B"H

"É uma lástima a perda daqueles que se foram, e não se encontram iguais."

Rabi Shlomo ben Yitschac (Rashi) 
Parashá Vaerá, Passuk 9


Este artigo é uma homenagem a inesquecível Rebetsin Esther Alpern, A"H, 
esposa do nosso estimado diretor do Beit Chabad do Brasil,
Rabino Shabsi Alpern, cuja perda nos deixa inconsolados.

Rosh Chôdesh de Tevet, 5702 / 05 de Menachem Av,5762



Não há consolo

Não há consolo…
Não há consolo…
Não há consolo…

Jamais nos consolaremos com uma perda imensurável como esta.

Hoje, 5º dia, do 5º mês (Menachem Av), às 5:05 da manhã, perdemos uma parte de nossa alma: D. Esther. Muito mais que uma Rebetsin, como jamais conheci nem conhecerei igual, um ser humano maravilhoso que agitou nossos dias com livros, revistas, aulas e conselhos que passam e repassam agora em nossas mentes e corações.

A senhora nos ensinou a cada dia o quanto somos capazes de fazer, vencer, crescer em mitsvot: tseniut, cashrut, taharat hamishpacha, Tehilim, Shir a Shirim, Chumash com Rashi, e tantas outras incontáveis lições.

Sinônimo de luz, personificava a ordem, a potência, a bondade, a transparência. A verdade não conhece limites; ela era a manifestação da verdade crua em uma época que a maioria das pessoas dão importância somente a embalagens.

D. Esther, a dor que hoje sentimos com a sua falta, este espaço vazio que jamais poderá ser ocupado é sem precedentes. Suas lições permanecerão em nossas vidas pela busca da verdade em tantos e incontáveis aspectos.

A senhora lutou cada minuto com toda sua vitalidade (que, Baruch Hashem, nunca foi pouca!) e até o último Shabat e o último suspiro motsaei Shabat, ao amanhecer de Yom Rishon, dia um.

Hoje é o primeiro dia sem a sua figura alta, esbelta, sempre deixando a casa perfeita: o nosso Beit Chabad. A senhora sempre esteve ao nosso lado, mesmo que muitos não percebessem o quanto.

Jamais esqueceremos suas aulas, desde a época que atuava como professora e educadora na Escola Beit Chinuch, até o shiur de Shabat, fazia chuva ou sol, a senhora estava lá, sempre disposta e pronta, com seu rosto iluminado, abanando um papel ou prato descartável para aliviar a sensação de calor provocada pelo estudo e transmissão da Torá com tanto amor a suas centenas de alunas: da segunda, da terça, de todos os dias.

Gostaria de poder com uma ínfima parte de sua sabedoria, ter o dom e a inteligência de escrever aqui palavras e ensinamentos do Tanya, do Rambam, da Guemará, do Zôhar, para expressar tudo de mais grandioso, tudo que pudesse estar um pouquinho à sua altura… Mas tenho tanto a aprender e não ousaria.

Ainda vamos escutar muito e tentar montar a história de tantos anos, sendo 42 deles dedicados ao Brasil, sobre quem foi e o que fez, e como marcou em cada um e uma um monumento judaico de inteligência, humanidade e força chamado Minie Esther bat Shule Shifra.

Rezamos, pedimos, choramos para que acontecesse um ness (milagre). À senhora, que consolou e deu ânimo a tantos sem jamais medir esforços.

Quem agora fará a revista, as correções infindáveis e perfeccionistas nos textos, dos livros, das obras, das aulas, da vida? Conforme a sua vontade, tudo terá certamente continuidade, mas a responsabilidade será enorme e nossos corações sentem-se apertados: jamais será como antes. Ninguém será tão perfeito nas minúcias, no cuidado, na vontade de abraçar todos os pedidos e executá-los seja de dia, noite ou madrugada. Quantas noites sem dormir para cumprir os prazos…a senhora se dedicou por inteiro.

Parece que um volume da história foi fechado. É pesado. Mas querida amiga de todos nós que lhe amamos tanto, tanto, vamos continuar conectados e o livro jamais se fechará.

A sinagoga em silêncio sentirá a sua falta, mas sua vontade reinará sobre todos nós em seu respeito.

Nos últimos dias foi uma luta de braço; nós puxando aqui para baixo para que permanecesse mais um pouco com a gente, enquanto os anjos, os tsadikim e uma multidão puxava-a para cima e D’us sem saber o que fazer, a quem eleger a vitória.

Perdemos, e eles ganharam. D’us assim quis. E devemos e sabemos que tudo é para o bem.

Não tem consolo; jamais teremos. Mas eles aí em cima com certeza ganharam um general com todas as insígnias e troféus.

O grande Arizal faleceu neste mesmo dia e solicitou sua companhia. Para nossa tristeza e alegria de seus novos companheiros aí em cima, o pedido foi atendido.

O exército de Hashem se prepara. Com certeza aí em cima está tendo o maior rebuliço: a senhora deve estar colocando todos para correr! "Vamos, apressem-se. A hora chegou!"

Enquanto nós, seu time desmantelado, estamos chorando este Tishá Be Av por tantas perdas: o Templo Sagrado, o exílio, a sua cadeira agora vazia.

Mas o que é um Templo Sagrado, um exílio e uma cadeira vazia, pensando bem?!

Não tem consolo… até que o Templo Sagrado receba a presença de D’us na Terra, o exílio nos traga a gueulá em Eretz Israel, Yerushalaim, e sua cadeira vazia se transforme em um trono ocupado por uma rainha. A nossa rainha Esther.

Que venha Mashiach, e logo a Ressurreição de todos aqueles que partiram, mas que hoje permanecem mais do que nunca, vivos para sempre entre todos nós.

Com amor, carinho e imenso respeito, não iremos nos despedir. Até breve, somente. E que o breve ainda possa ser hoje.