Publicado em Rua Judaica
Um em cada três judeus europeus considerou emigrar, nos próximos cinco anos, pois não se sentem seguros em meio a um surto de antissemitismo, segundo um estudo da União Europeia, divulgado esta semana. A pesquisa feita em 12 países, que abrigam 96% dos judeus europeus, mostrou um mal-estar generalizado com o aumento dos crimes de ódio que as comunidades judaicas culpam, em parte, por comentários antissemitas de políticos que alimentam um clima de impunidade.
Sentimentos de insegurança foram particularmente agudos entre os judeus na França, seguidos pela Polônia, Bélgica e Alemanha, segundo o estudo da Agência de Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA).
Enfrentando hostilidade on-line no trabalho ou em pichações nas paredes de sinagogas, nove em cada dez judeus que vivem em países, que têm sido seu lar há séculos, sentem que o antissemitismo se agravou nos últimos cinco anos.
"É impossível explicar quantas dessas realidades cotidianas podem ser corrosivas, mas uma estatística chocante envia uma mensagem clara. Mais de um terço deles dizem que consideram emigrar, pois não se sentem mais seguros como judeus", afirmou Michael O'Flaherty, diretor da FRA. Autoridades da UE apresentaram o relatório em Bruxelas e pediram aos governos que façam mais para combater esse ódio, incluindo a lembrança pela história do Holocausto, onde nazistas mataram pelo menos seis milhões de judeus na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial.
O que precisamos agora é de ações concretas nos Estados membros para ver uma mudança real", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans. "Não há Europa se os judeus não se sentirem seguros na Europa", completou.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, e o líder da oposição britânica, Jeremy Corbyn, estão entre os líderes mais proeminentes da UE que enfrentam acusações de antissemitismo por líderes comunitários judeus.
Preocupações com a retórica hostil são ressaltadas por figuras do governo em vários países europeus que mostram um aumento na violência contra os judeus.
Após as séries de ataques contra judeus, soldados e guardas armados nas portas de sinagogas ou escolas judaicas tornaram-se uma imagem familiar na Europa.
Cerca de 85% dos 16.395 entrevistados identificaram o antissemitismo como o maior problema social e político, enquanto quase um terço disse que evita participar de eventos ou visitar locais judaicos. No entanto, 79% dos que sofreram assédio disseram que não denunciaram os incidentes às autoridades.
“Os resultados mostraram uma perda de fé na capacidade de seus governos para mantê-los seguros”, afirmou em nota o Congresso Judaico Europeu (EJC), fazendo com que os judeus se sentissem divididos entre emigrar e se isolar de sua comunidade judaica.
"Isso é intolerável e uma escolha que nenhuma pessoa deveria ter que enfrentar", disse Moshe Kantor, chefe da EJC.
Um porta-voz do governo na Alemanha afirmou que os resultados do estudo foram chocantes.
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