A Parashá dessa semana contém 98 tipos diferentes de catástrofes com as quais D’us pode ‘castigar’ os judeus se eles não fizerem o que Ele espera deles. É difícil entender isso, pois os judeus são chamados de “Filhos de D’us’ e, embora um pai possa ameaçar seu filho num momento de raiva... na realidade ele não cumpre a ameaça!
Para entender aqui está uma história.
Shlomo Zalman Shlozman era um seguidor ferrenho de Lev Dovidovich Bronstein. Exatamente quantas mortes podem ser atribuídas a esse Bronstein provavelmente nunca será conhecido. Como uma das maiores figuras na sangrenta Revolução Russa e o fundador e comandante do feroz ‘Exército Vermelho’, certamente foram várias dezenas de milhares. Bronstein tornou-se conhecido como Leon Trotsky.
Antes de ser expulso da Rússia no final dos anos 20 do século passado por seu arquiinimigo Stalin, ele tinha um poder quase ilimitado e influenciava a juventude, em particular os jovens judeus, e isso era mortal. Ele era um orador carismático que podia controlar e deixar multidões silenciosas lhe ouvindo por horas com sua retórica fervorosa de domínio do mundo, progresso, justiça, igualdade e mudança total; exatamente a mensagem que milhões de russos insatisfeitos, especialmente os intelectuais como Shlomo Zalman Shlozman estavam esperando.
Shlozman cresceu numa casa religiosa. Seus pais eram judeus observantes assim como seus avôs e os avós de seus avôs antes deles, desde a entrega da Torá milhares de anos antes... mas agora isso seria diferente! Tinha uma Nova ordem! O camarada Trotsky ensinou aos judeus que não havia futuro para os judeus como uma raça separada; seu destino era o casamento misto e a assimilação na nova cultura comunista russa.
Shlozman entrou nessa como um peixe n’água. Ele não era mais uma pessoa privada, ele tinha que salvar o mundo! Mas antes ele tinha que convencer seus amigos judeus a largar suas crenças e superstições antigas e colocar suas energias na luta pela mudança; um novo futuro, com um líder verdadeiro. Ele não precisou trabalhar duro para isso. A maior parte de seus amigos judeus já estava tão entusiasmada quanto ele. Eles formaram um grupo, tiveram vários encontros e finalmente romperam com a Torá e se dedicaram ao partido de corpo e alma.
Cinco anos se passaram e o Comunismo triunfou na Russia e conquistou o coração e mentes de ‘todos’ os seus cidadãos. Shlozman subiu alto nas fileiras da revolução e sua devoção à mudança foi tão grande que não entrou em contato com seus pais que ficaram de coração partido durante todo esse tempo. De fato, ele se distanciou tanto que mesmo quando soube que seu pai havia falecido, não mostrou nenhum sinal de emoção. Ele estava muito ocupado salvando o mundo.
Mas, vários meses depois, ele acordou de manhã cedo decidido a, apenas por curiosidade, dar uma olhada no calendário judaico para ver que data era.
De repente ele percebeu que no dia seguinte seria o primeiro ano de aniversário de morte de seu pai. “Recitarei o Cadish para ele.” Falou para si mesmo, sem saber o por quê. (Cadish é uma oração curta, também dita por enlutados, louvando a D’us. Ela deve ser dita na presença de 10 judeus.)
Mas não foi tão simples assim como pensava. Na cidade onde vivia tinham três sinagogas. Às 6 horas na manhã ele entrou na primeira quando estavam começando Shacharit, a oração da manhã, mas, assim que ele entrou, olharam para ele, guardaram seus Tefilin com pressa e saíram todos da sinagoga. Em segundos ele se viu sozinho.
Shlomo Zalman primeiramente ficou zangado; quem eles pensavam que eram? Mas logo percebeu que tinham medo dele, que talvez os prendesse! Incansável, ele foi até a segunda sinagoga e presenciou a mesma cena anterior. Ele deveria simplesmente esquecer isso tudo... mas não conseguia. O que começou como apenas um capricho passou a ser uma obsessão. Ele tinha que dizer o Cadish!
Enquanto andava para a última sinagoga, memórias de seus pais lhe passaram pela cabeça e seus olhos se encheram de lágrimas, mas ele afastou essas lembranças rapidamente.
Quando ele entrou na sinagoga Chassídica, que começava as orações mais tarde, ele ficou preocupado que tudo acontecesse de novo, pois, afinal de contas, ele era um judeu, será que tinha virado um monstro que todos queriam fugir desesperados!
Ele colocou uma kipá na cabeça, que encontrou na entrada, e dessa vez, entrou de cabeça baixa. Funcionou. Ninguém olhou para ele, nem fugiu. Um velho Chassid se aproximou e então Shlomo Zalman lhe deu a mão e perguntou se poderia dizer o Cadish por seu pai.
“Cadish?” Perguntou o senhor, ”e Tefilin, já colocou hoje?”
Quando ele não respondeu, o chassid retirou seus próprios Tefilin do braço e da cabeça, falou para Shlomo arregaçar as mangas e em instantes, pela primeira vez em anos, ele estava em casa de novo.
O velho Chassid bateu na mesa e exclamou... “Cadish!” Então falou algumas frases e então Shlozman leu a antiga oração de Cadish de um livro de reza que alguém lhe estendeu.
Shlozman nunca mais voltou para seus camaradas. Aquela sinagoga transformou-se na sua casa. Ele deixou a barba crescer, mudou seu modo de vida e até seu endereço. Ele acabou se casando, teve filhos que educou como chassidim do Rebe Anterior de Lubavitch.
A razão pela qual sabemos dessa história é porque atrás dessa sinagoga existe até hoje um casebre dilapidado com um mikvê ainda mais dilapidado, que está fora de uso há alguns anos, chamado Mikvê Shlomo Zalman. Quando os comunistas fecharam o mikvê da cidade dentro de seu plano para destruir o Judaísmo, nosso Shlomo Zalman, que costumava ser um dos mais fanáticos soldados anti-religiosos, decidiu que não deixaria isso assim! Ele sabia que se fosse pego seria executado imediatamente por ‘atividades contra-revolucionárias’ mas devia muito a D’us para ignorar o fato e deixar o inimigo vencer.
Então ele construiu um casebre inocente perto da Sinagoga e passou noite após noite cavando um buraco e trazendo canos, cimento e água, tudo de acordo com as qualificações da Torá até que, poucos meses depois, tinha construído um mikvê secreto. Ele foi usado pela comunidade judaica por mais de quarenta anos, mesmo durante os tempos mais difíceis e, miraculosamente, nunca foi destruída pelos comunistas. De fato, graças a ela, centenas e até mesmo milhares de crianças foram concebidas e nasceram de acordo com a Torá. Uma fenda enorme foi fincada na Cortina de Ferro do comunismo.
Isso responde às nossas perguntas. As maldições na nossa leitura da Torá não são simplesmente ameaças. A História registra perseguições assustadoras e inimagináveis sobre o povo judeu executada por “humanos”. A destruição dos dois Templos Sagrados, as Cruzadas, Inquisição, Pogroms, expulsões, Holocausto. No entanto, após todo esse sofrimento, continuamos vivos; o povo judeu ainda está aqui e continua florescendo.
Assim como o Lubavitcher Rebe disse várias vezes: “Nossa geração é a geração de Mashiach!”
Essa é a mensagem de nossa Parashá, D’us ama o povo judeu e transformará as maldições em bênçãos, assim como aconteceu com o Shlomo Zalman dessa história. Devemos nos preparar para esses dias tão solenes, fazer um balanço pessoal, retificar nossas falhas, aumentar em boas ações como o estudo da Torá, dar tsedacá e rezar com cavaná, verdadeira intenção. Dessa forma, D’us acabará com todo o sofrimento e escuridão na terra e atenderá nossos pedidos nos enviando uma benção de um Novo Ano Bom e Feliz, com Mashiach e junto com ele, a Paz Eterna.
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