A Estrutura

O “Templo Sagrado” – em hebraico, Beit Hamicdash – era uma enorme (cerca do tamanho de um estádio de futebol) estrutura com muitos níveis, internos e externos, que era o núcleo do Judaísmo, seu local mais sagrado. Ficava no alto do Monte Moriá em Jerusalém.

O primeiro Beit Hamicdash foi construído pelo Rei Salomão no ano 833 AEC, e destruído pelo rei babilônico Nebuchadnezar no ano 423 AEC. O segundo Beit Hamicdash foi completado no ano 349 AEC pelos judeus que retornaram do exílio persa, liderados por Ezra e Nehemia. No ano 19 AEC, o Rei Herodes completou dramáticas renovações no Templo dilapidado, mas exércitos saqueadores do Império Romano o destruíram em 69 EC, quando começou a atual galut (exílio).

Pouquíssimos dados sobre a arquitetura do primeiro Beit Hamicdash sobreviveram, ao contrário do segundo, sobre o qual há muitos registros. Ambos consistiam de um salão (heichal) alto, majestoso, enfeitado e geométrico, cercado por pátios escalonados e paredes de pedra semelhantes a castelos.

Os muros externos descreviam um retângulo distante, dentro do qual ficavam os pátios com escadas e o salão no centro superior. Dentro de seus pátios havia vastos espaços para os milhares de peregrinos que frequentavam os serviços tri-anuais nas festas (Pêssach, Shavuot e Sucot), um poderoso altar onde milhares de animais e aves eram levados como oferendas, e locais para estoque e facilidades para as centenas de Cohanim (sacerdotes) e Levitas (que auxiliavam os Cohanim).

Agora, nossos corpos são nossos Templos, nossas almas são nossas janelas, nossas mentes são nossos Cohanim e nossos instintos animais são nossos sacrifícios.

O salão tinha um pequeno altar de incenso, uma prateleira para o pão cerimonial, uma menorá, e o Santo dos Santos – uma pequena sala quadrada atrás do salão formada por uma divisão de parede a parede, atrás da qual ficava a Arca da Aliança. O Santo dos Santos era um espaço tão etéreo que as leis da física foram suspensas dentro de seus confins. Neste espaço a entrada era permitida somente ao sumo sacerdote, o mais espiritual ser humano, em Yom Kipur, o dia mais sagrado do ano.

A importância do Templo para a existência judaica está refletida no fato de que muitas das mitsvot são relacionadas ao Templo: oferendas diárias e semanais; peregrinações e oferendas nos feriados; oferendas pessoais, voluntárias e obrigatórias; dízimos agriculturais; critérios qualificativos para os Cohanim e Levitas; rituais do Templo; e as permissões e proibições para todos os mencionados acima. Estamos falando de cerca de 180 mitsvot (de um total de 613).

Qual era/é o significado do Templo?

Hoje, quando você deseja espiritualidade, procura dentro de si mesmo ou no mundo em volta, e vai até um rabino para que ele diga o que você está olhando. A espiritualidade está onde quer que você queira encontrá-la.  Antes, porém, a espiritualidade estava espalhada esparsamente aqui e ali, e principalmente concentrada num local físico. Quando você queria ser espiritual, ia para aquele local: o Templo. O Templo Sagrado era o lugar onde a presença de D'us em todo o universo podia ser sentida fisicamente.

Quando o Templo estava de pé, D'us era real para todos. Para encontrá-Lo, você viajava até Jerusalém e se conectava a Ele no Seu Templo. O Templo era um símbolo de D'us: majestoso, grande e inspirador de reverência, porque D'us é majestoso, grande e inspirador de reverência. Era um santuário para D'us e todas as coisas que “D'us” significa: responsabilidade, moralidade, ética, amor, compaixão, humildade. Era um lugar onde a pessoa encontrava espiritualidade: os Cohanim em silêncio servindo a D'us além das palavras, os Levitas cantando clamorosas canções de amor a D'us, os peregrinos ajustando seu relacionamento com D'us, as visões, os sons.

Você não precisava ser judeu para ir ao Templo; reis e plebeus de todo pais e cultura viajavam longas distâncias apenas para sentir tudo aquilo. O Templo era a estrutura mais importante na sociedade, oferecendo estrutura à sociedade. Então ele foi destruído.

O Templo Final

Com a destruição do Segundo Templo, D'us mudou Seu modo de interação com o universo. Antes da destruição, o Templo era a janela para D'us; a espiritualidade tinha um lar físico em Jerusalém.

Com a destruição, D'us removeu temporariamente o Templo de sua locação geográfica e o colocou dentro de nós. Em vez de viajar para Jerusalém, D'us queria que o encontrássemos em nossa Jerusalém interior. Agora, nossos corpos são nossos Templos, nossas almas são nossas janelas, nossas mentes são nossos Cohanim e nossos instintos animais são nossos sacrifícios. Não podemos oferecer sacrifícios físicos três vezes ao dia, mas podemos rezar três vezes ao dia. Não podemos comparecer aos serviços do Templo três vezes ao dia, mas podemos entrar em nossas almas três vezes ao dia. Não podemos expiar nossos erros sacrificando animais, mas podemos sacrificar nossos animais interiores – nossos hormônios, nossos desejos, nossas compulsões animalescas. Não podemos encontrar D'us em Jerusalém; devemos encontrá-Lo dentro de nós.

Se as épocas dos Tenplos foram principalmente D'us fazendo contato com Seu mundo, então os tempos do nosso exílio somos nós atingindo o alto, de dentro daquele mundo.

Este é o principal plano de D'us. Primeiro, um dramático concerto interior de espiritualidade pública, atingindo de forma visceral e tangível a realidade diária, física. Então Ele troca isso por uma experiência interna, pessoal, privada, forçando-nos a subir para encontrá-Lo, trazendo a Criação inteira junto conosco. Juntas, as duas experiências lançam a base para o terceiro Templo final – uma era que irá sintetizar ambas as direções da espiritualidade. Uma era de onde a presença de D'us dentro de nossos corações e mentes e no mundo físico está interiorizada para atingir uma realidade totalmente nova: a era de Mashiach.