Pergunta:

Eu estava lendo no livro de Yehoshua o episódio no qual os judeus, liderados por ele, vão resgatar seus novos aliados, os Gibeonitas. Era sexta-feira, e temendo que a batalha se estendesse até o Shabat, Yehoshua rezou para que o sol não se pusesse até que a batalha tivesse sido vencida. Na verdade, o sol parou até que os judeus tivessem conquistado uma vitória total. Ora, a parada do sol parece ser um milagre muito mais grandioso que a abertura do mar ou Chanucá ou Purim, portanto estou um pouco intrigado sobre por que não há qualquer feriado celebrando este grande milagre.

Resposta:

Você está certo ao dizer que este é um dos maiores milagres que ocorreram ao povo judeu. Porém, o simples motivo pelo qual não foi instituído como feriado tem a ver com o fato de que, embora o sol tenha parado e os judeus saíssem vitoriosos na batalha, aquele dia não marcou o final da sua conquista da terra.

Segundo a lei judaica, quando pessoas são salvas do perigo, elas têm de fazer uma bênção e dar graças a D'us por salvá-las. Porém,recitam a bênção somente depois que estão completamente fora de perigo.1 Portanto, por maior que tenha sido o milagre, ainda não é celebrado como feriado.

Isto é análogo a outro grande evento que, pela Divina providência, ocorreu no mesmo dia em que o sol milagrosamente parou para Yehoshua: o 3º dia do mês hebraico de Tamuz. Era dia 3 deTamuz, em 1927, quando a opressão stalinista estava em seu auge. O sexto Rebe, Rabi Yosef Yitzchak Schneersohn, de abençoada memória, foi preso pelo regime comunista e sentenciado à morte pelos seus esforços constantes para preservar e manter a vida judaica tradicional por trás da Cortina de Ferro. Em 3 de Tamuz sua sentença foi comutada e ele foi condenado a dez anos de trabalho na Sibéria, e então a um exílio de três anos em Kostroma, uma cidade no interior da Rússia. Então, dez dias depois, em 12 de Tamuz, ele foi informado de que estava fora do exílio (e no dia seguinte recebeu seus papéis de liberdade), novamente um homem livre (ou tão livre como alguém poderia ser na Rússia Soviética).

Foi neste estilo que o Rebe em numerosas ocasiões abordou a conexão e a similaridade entre o milagre do sol parando e a sentença comutada de seu antecessor.

Numa carta escrita para o primeiro aniversário de sua libertação, Rabi Yosef Yitzchak declara: “Não apenas D'us redimiu a mim neste dia… mas também todos que vivem pelo nome ‘Israel’. Rabi Yosef Yitzchak tinha enfrentado o poderoso Partido e tinha prevalecido.

O Rebe declarou que embora a comunidade Chabad celebre a liberdade de seu antecessor em 12 de Tamuz, na verdade sob vários aspectos há mais motivo para celebrar em 3 de Tamuz que em 12 e 13. Afinal, sua libertação em 12 e 13 de Tamuz foi uma libertação do exílio, e o contraste entre exílio e libertação não pode se comparar com o contraste entre prisão e liberdade, e certamente não entre vida e morte!

O Rebe explicou que o motivo para adiar a celebração é porque no caso de um líder espiritual e pastor de Israel, seu inteiro propósito na terra é promover o bem estar de seus contemporâneos e guiá-los. (Seus assuntos “privados” são incomparavelmente menos importantes para ele.) Portanto, ele não instituiu o 3 de Tamuz como um dia de celebração, pois embora fosse o início da sua liberdade, ele ainda estava no exílio, restrito no cumprimento do objetivo de sua vida de liderar e guiar o rebanho enquanto estava preso. Foi somente em 12 de Tamuz, quando ele mais uma vez pôde guiar seu rebanho e cumprir seu objetivo que esta milagrosa liberdade é celebrada!