algumas expulsões diretas do então presidente egípcio Gamal Abdel Nasser.

O Egito e Israel assinaram um tratado histórico de paz em 1979 e, desde então, mantêm relações diplomáticas formais. Mas a opinião pública no Egito permaneceu amplamente hostil ao Estado judeu.

Atualmente, apenas quatro ou cinco judeus septuagenários e octogenários residem em Alexandria, disse Nacamuli. A cidade costumava abrigar 12 sinagogas, mas a maioria delas foi vendida ao longo dos anos para apoiar a comunidade judaica local e sua infraestrutura e instituições, disse ele.

O Egito também patrocinou a restauração da sinagoga de Maimonides no Cairo nos anos 2000. Mas muitas casas de culto judaicas no Cairo, bem como um grande cemitério judaico, estão abandonados há décadas.

O presidente egípcio Abdel Fattah el-Sissi disse em novembro de 2018: "Se tivermos judeus, construiremos (sinagogas) para eles". Nos últimos anos, Sissi, que liderou uma repressão generalizada à dissidência e prendeu centenas de críticos, tem se reunido com frequência com delegações judaicas nos EUA e no Cairo.