Você pode estar familiarizado com o Tanya, o texto fundamental da filosofia chassídica Chabad escrita pelo Rabi Shneur Zalman de Liadi, mas conhece a explicação sobre seu título?
Interessantemente, a obra foi publicada originalmente sob outro titulo: Likutei Amarim, “Coleção de Discursos” (Slavita, 1796). O ator se refere humildemente à sua obra prima como simplesmente uma seleção de trabalhos e ensinamentos de rabinos anteriores, descartando qualquer originalidade pelo seu trabalho. O subtítulo foi Sefer shel Beinonim, “Livro dos Intermediários,” indicando que o Tanya foi feito para o judeu médio, a pessoa intermediária cuja posição moral está entre o tsadic (jiusto) e o rashá (perverso).
Porém o livro era simplesmente mencionado como o Tanya (“nós aprendemos”), que é a primeira palavra do texto. Na segunda vez que foi publicado (Zolkiew, 1798), foi feito sob o título principal Tanya, e Likutei Amarim como subtítulo.
Por que o livro é mencionado como o Tanya? Como este titulo envolve a essência dessa obra sagrada? Para coisas mais complicadas, Tanya nem sequer parece a palavra adequada com a qual começa o texto.
Terminologia Geracional no Talmud
Todo aluno iniciante do Talmud aprende que quando o Talmud usa o termo Tanya, está introduzindo uma baraita, ou seja, um ensinamento dos Tanaim, os rabinos da era da Mishná. Esses sábios floresceram em Israel durante a era do Segundo Templo Sagrado de Jerusalém e até cerca de 200 anos depois.
O Tanya inicia com uma citação do Talmud:
Tanya [foi ensinado] (no final do terceiro capítulo do Tratado Nidá): Um juramento é administrado a ele [i.e., a alma antes do nascimento, avisando-o]: “Seja justo e não perverso; e mesmo se o mundo inteiro disser que você é justo, considere-se como se fosse perverso”.
Mas se você abrir um Talmud em Nidá 30 b, vai encontrar que esse ensinamento é na verdade atribuído a Rabi Simlai, que viveu no Terceiro Século, após o período em que os Tanaim tinham terminado. Na verdade, quando o Talmud introduz este ensinamento, o faz com as palavras de Rabi Simlai, “Rabi Simlai ensinou”.
Embora haja raros manuscritos do Tratado Nidá onde este ensinamento é precedido com tanya e não atribuído a Rabi Simlai,1 esta não é a versão comumente aceita.
Parece como se Rabi Shneur Zalman escolheu especificamente iniciar sua obra com a palavra tanya, e ele destacou essa intenção introduzindo o ensinamento talmúdico numa maneira não comum.2 O terceiro Rebe de Lubavitch, Rabi Menachem Mendel, conhecido como o Tzemach Tzedek (e neto de Rabi Shneur Zalman), dá duas explicações sobre por que poderia ser assim.
Combatendo a Impureza
Ao explicar por que uma seção especial do Zohar, conhecida como a Idra Rabá3 (“A Grande Assembleia”) começa com a palavra tanya, Rabi Yitzchak Luria (o Arizal) explica que tanya é também o nome de uma força espiritual especialmente negativa. Esta força aborda eruditos de Torá tentando convencê-los de que “basta aprender os aspectos revelados da Torá, e não há necessidade de mergulhar na mística”. Porém, é especificamente através do aprendizado dos aspectos místicos mais profundos da Torá que se quebra esta força negativa.4
Assim, Rabi Shneur Zalman estava indicando que ao aprender o Tanya, a pessoa pode quebrar esta força negativa e entender a importância de aprender os aspectos mais profundos da Torá.5
Eitan: Mais Força a Você
O Zohar afirma que a palavra eitan, que significa “forte” ou “poderoso”, é um anagrama da palavra tanya.6
Em sua obra Likutei Torá, Rabi Shneur Zalman escreve que todo judeu tem um nível chamado eitan, i.e., “poder”, que brota da essência da alma e nos dá a força para servir a D'us mesmo face à adversidade.7
O Tzemach Tzedek explica que ao iniciar esta obra com a palavra tanya, Rabi Schneur Zalman estava sugerindo que através do estudo de Tanya, despertamos o eitan de nossas almas, fortalecendo-nos no nosso serviço ao nosso Criador.8
Clique aqui para comentar este artigo