Nessa semana teremos uma data marcante, dia 10 de Shevat (Yud Shevat) dia do Yahrzeit (data de falecimento) do Rebe Anterior e o dia em que o Rebe Menachem Mendel Schneerson assumiu a liderança do Movimento Lubavitch no ano seguinte, em 1951.  Além disso, estamos na Parashá Beshalach, onde o povo judeu atravessou o Yam Suf seguindo a orientação de Moshê Rabeinu.

Essa história está ligada a data de Yud Shvat e é um tipo de abertura do Mar Vermelho proporcionada pelo Moshê Rabeinu de nossa geração, o Rebe de Lubavitch.

O casamento de meu tio, Rabino Chaim Raitport com Milka Sudakevitch estava marcado para ocorrer em Kfar Chabad, próxima de Tel Aviv, no inverno de 1991, no dia 23 de Shevat, 5751.  Poucas semanas antes do casamento, começou a guerra entre os EUA e o Iraque, que ficou conhecida como Operação Tempestade no Deserto.  Todos ficaram preocupados: será que a família inteira deveria ir ao casamento em Israel ou não?

Meu avô, Rabino Yitshok Raitport, meu pai e meu tio Chaim foram juntos ao Rebe na Avenida Eastern Parkway, 770, no Brooklyn, num domingo, dia 9 de Shevat, onde pretendiam ver o Rebe, pedir sua benção e receber uma nota de um dólar de sua mão (para então trocar por uma outra nota que deveria ser distribuída como caridade). 

Haviam muito mais pessoas do que o habitual naquele domingo, porque naquela noite começaria o Yahrzeit (aniversário de falecimento) do 6º Rebe de Lubavitch, e o 40º aniversário do coroamento do seu genro como seu sucessor.

Quando chegou a vez de meu avô, um dos secretários do Rebe informou ao Rebe que eles celebrariam um casamento dentro de duas semanas em Israel.  O Rebe perguntou ao meu avô se todos na família estavam indo para o casamento. E ele respondeu que não sabia, já que pensavam na situação da guerra e as bombas em Israel e consideravam o adiamento do casamento, mudando o local para os EUA, ou então diminuir o número de pessoas que iriam ao casamento, i.e., somente meu avô, o noivo e meu pai.

O Rebe olhou para meu avô e falou, “O senhor é um Rav [alguém conhecedor da lei judaica] que pode ‘pasken dinim’ [julgar em termos da lei judaica]!  Se o senhor não for, então estará decidindo que a Terra de Israel é perigosa.  E se o senhor viajar, significará que está decidindo que a Terra de Israel não está em perigo.  O senhor deve viajar – homens, mulheres e crianças – e digo a vocês que tudo dará certo e nada de ruim acontecerá.  Todos das cidades vizinhas deverão ir ao casamento e deverá ser divulgado publicamente com muita simcha [alegria], já que nada de ruim acontecerá.  O casamento deverá acontecer numa hora boa e propícia!”

Acompanhados pela benção do Rebe, meu tio, pai e a família inteira viajaram para Israel. A benção se tornou pública e foi até transmitida pelo rádio por toda Israel, dando ao povo judeu na Terra de Israel um alívio, uma força e segurança enorme e muito necessitada naqueles tempos assustadores de bunkers - abrigos selados, máscaras de gás, e ameaça de guerra química.

Embora tivessem que começar a cerimônia mais cedo e terminar as festividades antes do horário previsto para que as pessoas pudessem retornar para suas casas antes que ficasse muito tarde, por medidas de segurança, o casamento se desenrolou normalmente. Exatamnee às 19h14 a cerimônia foi realizada na grande área em frente à sinagoga principal em Kfar Chabad.  As celebrações e as danças duraram até as 23h30.  O casamento estava demasiadamente lotado. Meu pai ficou curioso em saber quem era a maioria dos convidados, já que não eram nem da família do noivo, nem da noiva.  Quando meu pai perguntou para certas pessoas o que as tinha trazido até a festa, lhe explicaram que a benção do Rebe tinha sido divulgada na rádio encorajando as pessoas das cidades vizinhas a participarem dessa ocasião especial de kidush HaShem e reconhecimento da importância de Erets Israel, então eles vieram celebrar!

Depois do fim da festa, meu pai e outros membros da família ficaram esperando do lado de fora para voltar ao seu hotel em Jerusalém quando apareceu um grupo de guardas locais.  Junto com eles estava um soldado que tinha acabado de voltar do serviço na Bateria anti-Misseis Patriot logo ao lado de Kfar Chabad.  O soldado perguntou que horas foi a chupá [cerimônia religiosa do casamento que ocorre em baixo do pálio nupcial, chupá].  Quando lhe falaram 19h14, ele falou, “O Rebe está cuidando de vocês.”

Ele explicou que naquela noite mais cedo três aviões F16 americanos estavam sobrevoando numa missão noturna sobre o Iraque Ocidental quando viram três lançadores móveis de mísseis SCUD preparando-se para atirar na direção de Israel.  Os aviões jogaram bombas nos lançadores de mísseis SCUD.  De acordo com os registros militares o horário em que as bombas foram jogadas foi exatamente às 19h14.