Em 5 de Tevet comemoramos a Biblioteca de Agudas Chassidei Chabad - Ohel Yosef Yitzchak Lubavitch e sua posição de tesouro comunitário para todos que valorizam os ensinamentos e ideais do chassidismo de Chabad.

Por décadas, a biblioteca foi aberta a pesquisadores e ao público em geral, compartilhando sua coleção inestimável de livros e objetos sagrados. Liderados pelo rabino Shalom Dovber Levine, sua equipe publicou centenas de livros valiosos, meticulosamente pesquisados e detalhados.

Para comemorar, apresentamos 11 tesouros da biblioteca, cada um dos quais apresenta outra faceta da história judaica. Estes não são os mais antigos, mais valiosos ou mesmo os mais historicamente significativos da vasta coleção da biblioteca, que contém manuscritos em pergaminho anteriores à imprensa, escritos dos mestres cabalistas e o sidur do Baal Shem Tov com suas anotações manuscritas. Em vez disso, foram selecionados porque mostram como nosso povo organizou sua fé e bondade inata para superar quaisquer desafios que surgissem, mesmo nas circunstâncias mais difíceis.

1. Os Diários do Sexto Rebe

Grande parte da biblioteca foi coletada pelo Sexto Rebe, Rabino Yosef Yitzchak Schneersohn, um escritor prolífico com uma caneta poderosamente expressiva que registrou um diário ao longo de sua vida. Relatos sobre seus anos ainda jovem já incluiam ensinamentos que ele ouviu de seu pai e dos chassidim mais velhos; outros simplesmente recontam os eventos e experiências do dia.

Escritos ao longo de décadas, eles narram o terror e a determinação de seu tempo gasto na prisão soviética, os altos e baixos de suas viagens em nome do judaísmo e muito mais.

Os escritos de seus últimos anos são muitas vezes breves, recontando seu estado de saúde e o que ele conseguiu escrever naquele dia - principalmente discursos chassídicos e respostas às centenas de cartas que recebeu do mundo todo.

Ao ler seus diários, ganha-se uma janela para a vida de um líder altruísta que enfrentou os comunistas, mal escapou dos nazistas e se esforçou zelosamente para construir o judaísmo na América.

2. O Tehilim da Rebetsin Chana

Rabi Levi Yitzchak Schneerson, pai do Rebe, foi exilado por seu trabalho destemido em favor da vida judaica na União Soviética. Sua esposa, Rebetsin Chana, logo se juntou a ele na remota vila pantanosa a qual ele foi forçado a habitar. Entre os bens preciosos que ela trouxe, estava o Tehillim (Livro dos Salmos), do qual ele orava por horas.

Em seu diário, ela relata o tempo em que adoeceu com uma doença misteriosa. Depois que os médicos saíram, o marido sentou-se ao lado de sua cama com os Tehillim, dizendo que agora "praticaria a medicina”, do seu modo. “As lágrimas caíram de seus olhos como rios”, ela lembrou. “Deitado na cama, pude sentir em sua voz como ele estava com o coração partido - seu coração partido poderia ter movido pedras. Acreditei então com perfeita fé, como acredito agora, que a recitação de seus Salmos me ajudou a me recuperar da minha doença.”

3. A Bengala Quebrada do Sofrimento

Os anais da história chassídica lembrarão para sempre os "irmãos Schapiro", netos do rabino Pinchas de Koretz e administradores da editora Slavita, que foram presos por causa das acusações de que haviam imprimido livros ilegalmente e causaram a morte de um ex-funcionário.

Após anos de prisão, eles foram condenados a 1.500 chicotadas e uma vida inteira de trabalho duro na Sibéria. Sofreram muito devido as chicotadas que receberam e foram exonerados pelo Czar Alexandre II.

Um pequeno rolo de Torá que os irmãos usaram durante o encarceramento foi dado ao Rebe por um de seus descendentes. O Rebe frequentemente segurava esse pergaminho durante os cultos e dançava com ele em Simchat Torá.

O Rebe também recebeu uma bengala que originalmente pertenceu ao Rabino Levi Yitzchak de Berditchev, cuja neta era casada com um dos irmãos. A neta levou a bengala com ela e ficou do lado de fora da prisão onde o marido estava preso. Era um dia lamacento, e ela escorregou, quebrando a bengala. Ela trocou a alça, mas a quebra ainda pode ser vista.

4. Atestando um Colecionador Errante

Acredita-se que o Alter Rebe tenha escrito muitas cartas breves de apresentação, atestando que pessoas destituídas estariam fazendo coletas em nome de suas famílias carentes. Esta é a única carta sobrevivente conhecida, na qual ele evoca os ensinamentos talmúdicos de que "qualquer pessoa que tenha compaixão das criaturas está sujeita à misericórdia do céu".

5. Encorajamento em face da Doença

Esta carta foi escrita pelo rabino Dovber de Lubavitch, endereçada a dois cunhados quando a esposa de um deles sofria de uma doença terrível. Apesar do prognóstico sombrio, ele os encoraja a continuar rezando e esperando que D'us a cure através da agência de assistência médica:

... Estou muito angustiado com este infortúnio, pois é uma doença perigosa, e ela precisa de grande misericórdia [Divina]. No entanto, eles não devem se conter da [prece pela Divina] misericórdia. E [possa] D’us enviar Sua palavra e curá-la, através do complexo de tal e tal curador, um médico habilidoso etc.

6. Quando a Vestimenta judaica Foi Proibida

Na década de 1860, o czar emitiu um decreto proibindo os judeus de se vestirem da maneira tradicional. Vestidos longos, kipá e peyot foram proibidos.

Para que os judeus se acostumassem à nova lei, por um período intermediário, eles foram autorizados a manter suas vestimentas tradicionais enquanto pagassem um imposto. Quando as notícias da lei iminente se espalharam, os moradores judeus de Lubavitch se esforçaram para reunir as quantias necessárias.

Em um esforço para determinar quanto eles precisariam pagar para isentar toda a aldeia e que formulários precisariam preencher, três dos sete filhos do Tzemach Tzedek (o Terceiro Rebe) escreveram esta carta ao Rabino Aaron Lipschitz, rabino de Bilinitz, para saber como a sua comunidade tinha lidado com a lei.

7. Em Nome de um Garoto Desaparecido

O contexto dessa breve carta sem data, escrita pelo Rabino Nochum Dovber de Ovrutch, neto do Tzemach Tzedek, não é totalmente clara. Endereçado a R 'Yaakov Ayerov, ele pede que sejam tomadas medidas em nome de um homem cujo filho lhe foi tirado. Talvez se possa especular que o garoto tenha sido levado por um período de 25 anos de serviços forçados pelo exército do czar, uma provação à qual muitos não sobreviveram.

8. Cuidando dos Pobres de Lubavitch

Nos países pobres da Europa Oriental, muitos judeus sobreviveram em grande parte devido à generosidade de seus irmãos (relativamente) em melhor situação. Muitas vezes havia várias sociedades (chevras), cada uma dedicada a prestar outro serviço.

Esta é a capa do pinkas (carta patente) do Chevra Malbish Arumim (“Vestidores dos Não-Vestidos”), fundada em Lubavitch em 1860, que observa a extrema necessidade dos pobres, principalmente de suas crianças.

Cada membro da Carta - liderado pelo Tzemach Tzedek e seus filhos - listava quanto ele doava regularmente.

9. Carta Contra a Secularização do Cheder

Em 1910, uma conferência rabínica ocorreu em S. Petersburgo. O Rabino Shmarya Leib Medalia foi enviado para representar a cidade de Vitebsk. Os educadores judeus de sua cidade compuseram e assinaram esta carta para ele levar para a conferência. Nela, eles expõem os desafios impostos pela insistência do governo de que os alunos aprendam o idioma russo e assuntos seculares, que eles julgavam iria impedir os alunos de dominarem assuntos judaicos e o seu desenvolvimento como judeus temedores de D’us.

O rabino Medalia acabou sendo nomeado rabino-chefe de Moscou, cargo que ocupou até ser assassinado pelos soviéticos em 1938, uma atrocidade que não foi reconhecida até os anos 1960.

10. Carta Codificada Desesperada da Ocupada Bielorússia pelos Nazistas

Enquanto o inferno nazista varria a Europa, judeus de ambos os lados do Atlântico tentavam desesperadamente manter contato e ajudar as pessoas a escapar do Holocausto iminente.

Esta breve carta foi escrita pelo Rabino Leib Shenin, rabino da cidade Bielorrussa de Dokshitz, um bastião do chassidismo Chabad, a seu amigo, Rabino Yochanan Gordon, que antes morava em Dokshitz e havia se mudado para Nova York. Com medo de assinar seu próprio nome, para que ele não atraia atenção indevida dos censores nazistas, o rabino escreveu a carta sob o disfarce do tio idoso de R 'Yochanan. Nela, ele menciona sua extrema "fraqueza" e escreve que ele não tem o suficiente para sobreviver.

Entendendo o quão terrível era a situação, R 'Yochanan enviou a carta do Rabino Shenin - junto com uma longa carta de apresentação - ao Rebe Anterior, observando que essa era a primeira vez que ele ouvia falar de seu amigo desde o início da guerra.

Tragicamente, R 'Leib foi assassinado pelos nazistas junto com (quase) todos os judeus de sua cidade.

11. Preces Pelos judeus no Holocausto

Quando a notícia das atrocidades na Europa chegou à América, vários pedidos foram escritos para o Sexto Rebe, formalmente pedindo que ele rezasse em nome dos judeus europeus. Praticamente todos os signatários desta petição (como o próprio Rebe) tinham parentes próximos, amigos e entes queridos na Europa, cujo destino ainda era desconhecido.

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