Uma pesquisa de uma década no Instituto Weizman poderia ter aberto o caminho para baixas emissões de carbono em uso nos combustíveis, comida, e ajudar a remover o excesso de aquecimento global do CO2 do ar.
Num notável avanço que poderia abrir caminho para combustíveis neutros em carbono, pesquisadores no Instituto de Ciência Weizmann produziram uma bactéria geneticamente construída que pode viver no dióxido de carbono em vez de no açúcar. O extraordinário salto – relatado na quarta-feira em Cell, e logo divulgado por prestigiosas publicações como Nature – poderia levar à produção de baixas emissões de carbono para uso em combustíveis ou alimentos que também ajudaria a remover o excesso de CO2 da atmosfera, onde está ajudando a aumentar o aquecimento global.
Plantas e cianobactérias que vivem no oceano realizam fotossíntese, tirando a energia da luz para transformar o CO2 numa forma de carbono orgânico que pode ser usado para construir DNA, proteínas e gorduras.
Como esses fotossintetizadores podem ser difíceis de moderar geneticamente, a equipe Weizmann, do Prof. Ron Milo, pegou bactéria E.coli – mais comumente associada com envenenamento de comida – e passou dez anos livrando-as de açúcar e treinando-as para “comer” dióxido de carbono em vez disso.
Através de engenharia genética, eles possibilitaram a bactéria a converter CO2 em carbono orgânico, substituindo a energia do sol – um ingrediente vital no processo de fotossíntese – com uma substância chamada formate, que está também atraindo a atenção como um gerador em potencial de eletricidade limpa.
Para fazer com que a bactéria saia de um açúcar para uma dieta de dióxido de carbono, a equipe, que também incluía Roee Ben-Nissan, Yinon Bar-On e outros no Instituto da Planta e Departamento de Ciências Ambientais, então quase mataram de fome a bactéria do açúcar (glicose), enquanto lhe davam bastante dióxido de carbono e formate, e alimentava várias gerações para testar se a evolução permitiria algumas das bactérias mudarem e serem capazes de sobreviver somente no CO2.
Após um ano, alguns dos descendentes das bactérias fizeram a completa mudança para CO2, seguindo-se mudanças evolucionárias em apenas 11 genes.
As bactérias de laboratório que mudaram para uma dieta CO2 foram alimentadas com altas quantidades de gás. Porém, sob condições atmosféricas regulares, elas ainda iriam negar o açúcar, bem como, viver.
“Nosso laboratório foi o primeiro a buscar a ideia de mudar a dieta de um heterotropo normal [aquele que come substâncias orgânicas) pra convertê-lo em autotrofismo {‘viver no ar’]”, disse Milo. “Isso parecia impossível a princípio, mas nos ensinou numerosas lições ao longo do caminho, e no final provamos que realmente pode ser feito. Nossas descobertas são uma importante conquista rumo à nossa meta de aplicações científicas verdes eficientes.”
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