3 de dezembro de 2018
No icônico Portão de Brandenburgo, o Presidente Frank-Walter Steinmeier diz à comunidade judaica que ‘é um presente que possamos juntar as mãos sobre a lacuna da nossa história’.
Berlim – Oitenta anos após a Kristallnacht, a “Noite dos Cristais”, na qual os nazistas aterrorizaram os judeus na Alemanha, o Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier foi erguido por um guindaste na primeira noite de Chanucá, que apesar da chuva, contou com a presença da comunidade de Rabi Yehudah Teichtal em Berlim. Steinmeier acendeu a vela na 15ª cerimônia anual de Chanucá naquela que é considerada a maior chanukyia da Europa, localizada no icônico Portão de Brandenburgo.
Enquanto Steinmeier e Teichtal acendiam a menorá, assistindo da praça estavam o Prefeito de Berlim Michael Muller, o membro da Bundestag e vice-presidente Petra Pau; o embaixador de Israel na Alemanha Jeremy Issacharoff; o embaixador dos Estados Unidos na Alemanha Richard Grennel; Joseph Schuster, chefe do Conselho Central de Judeus na Alemanha; Gideon Joffe, chefe da comunidade judaica de Berlim; e numerosas crianças e seus pais, curtindo donuts de geleia debaixo de guarda-chuvas.
A própria cena em apoio à comunidade judaica este ano serviu de alento contra o pano de fundo de crescentes preocupações sobre o antissemitismo na Alemanha e em outras partes da Europa.
Uma recente pesquisa da CNN com 7.000 europeus em sete países descobriu que 28 por cento daqueles pesquisados disseram acreditar que os judeus têm “influência demais” em negócios e finanças, enquanto 20% sentiam que os judeus tinham excessiva influência na mídia e na política.
“O anti-semitismo está sendo expresso abertamente outra vez, nas ruas, nas escolas, na internet,” disse Steinmeier em declarações à multidão. “Devemos agir decisivamente contra isso”, continuou o presidente alemão. Steinmeier declarou ainda à comunidade judaica que era “um presente que possamos juntar as mãos sobre a lacuna na nossa história.”
O evento de Chanucá no domingo em Berlim foi uma das muitas celebrações servindo como contraponto ao recente 80º aniversário do pogrom de 9 de novembro contra os judeus e suas propriedades na era nazista na Alemanha. A Festa das Luzes também foi marcada na capital alemã como uma cerimônia para cerca de 300 sobreviventes do Holocausto, patrocinada pela Conferência de Alegações Materiais Contra a Alemanha.
O evento no Portão de Brandenburgo foi lançado por Teichtal em 2003 e tem se tornado um evento tradicional, atraindo judeus e não-judeus. Este ano, membros da Filarmônica de Berlim tocaram, com um fundo musical de canções de Chanucá e um círculo de homens e meninos dançando na chuva.
Que melhor maneira de realçar “o triunfo da luz sobre a escuridão que o presidente da Alemanha acendendo a primeira vela de Chanucá,” disse Teichtal, presidente e diretor do Chabad Lubavitch de Berlim, ao Times of Israel numa recepção pré-acendimento feita pelo Embaixador Grennel e seu parceiro Matt Lahey na Embaixada dos Estados Unidos, sobre o Portão de Brandenburgo.
Os pensamentos de Teichtal foram ecoados pelo jovem emissário de Chabad Hillel Levinson, de 21 anos, que distribuiu kits de Chanucá para as pessoas durante a cerimônia
“É impressionante ver uma chanukiá no local onde Hitler falava sobre aniquilar a nação judaica, e ver que todas as pessoas estão vindo apesar da chuva”, disse Levinson, que nasceu nos Estados Unidos e mudou-se com seus pais para Kharkov, na Ucrânia. Ele segurava uma caixa com velas e uma menorá na mão. “Vim para ajudar a iluminar Berlim,” disse seu colega Mendel Brandwine, de 20 anos. “É uma verdadeira revanche contra Hitler,” disse Brandwine, cuja trisavó morreu no Holocausto. Ele disse que iria distribuir o máximo de kits de Chanucá possível “para não faltar a nenhum judeu”.
Missão Especial de Chabad Para a Alemanha
O influxo de emissários Chabad para a cidade é totalmente intencional, explicou Teichtal na cerimônia íntima de domingo na Embaixada. Teichtal foi a Berlim com sua esposa, Leah, em 1996, poucos anos após a morte do Lubavitcher Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson em Nova York. O Rebe disse aos emissários para irem à Alemanha; o primeiro a fazê-lo foi Rabi Yisroel Diskin e sua esposa, Chana, em 1988, um ano antes da queda do Muro de Berlim.“Era um desejo do Rebe que a Alemanha não fosse ignorada.”
Hoje, há 20 entidades Chabad no pais, e cada uma tinha pelo menos uma menorá de Chanucá, segundo Teichtal. Anunciar publicamente que o milagre ao redor do mundo é manter o desejo do Rebe de espalhar ao mundo o milagre da Festa das Luzes – e do Judaísmo em geral. Somente em Berlim haviam 25 chanukiot públicas este ano, colocadas estrategicamente por toda a cidade, com mensagens; “O Beit Chabad deseja a vocês um feliz Chanucá”.
Antes da queda do Muro de Berlim, havia cerca de 25.000 judeus na Alemanha, a maioria sobreviventes da Europa Oriental, e seus descendentes. Após a unificação da Alemanha Ocidental e Oriental, houve um influxo de judeus vindos da antiga União Soviética. Hoje, oficialmente há cerca de 100.000 membros, mas se forem incluídos aqueles não afiliados em congregações, o número mais que duplica.
A maior concentração é em Berlim, onde há cerca de 10.000 membros registrados da comunidade que frequentam congregações Reformista, Masorti, Sefaradita, Renovação e tradicionais. Não oficialmente, é possível que haja o triplo de número de judeus aqui, pois é impossível estimar exatamente quantos não são afiliados – incluindo israelenses –morando na capital de maioria protestante, cerca de 4 milhões.
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