Meu marido e eu estamos nos divorciando. Temos três filhos, de cinco, três e um ano, e estou muito preocupada sobre como meus filhos vão reagir a essa mudança. Como dar a notícia aos filhos, e o que eu deveria dizer a eles?
Mãe Preocupada com Divórcio
Cara Mãe Preocupada com Divórcio,
Antes de mais nada, deixe-me elogiar sua maturidade e seu comprometimento com o bem estar de seus filhos. Deve ter sido preciso muito auto-controle para deixar de lado seu sofrimento e escrever esta carta. O divórcio é um trauma que às vezes torna difícil para os pais separar os melhores interesses dos filhos dos seus próprios.
O fato é que quase sempre o melhor interesse das crianças é crescer numa família intacta. Pesquisa tem mostrado que o trauma sofrido por crianças cujos pais se divorciaram dura até chegarem à vida de adultos, e impacta também sua própria capacidade de escolher e se comprometer com um parceiro conjugal.
Portanto, o divórcio deveria realmente ser um último recurso, e depois de um extenso decorrer de terapia, isto é, pelo menos seis meses, com um terapeuta profissional e licenciado, que não tenha conseguido melhorar a situação. Além disso, enquanto casais que estão se divorciando desejam ficar longe um do outro o mais rápido possível, simplesmente não é interesse dos filhos fazer isso. Ao contrário, aquilo que os filhos precisam dos pais numa hora dessas é que ambos demonstrem seu compromisso em continuar sendo pais e permanecer ativamente envolvidos na vida diária dos filhos.
Antes de você se sentar para falar com seus filhos, sente-se com seu cônjuge e tente fazer um acordo que detalhe como vocês pretendem assegurar que ambos permaneçam disponíveis aos filhos, e como garantir que qualquer animosidade entre os dois permaneça contida e não invada seu relacionamento com os filhos. Isso inclui banir totalmente qualquer reclamação a seus filhos sobre seu ex, ou fazê-los se sentir culpados ou desleais por manterem suas conexões íntimas com vocês dois.
Recomendo fortemente que procurem terapia ou mediação juntos para receber ajuda de especialista no estabelecimento de um contrato de divórcio. Este contrato deve incluir um acordo de não se mudar além de uma distância razoável um do outro, i.e., não mudar para o outro lado do pais, dentro dos primeiros seis meses do divórcio, e se possível, não vender sua casa imediatamente, para permitir que seus filhos se acostumem gradualmente com as mudanças.
Então, depois que vocês estabelecerem as principais regras deste novo mundo chamado divórcio, sentem-se juntos com seus filhos, e expliquem da melhor maneira possível o que trará o futuro. Explique onde eles irão morar, e com que freqüência irão ver cada um de vocês.
Explique o que o divórcio vai significar para eles em termos concretos. Por exemplo, você poderia dizer “Nos dias em que você estiver com o papai, ele lhe dará banho e jantar, e então leva você para casa na hora de dormir,” ou “Nos dias em que você estiver com o Papai, ele colocará você na cama em seu novo apartamento, leva você para a escola, e Mamãe vai pegar você após a escola.”
Tente ficar calmo enquanto dá as notícias. Seus filhos vão aceitar as dicas emocionais de você para entender como interpretar as novidades. Se você e seu cônjuge ficarem calmos, podem ajudá-los a fazer essa transição da maneira mais suave possível, e minimizar seu trauma.
Tenho tentado descrever qual é q atitude ideal. Mas às vezes as emoções são voláteis demais para permitir uma ação calma, racional. Nesse caso, permita que seu cônjuge leia e digira essa resposta sozinho, e então discutam juntos a melhor abordagem para sua família Em caso de conflito, pelo bem de seus filhos, não hesitem em buscar ajuda profissional.
O Talmud nos diz que quando um casal se divorcia, o altar no Templo Sagrado chora. Eu ousaria dizer que além das lágrimas derramadas pela dissolução do pacto do casamento, há pelo menos algumas dessas lágrimas derramadas pelas crianças cujas vidas serão alteradas. O divórcio pode terminar com um relacionamento conjugal, porém eles continuam ligados aos seus filhos por um compromisso partilhado. Criar um relacionamento pós-divórcio exige muita finesse, e sensibilidade.
Boa sorte.
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