Em encontro bianual de seu Comitê Executivo que se realiza em Munique, o Congresso Judaico Mundial (CJM) homenageou a chanceler alemã, Angela Merkel, com o prêmio Theodor Herzl e cobrou dela ações concretas contra o antissemitismo e a adoção de medidas de proteção à comunidade judaica. O presidente do Congresso Judaico Mundial, Ronald Lauder, proferiu discurso afirmando:
"Senhora Chanceler, a senhora nos honrou hoje (ontem) esta noite aqui em Munique com sua presença. E é com muita honra que lhe concedemos o prêmio Theodor Herzl - a maior honraria do mundo judaico.
A Alemanha tem uma grande história, que respeitamos profundamente. A Alemanha possui uma grande cultura, ciência, patrimônio artístico, literário e filosófico. E a Alemanha tem um passado traumático e sombrio que estamos todos determinados a erradicar.
Mas a Alemanha do pós-guerra fez maravilhas. Primeiro, o país se reconstruiu, física e economicamente. Depois, estabeleceu uma sólida democracia liberal. Então lidou milagrosamente com o desafio da reunificação.
Depois, liderou uma Europa unida e inaugurou uma era de paz, liberdade e prosperidade como este continente nunca havia conhecido. E a senhora, chanceler Merkel, é um ícone desse incrível sucesso. (A senhora) é o símbolo de tudo o que é bom na Alemanha do pós-guerra. Mas estamos ouvindo vozes do tipo que não ouvíamos desde 1945. Estamos vendo incidentes, do tipo que não víamos há duas gerações.
E recentemente, no Dia do Iom Kipur (Dia do Perdão) apenas um portão e a bravura de Roman Yossel Remis impediram um massacre em uma sinagoga de Halle.
Lamentamos pelas duas vítimas, mas poderia ter havido mais de 50. Estive em Halle em seguida. Vi o portão e falei com Roman Yossel Remis e o que mais me chocou foi o fato de nenhum policial ter sido designado para a garantir a segurança na sinagoga nesse dia.
No Iom Kipur, nenhuma medida de segurança foi fornecida aos judeus. Uma antiga casa de oração judaica, que havia sobrevivido inclusive aos nazistas, foi abandonada a sua própria sorte. Teve que enfrentar o ódio sozinha, desprotegida e indefesa. Esta questão é grave.
Uma pesquisa realizada pelo Congresso Judaico Mundial no mês passado constatou que 27% de todos os alemães têm uma forte visão antissemita do povo judeu. 48% acreditam que os judeus são mais leais a Israel do que à Alemanha.
Mais de um quarto acredita que os judeus têm poder demais nos negócios e nos assuntos globais. E, no país historicamente responsável pelo Holocausto, 41% dos alemães pensam que os judeus falam demais sobre esse período.
Esta não é uma pesquisa de 1929 ou 1939. É uma pesquisa realizada aqui, na Alemanha, semanas atrás, em 2019. Meus queridos amigos, o problema não é restrito apenas aos judeus, é uma questão da Alemanha.
Devemos nos unir contra o antissemitismo, o racismo, a islamofobia, a xenofobia e a homofobia. Devemos combater os inimigos de todos os povos e de todos. E cabe a todos nós agir agora!
Primeiro, todas as sinagogas e escolas judaicas devem ter proteção policial. Segundo, deve haver penalidades maiores e substanciais para quem comete um ataque antissemita. Terceiro, qualquer discurso de ódio contra qualquer grupo na Internet deve ser proibido. Quarto, os partidos políticos devem expulsar qualquer membro que se envolva em antissemitismo.
E, finalmente, os partidos políticos que adotam uma ideologia neonazista devem ser proibidos.
Algumas semanas atrás, em Berlim, um refugiado sírio entrou em uma sinagoga com uma faca, gritando insultos antissemitas. Quase imediatamente após ser preso, ele foi libertado. Isso não pode acontecer novamente. Isso é inaceitável.
Não podemos aceitar as marchas que vimos ultimamente em Chemnitz e Dortmund. Não aceitaremos saudações nazistas em estádios esportivos. Tais manifestações e hooligans devem ser impedidos e proibidos.
A Alemanha que eu conheci quando cheguei aqui quando jovem era a Alemanha de Konrad Adenauer. A grandeza de sua liderança se baseava no fato de ele mostrar ao povo alemão o caminho a seguir após os dias sombrios.
A democracia alemã deve se defender, defender seus cidadãos e proteger os judeus das forças das trevas que agora se erguem na extrema direita e na extrema esquerda.
Obrigado. E que D’us nos abençoe".
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